Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
4 de Maio de 2024

Conscientização do autismo chega aos tribunais

há 2 anos

Por Fabricio Posocco*

A Organização Mundial da Saúde (OMS), no início do ano, atualizou a Classificação Internacional de Doenças (CID-11) e modificou o código do autismo. Para quem não conhece, a CID serve como base para identificar tendências e estatísticas de saúde em todo o mundo. Ela contém cerca de 17 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte. É usada por programas nacionais de saúde e seguradoras de saúde para oferecer tratamento e reembolso.

Na CID-10, o código F84 reunia transtornos globais do desenvolvimento e incluía diagnósticos de autismo infantil, autismo atípico, Síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância, transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados, Síndrome de Asperger e transtornos globais não especificados do desenvolvimento.

Agora na CID-11, todos os diagnósticos da F84 foram unificados e fazem parte do código “06 Transtornos mentais, comportamentais e do neurodesenvolvimento”. Sendo considerados distúrbios do neurodesenvolvimento:

• 6A00 Distúrbios do desenvolvimento intelectual

• 6A01 Distúrbios do desenvolvimento da fala ou da linguagem

• 6A02 Transtorno do espectro do autismo (TEA)

• 6A03 Transtorno de aprendizagem do desenvolvimento

• 6A04 Transtorno do desenvolvimento da coordenação motora

• 6A05 Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

• 6A06 Distúrbio de movimento estereotipado

• 6A0Y Outros transtornos especificados do neurodesenvolvimento

Desta forma, a OMS clarifica que quem tem TEA precisa de tratamento multidisciplinar e personalizado, pois nenhuma pessoa com autismo é igual a outra.

No Brasil, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que beneficiários de planos de saúde portadores do transtorno do espectro autista têm direito a sessões ilimitadas de psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia.

Mesmo não incluindo a Análise Aplicada do Comportamento (ABA) no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, a ANS destaca que, caso a operadora possua, em sua rede credenciada, profissional habilitado nesta técnica, a terapia pode ser empregada no atendimento ao beneficiário, durante a realização dos procedimentos cobertos. Por isso, quando há negativa, o segurado recorre à Justiça.

Em uma decisão recente, para uma criança com transtorno do espectro autista, o juiz José Wilson Gonçalves, da 5ª Vara Cível de Santos, esclareceu que enquanto o STJ (Superior Tribunal Federal) não fixar a tese vinculante, o entendimento é de que o plano de saúde é obrigado a fornecer o tratamento pelo método ABA.

Essa sensibilidade do Poder Judiciário tem ajudado pessoas com TEA a desenvolverem habilidades que a tornem mais independentes e capazes de superar suas dificuldades de comunicação, de comportamento e de interação social.

*Fabricio Posocco é professor universitário e advogado no Posocco & Advogados Associados ( www.posocco.com.br)

  • Publicações439
  • Seguidores255
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações90
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/conscientizacao-do-autismo-chega-aos-tribunais/1514237502

Informações relacionadas

Dra Jennifer Paim, Advogado
Notíciashá 2 anos

Autismo dá direito a benefício do INSS?

Daniela Cabral Coelho, Advogado
Notíciashá 10 meses

Aeroportos brasileiros implementam salas multissensoriais para atender passageiros autistas

Petição Inicial - TJSP - Ação Mandado de Segurança com Pedido de Liminar - Mandado de Segurança Infância e Juventude Cível

Superior Tribunal de Justiça STJ - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL: AREsp XXXXX DF XXXX/XXXXX-5

Autismo

1 Comentário

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

Excelente artigo! Tenho um neto autista e esse entendimento a respeito da nova CID para identificar o TEA, vai ajudar muito nos recursos para o atendimento médico de Planos de Saúde e Auxilios da Previdência Social para muitos que necessitam. Muito bom 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼 continuar lendo