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3 de Maio de 2024

É intolerante? Tá fora! Sites jornalísticos eliminam espaço para comentários

Uma boa ideia. Ora, se muitos internautas só sabem espalhar ódio e contendas, que sejam banidos os espaços para seus comentários! Xô, 'trolls'!

Publicado por Fátima Burégio
há 8 anos

A internet deveria facilitar os intercâmbios entre o leitor e os meios de comunicação. No entanto, os frequentes comentários recheados de violência e ódio estão levando a imprensa a eliminar os espaços de debate na internet até que seja encontrada uma solução.

Em outubro, o portal Vice deixou de postar os comentários de seu internautas, destacando que "a natureza incendiária das seções de comentários só asfixia as conversas verdadeiras".

Em seu lugar, começou a incentivar o envio de cartas ao editor, que são examinadas pela equipe.

Por sua vez, o site de notícias The Verge explicou, em julho, que suspenderia os comentários "por um curto período porque o tom estava se tornando muito agressivo e negativo".

Estes não são casos isolados: Chicago Sun Times, The Daily Beast, o site Re/Code e a Popular Science, entre outros meios de comunicação americanos, também decidiram suspender os comentários.

E o problema não acontece apenas nos Estados Unidos. Esta questão forçou, por exemplo, a maior mídia sul-africana online, 24. Com, a excluir a seção de comentários, o que foi acompanhado pelo Independent Online.

"As redações realmente estão lutando com isso", afirmou à AFP Jennifer Stromer-Galley, professora de estudos da informação na Universidade de Syracuse no estado de Nova York.

"Apesar de a mídia gostar da ideia dos comentários, porque incentiva os leitores a participar, o lado negativo é que isso também afasta as pessoas que não gostam de tanto veneno e violência".

"A preocupação é que, ao invés de reforçar a comunicação, perdemos leitores", acrescentou.

Para Arthur Santana, professor da Universidade de Houston (Texas) e que dirige um estudo sobre este tema, as redações temem virar um lugar de linchamento público e tentam reagir diante do "recrudescimento das descortesias e dos ataques 'ad hominem'".

Facebook e softwares

Alguns buscam inspiração em outros modelos na internet para tentar controlar os "trolls", como são conhecidas as pessoas que postam sistematicamente comentários grosseiros.

A ferramenta do Facebook que verifica a identidade dos usuários que comentam em sua rede social e requer o uso de nomes reais é considerada pelos grupos de imprensa uma solução viável.

Um estudo da Universidade de Kent, realizado em 2013, demonstrou que, ao tornar seus usuários responsáveis com sua identidade revelada, o Facebook conseguiu que "fosse menos provável que se envolvessem em discussões desrespeitosas".

No entanto, quando o Huffington Post acabou com os comentários anônimos e utilizou a ferramenta do Facebook, enfrentou a fúria dos internautas.

"Com a criação de obstáculos à livre publicação, perde-se muitos comentaristas", explica David Wolfgang, pesquisador de jornalismo da Universidade do Missouri.

Os meios de comunicação maiores empregam geralmente equipes de moderadores, encarregados de evitar qualquer excesso nos debates. Mas isso nem sempre é suficiente e, na falta de orçamento, nem todos os sites podem se permitir a esses artifícios.

Então recorrem à tecnologia, principalmente a softwares que prometem fazer o trabalho automático para assegurar um debate sem violência ou ódio.

The Washington Post e The New York Times participam, por exemplo, de um projeto lançado pela Fundação Knight, que busca criar um software adaptado aos sites de notícias.

O diretor de projetos digitais para o Washington Post, Greg Barber, considera que a "civilidade é um desafio para todos".

Ele explicou que os jornais recebem oito milhões de comentários por ano e devem lutar para manter um tom positivo usando seus próprios moderadores.

"Quando os usuários veem pessoas que estão jogando pedras, o mais provável é que peguem uma pedra e joguem também", exemplificou.

"Em compensação, se leem uma discussão razoável, vão querer contribuir de uma maneira razoável".

Os criadores do projeto "Coral" estão em contato com a mídia de 25 países interessados por este software, cujas versões de teste deverão estar disponíveis a partir de janeiro de 2016, indicou Barber.

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/e-intolerante-ta-fora-sites-jornalisticos-eliminam-espaco-para-comentarios/254212584

39 Comentários

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Não me parece que apenas a presença de "trolls" ou a intolerância tenha motivado muitos sites a remover o espaço de comentários.
Há também o interesse de evitar o contraditório. Há o interesse de, sob a máscara da tolerância, continuar a propagar mentiras.
Por exemplo, até pouco tempo atrás se difundia, sem discussão, a falsa informação de que crimes praticados por menores seriam apenas 1% do total. Esta mentira constava, inclusive, do site do Ministério da Justiça. Haver espaço para comentários em diversos sites possibilitou a um maior número de pessoas tomar conhecimento de que se tratava de uma mentira, ainda que divulgada com caráter oficial.
Assim, o interesse em se acabar com espaços de comentários muitas vezes tem por objetivo manter incólume - pelo menos naquele veículo - uma mentira que seja divulgada por interesses escusos.
O que é pior, que tenhamos que nos deparar com manifestações intolerantes que podemos ignorar ou apenas ter contato com versões muitas vezes mentirosas da realidade?
Sou contra a censura, e portanto não vejo com bons olhos a tentativa de se impedir o contraditório.
Cabe principalmente a quem lê, quando se depara com mais do que uma versão da realidade, pesquisar para tentar chegar à real. Quando se busca eliminar o contraditório para manter a versão "oficial", a versão da inflação baixa (como na Argentina ou na Venezuela) ou a versão das "palestras" (como no Brasil), quem perde é a democracia. continuar lendo

Quer um bom exemplo do que acabou de dizer?

A maior parte das empresas de comunicação estão nas mãos de famílias de políticos. Assim eles não tolerariam opiniões contrárias aos seus interesses.

Vide: Collor e Gazeta de Alagoas ... alguém acha que terá espaço para criticar Collor lá? continuar lendo

Concordo, mas acho que a identificação deve ser obrigatória, mesmo que iniba algumas verdades serem ditas po medo de reprsálias. Digo isso por que é impossível discutir em alto nível com um exército de anônimos, mesmo que alguns se salvem eventualmente. continuar lendo

O site é um espaço privado, não vejo porque isto é uma censura ou interdição do contraditório continuar lendo

Eduardo, você se posicionou de maneira contrária à minha, estabelecendo contraditório. Poderia tê-lo feito se não tivesse a chance de se pronunciar? Me parece claro que não. Só houve contraditório porque você pôde se manifestar.
Definição de censura:
"análise, feita por censor, de trabalhos artísticos, informativos etc., ger. com base em critérios morais ou políticos, para julgar a conveniência de sua liberação à exibição pública, publicação ou divulgação."

Podemos discutir a legitimidade de determinado site - privado - dar sua versão da história e impedir o contraditório. Eu acho que é legítimo. Mas não há contraditório. Assim, as pessoas podem escolher se querem ou não acessar determinado site tendo conhecimento de que ele representa apenas a versão de fulano ou sicrano, e além disso não quer ser contraditado.
Eu procuro ler a manifestação de pensamento de mais de uma corrente ideológica para, por fim, formar minha opinião. Posso discordar inteiramente de alguém mas prefiro saber o que ele pensa. Nesse contexto percebi que algumas fontes - Carta Capital, Sakamoto - têm retirado espaços para comentários em um momento em que muito do que defendiam deixou de ser pedra para ser vidraça.
Mas veja, acho que é legítimo, eles têm todo o direito de fazê-lo. Só não acho que seja das formas mais democráticas de discussão. continuar lendo

Concordo.

Um exemplo que tenho em mente foi o caso Sean Goldman em que a imprensa claramente se posicionou a favor da família dos sequestradores do menor, retirado ilegalmente dos EUA para o Brasil desrespeitando legislações dos dois países e tratado internacional dos quais os dois países são signatários (agravando-se o caso após a morte da sequestradora, ao se negar a devolução da criança ao pai mesmo depois da mãe e sequestradora ter morrido).

Naquela época O Globo (pelo menos este) bloqueou os comentários especificamente para as matérias sobre o caso. continuar lendo

Isso é tão atual continuar lendo

As agressões, a intolerância, a falta de respeito e as demais características negativas que se desdobram nos comentários vem principalmente do anonimato e da certeza da impunidade.
O mundo é cheio pessoas valentes quando estão bem guardadas e se sentem protegidas e aí, descarregam seu fel, seu ódio ou até mesmo suas inseguranças e medos, em comentários absolutamente desprovidos de qualquer conteúdo aproveitável.
Até em veículos como este, onde se sente o melhor nível cultural dos participantes, principalmente por estarem todos envolvidos em temas de interesse nacional, respostas intolerantes e ríspidas dão lugar à velha e desejada educação, por vezes esquecida.
Mas toda laranja tem seu dia de limão, e quem tiver maior capacidade, que a use no perdão. continuar lendo

O Jusbrasil tem uma "fauna" de comentaristas anônimos raivosos bastante prospera diga-se de passagem, especialmente em postagens que envolvem qualquer tipo de política governamental. Diria inclusive que boa parte dos "comentaristas" do JusBrasil sequer são ligados ao direito para falar a verdade. continuar lendo

Entendo que o espaço esteja aberto a todos, Bruno.
Sempre é interessante se ver uma mesma questão por óticas diferentes, porque é uma prática que tende a ampliar os horizontes dessa mesma visão, mas a intolerância existe e vamos continuar, apesar dela. continuar lendo

Óticas diferentes ampliam horizonte quando não são discussões vazias, virulentas e sem embasamento técnico nenhum como frequentemente está acontecendo aqui. Acho que pessoas que sequer são ligadas a mundo jurídico não deveriam estar aqui para começo de conversa da mesma forma que eu como Advogado não vou entrar em um site de medicina para discutir (e muitas vezes querer impor como acontece aqui) com médicos e assim impor uma "verdade" de uma área que sequer domino. continuar lendo

Você se diz advogado, Roberto, e fala que não entraria em um site de medicina para discutir. Pois, sou psicólogo e reconheço que nem eu e nenhum psicólogo sabem tudo sobre psicologia. E mesmo alguém que não é psicólogo pode conhecer sobre algo da Psicologia que não conheço. Como advogados que desconhecem a lei sobre a maioridade sexual no Brasil, e me dizem que fazer sexo com adolescente de 16 anos é pedofilia.

Mas, é claro que quem quer manipular os outros não quer ninguém de "fora" da panelinha envolvido. Quanto menor o grupo mais fácil de manipular. Faz assim, cria um grupo só teu e só pode conversar quem for advogado. Aqui é aberto, é o que o site escolheu, e eu concordo.

O Direito é algo criado para o povo e pelo povo. Se este país tivesse mais cultura intelectual o povo seria mais participativo nas leis. Interessante você dizer que somente advogados devem falar sobre as leis de um país. Bem autoritário esse teu pensamento. continuar lendo

Acho que vc trocou os personagens, Diego.
Nunca me disse advogado, pois não sou. continuar lendo

Logo logo o JusBrasil terá que suspender os comentários, porque eu já li cada uma por aqui... continuar lendo

É algo paradoxal: de uma lado pessoas intolerantes manifestam suas ideias escondidos por trás de perfis falsos de internet. Por outro lado o Estado Democrático de Direito garante a possibilidade de expressão, mesmo que essas ideias oponham-se ao "politicamente correto" vigente. Fiquei abismado quando soube que ainda existiam grupos neonazistas na Alemanha, e que o mesmo, por pouco não ganhou uma cadeira no congresso ao longo da década de 90. Fica evidente que torná-lo um grupo ilegal não o torna inativo. Achei interessante a estratégia do governo alemão de Angela Merkel para enfraquecer o grupo: desconstruir e desmistificar seu fundamento ideológico. Isso fez cair por terra o interesse do povo nesse partido (já que o mesmo não possui propostas inteligíveis e pragmáticas).
A "paixão" por defender ideias faz com que tais pessoas permaneçam defendendo estas ideias, não a razão. É preciso que de maneira racional se evidencie que essas ideias "trolls" são totalmente descabidas e descontextualizadas. Para combatê-las precisamos sair da seara da "paixão" e partirmos para a desconstrução dos conceitos equivocados, seja em nossa comunidade, meios sociais ou nos meios políticos.
A indignação com algumas palavras ditas por intolerantes nos fazem levarmos as agressões verbais para o campo pessoal (ainda mais quando estamos no grupo atingido diretamente). É aí que ficamos no limiar da perda da razão e nossas argumentações se enfraquecem. Racionalizar e discutir ideias de maneira madura e tolerante evitará que discursos radicais ganhem força. Desmistificar ideias e preconceitos passa a ser a melhor alternativa para desconstruirmos ideologias intolerantes e construirmos uma sociedade permanentemente vigilante. continuar lendo

Isso mesmo. Fica bem claro para mim que essa desativação dos comentários é apenas para impedir a população de se comunicar entre si quanto ao conteúdo da notícia, e assim ser mais fácil de manipular o povo. continuar lendo