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1 de Maio de 2024

Diarista é impedida de assumir cargo público por ser considerada obesa

Mulher passou em concurso, mas foi impedida de assumir cargo. Prefeitura de Buritama (SP) informou que pediu explicações para o médico

Publicado por Ylena Luna
há 10 anos

Diarista impedida de assumir cargo pblico por ser considerada obesa

Uma diarista de Buritama (SP), aprovada em concurso público feito em 2013 para a vaga de agente de serviços gerais em uma creche, foi impedida de assumir o cargo na semana passada por ser considerada acima do peso, após passar por exame médico. Josiani Alves Nicolete, de 35 anos, pesa 125 kg e tem 1,62 m de altura. Ela foi informada pelo médico de uma empresa contratada pelo município que tem obesidade mórbida e, por isso, não seria admitida.

O médico que fez o laudo foi procurado pela reportagem da TV TEM, mas a clínica estava fechada. A prefeitura de Buritama informou que pediu explicações para o médico sobre o motivo de a candidata ter sido reprovada no exame admissional e que o caso vai ser analisado.

A diarista conta que pagou R$ 30 pela inscrição para mais de 250 vagas em vários setores da prefeitura. Quando fez a inscrição, nenhuma exigência de peso foi alertada. Ela passou para o cargo que prestou e aguardava ser chamada.

Após a nomeação, no último dia 4, pediu demissões nas residências onde prestava serviço e, dois dias depois, foi submetida a um exame médico onde ouviu do profissional que era gorda demais e não tinha condições de trabalhar na prefeitura. "Ele viu que era o pedido da prefeitura e disse que não iria me passar porque eu estava muito gorda", afirma.

Trabalhando quase todos os dias com limpeza, o salário que ela ganha mensalmente é quase o mesmo que receberia na prefeitura – cerca de R$ 900 – mas com a segurança de um trabalho fixo. "Na hora que saiu o concurso não tinha o perfil para o cargo, era uma taxa de R$ 30 e eu paguei, fiz a prova, fui convocada e o médico me impediu de trabalhar”, diz.

Josiane trabalha em loja de produtos agropecuários, onde ela faz limpeza do local. O chefe garante que nunca teve problemas com a funcionária. Para o engenheiro agrônomo Jan Marcel dos Santos, Josiani está sendo vítima de preconceito. “Ela nunca faltou, fez o serviço dela, nunca teve problema nenhum de saúde ou físico”, diz.

Outro caso

Diarista impedida de assumir cargo pblico por ser considerada obesa

Em março do ano passado, a professora de sociologia Bruna Giorjiani de Arruda, de 28 anos, moradora de São José do Rio Preto(SP), foi impedida de lecionar no Estado de São Paulo após ser considerada obesa mórbida por um perito.

Quando estava inapta para assumir o cargo, Bruna pesava 110 quilos e media 1,65m, números que ela passou na primeira perícia, sem ser pesada ou medida pelo médico. Quando os exames chegaram à capital, o perito a considerou inapta, já que o IMC (Índice de Massa Corporal) era de 40,4, que é considerado como obesidade mórbida pela OMS (Organização Mundial da Saúde), cujo limite é de 40.

Depois de pedir novas perícias para o Estado e emagrecer seis quilos, Bruna conseguiu a aprovação. Nesta última perícia em São Paulo, ela foi realmente medida com 1,62 de altura e 104 quilos, com IMC 39.

Na época, o Departamento de Perícias Médicas do Estado de São Paulo (DPME), se defendeu dizendo que “o exame tem o objetivo de avaliar não apenas a capacidade laboral no momento da perícia, mas sim fazer um prognóstico de sua vida funcional, de forma a ingressar numa carreira que dura, em média, 30 anos”. Ainda segundo a nota enviada, a obesidade, por si só, não é considerada fator impeditivo para o ingresso na carreira pública. Já no caso da obesidade mórbida (classificação OMS), faz-se necessária uma avaliação mais detalhada por causa de doenças oportunistas.

Bruna assumiu o cargo de professora na escola Genaro Domarco, em Mirassol (SP)."Desde quando fui considerada inapta, batalhei para assumir o meu cargo e consegui. Apesar de achar que não deveria fazer isso, não emagreci para conseguir o emprego, fiz isso por mim. Vou continuar lutando pelas professoras que ainda sofrem com este problema", afirmou a professora, na época.


Fonte: http://g1.globo.com

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14 Comentários

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Sou doutora em Ciências, fiz o mestrado e o doutorado com bolsa da Capes, trabalhei tres anos no IBAMA com contrato (depois de concurso público), mas fui impedida de trabalhar na secretaria do Meio Ambiente de SP, depois de ter sido aprovada no concurso e ter sido chamada na primeira lista. O cargo era de analista ambiental, para trabalhar com sensoriamento remoto e não tinha no edital nenhuma obeservação a respeito de quesitos de saúde. Ao fazer a perícia médica fui considerada inapta por conta do peso. Deveria ter dito pro médico que me "avaliou", que é claro que tinha que ser obesa já que meu peso é diretamente proportcional ao meu QI!
Depois de 3 anos de mandato de segurança, perdi a ação, tendo ainda que ler da parte do juiz que uma pessoa como eu não poderia ser "normal". Sinceramente, a única coisa que eu gostaria é que todos esses profissionais que me impediram de assumir um cargo para o qual eu estava capacitada, tivessem que fazer uma avaliação médica e caso não fossem "aprovados" perdessem seus cargos ...afinal ter excelente saúde pelo visto é condição sine qua non para se poder trabalhar no estado ...não é ????
Observação.... faço check ups anuais e não tenho nenhum problema de saúde que possa ser considerado fora da normalidade para minha faixa etária !! continuar lendo

Processa o juiz também. Ele não está acima da lei e o que disse é tremendamente ofensivo, ou será que um juiz pode falar o que quiser ao requerido ou réu? continuar lendo

entre com o recurso para a próxima instância, juiz não é o dono da verdade!!! busque por seus direitos... e se não conseguir prossiga p/ a próxima, assim q vc ganhar no STF, tenha um boa grana por danos morais... só assim vai mudar a legislação, quem sabe criar uma súmula.
boa sorte! continuar lendo

Imagine ter que comprar produtos diet e ligth, frutas e verduras sem ter o poder aquisitivo. As pessoas precisam de salário paras sobreviver ou será que estes médicos sobreviveriam sem os seus ricos salários? Onde está o bom senso destas criaturas? Acho que falta humanidade e isto é tudo que qualifica o profissional na área de saúde. continuar lendo

É só manter o déficit calórico, Adinoria. Não tem nada a ver com comprar produtos especiais. continuar lendo

Se não tinha nos requisitos do cargo, a contribuinte deve ajuizar ação de indenização.

Agora, os cargos públicos realmente devem ter requisitos na área de saúde a ser cumpridos. Um bombeiro não se faz um bom profissional sendo obeso, raquítico, ou com deficiências. Eu sou deficiente auditivo, logo, não posso ser policial, militar ou bombeiro.

Aceitar a deficiência como limitação é o primeiro passo, pois os contribuintes no final das contas é que arca com essa "caridade" da administração pública. continuar lendo

Amigo, me prove de onde você tirou que obesidade como deficiência, ela nasce ou adquire essa deficiência ?

O primeiro passo é parar de ter pensamentos assim iguais ao teu, capacidade psicomotoras para determinadas profissoes é completamente aceitável e imprecindivel.

Agora, quando na época tive a mesma indignação que agora, a professora fora impedida de dar aula pelo seu peso ocorre, o mesmo caso hoje, discriminação é crime, previstos pela OIT e pela CF, voce impedir alguem de trabalhar por um pre-conceito de que determinada caracteristica fisica não é adequada para o cargo e/ou função é inadmissivel. Pode se analisar qeu em nenhum momento o médico deu uma explicação fundamentada por que da sua incapacidade fisica que a impede da função, simplesmente é "gorda" e a prefeitura não quer pessoas assim. continuar lendo

"voce impedir alguem de trabalhar por um pre-conceito de que determinada caracteristica fisica não é adequada para o cargo e/ou função é inadmissivel. Pode se analisar qeu em nenhum momento o médico deu uma explicação fundamentada por que da sua incapacidade fisica que a impede da função, simplesmente é" gorda "e a prefeitura não quer pessoas assim."

Evidência concreta que você criticou sem ler o que falei. Vamos poupar o nosso tempo precioso? Releia o que falei.

"Agora, os cargos públicos realmente devem ter requisitos na área de saúde a ser cumpridos. Um bombeiro não se faz um bom profissional sendo obeso, raquítico, ou com deficiências. Eu sou deficiente auditivo, logo, não posso ser policial, militar ou bombeiro." continuar lendo

Joel Carvalho

Precisa ser médico sim, pra dizer se alguém vai ou não ter debilidade, pois se trata de uma oportunidade que está sendo cerceada.

O Estado não é uma empresa, o estado deve tutela e respeito ao soberano, o estado não pode se excluir da tutela de qualquer pessoa que seja.

Eu peso 140 Kg e tenho 1,8 metros, trabalho em centro de usinagem e desempenho meu trabalho como outro amigo qualquer que trabalha comigo, nunca tive problema de pressão alta (isso não é só problema de obeso), gota, cansaço, etc. Sou menos sedentário do que muito amigo meu magrinho, mas pelo ridículo índice de IMC eu seria um "obeso mórbido", mórbida a mente de quem usa esse índice pra cercear direitos previstos em lei. continuar lendo

Eis ai mais dois casos de discriminação por causa de peso. Conheço pessoas obesas que trabalham com melhor eficiência laboral e moral extremamente mais eficientes que os magrelas da vida.

Quem faz isso deveria ir pra cadeia. continuar lendo