Bolsonaro e Congresso: hora de discutir a relação
Sucessão na Câmara e Senado entra no radar de riscos para a governabilidade
Após a retomada do fluxo natural de liberação de emendas, a relação de Jair Bolsonaro com os congressistas terminou 2019 em fase de ‘lua de mel’.
Levantamento do JOTA com parlamentares indica que a avaliação que eles próprios fazem do relacionamento do Planalto com o Congresso Nacional mudou expressivamente entre março e dezembro.
Na largada do ano legislativo, o percentual dos que atribuíam nota de 0 a 4 (abaixo da média, portanto) à interlocução com o Executivo somava 64%. No último mês do ano, o índice caiu para 26,5%. Em outras palavras, os parlamentares que consideram a relação com Bolsonaro “acima da média” é de mais de 70%.
Ou seja: com ligeira margem além dos dois terços, que formam maioria qualificada — patamar mínimo para alterações constitucionais.
Levando-se em consideração que o início de mandato exige manobras sensíveis de composição de base congressual e que as turbulências no comando da articulação política do governo deixam sequelas, o saldo é satisfatório para Bolsonaro.
A percepção mais amistosa está associada a fatores, que, somados, produziram um caldo favorável à imagem do presidente na Câmara e no Senado. Entre eles destacam-se a troca na Secretaria de Governo, que permitiu a ocupação de cargos regionais nos ministérios, e a suavização dos ataques bolsonaristas ao Congresso, em especial da militância digital, que centrou fogo no Supremo Tribunal Federal no segundo semestre.
Eleito com a promessa de quebrar os paradigmas da “velha política” e reinventar o presidencialismo de coalizão, Bolsonaro precisou de um esforço de catequese no seu entorno para reduzir a resistência de aliados e apoiadores ao establishment.
Empenhou-se na tentativa de demonstrar conotação republicana às emendas parlamentares, procurando enfatizar que o mecanismo representa a priorização de investimento de recursos públicos para áreas essenciais, como saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Tratou de relativizar “desaparelhamento” de ministérios, sobretudo quando flexibilizou as regras para o preenchimento de vagas na máquina pública para atender as demandas das bases eleitorais dos congressistas.
Para usar metáforas onipresentes no glossário presidencial, ainda é cedo para prever se o ‘casamento’ Bolsonaro-Congresso seguirá, entre crises, tapas e beijos, com bons auspícios para 2020.
Leia análise completa de Fábio Zambeli no JOTA.info
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