Direito para quem pode pagar
Para associação, interessados devem tentar no Judiciário que planos de saúde cubram tratamento
Publicado por Ludmila Pizarro
Fila, A gerente comercial Letícia Pereira está agora na lista de espera para fazer uma FIV pelo SUS no Hospital das Clínicas, na capital
Há mais de três décadas, a medicina democratiza a maternidade através de técnicas que auxiliam casais inférteis a concretizarem o desejo de ter um filho. O grande problema, hoje, é ter dinheiro para ter acesso a essa tecnologia. Uma fertilização in vitro (FIV) custa em torno de R$ 20 mil na região metropolitana de Belo Horizonte, os planos de saúde não têm obrigação de cobrir o procedimento e, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), existem apenas nove centros de reprodução assistida para atender toda a população do país. “Já fiz duas fertilizações que não funcionaram. Cada uma custou R$ 15 mil”, explica Letícia Pereira, 26, gerente comercial, que tenta engravidar desde os 18 anos.
Letícia desistiu de solicitar o direito na Justiça em função disso. “Procurei uma advogada, mas ela me disse dessa norma da ANS e que existia o risco de não conseguir. Os custos poderiam chegar a R$ 5.000. Por isso, prefiro juntar mais um pouco e pagar por mais uma tentativa particular”, diz.
Já Nelson Antunes Jr., presidente da Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva (Sogesp) e um dos idealizadores do Projeto “Tratamento de Infertilidade para Todos”, afirma que a lei deveria ser cumprida com os planos cobrindo o tratamento completo. “A lei fala em planejamento familiar para quem não quer e para quem quer ter um filho. A ANS diz que seguiu a sua interpretação da lei, mas o que ela fez foi recortar o entendimento de planejamento familiar de acordo com os interesses dos planos de saúde. Por isso, aconselhamos o caminho da judicialização na busca pelo direito de ter o procedimento coberto”, afirma Antunes.
Espera. Hoje, Letícia está na lista de espera para fazer uma FIV pelo SUS no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte. “Estou na fila há um ano e eles me disseram que a demora é de cerca de três anos. Espero, portanto, que eu tenha que esperar só mais dois”, diz ela, que aguardou quatro anos apenas para entrar na lista e obter o direito de esperar por mais, pelo menos, três.
Agência
Alguns. A ANS informou que os planos de saúde devem cobrir a realização de procedimentos para diagnosticar e tratar a infertilidade como exames hormonais, histeroscopia e laparoscopia.
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/direito-para-quem-pode-pagar-1.934692
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Sem querer parecer insensível: A cada dia que passa leva-nos a refletir sobre o egoismo da reprodução (paternidade e/ou maternidade) em um mundo cada vez mais caótico e desestruturado. continuar lendo