Estudantes do Sul são os que mais consomem drogas no país
De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os estudantes do ensino fundamental e médio do Sul do país são campeões no consumo de drogas. Entre 65,8% e 71,6% dos alunos da região já ingeriram álcool, contra 60,5% da média nacional. O Sul também lidera no uso da maconha, com 12,9% dos estudantes, sendo que Florianópolis é a capital que apresenta o maior consumo.
A pesquisa foi realizada em 2010, em 27 capitais, incluída Brasília, e foram entrevistados 50 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio, da rede pública e privada. A pesquisa também detectou que o batismo com drogas acontece cada vez mais cedo. Entre as crianças de 10 a 12 anos, 10,4% já experimentaram alguma droga. Entre 13 e 15 anos, 22,5% e de 16 a 18 anos o percentual atinge 42,8%.
O Cebrid constatou que os meninos geralmente utilizam cocaína, solvente, maconha e esteróides, enquanto as meninas consomem medicamentos. Todavia, se comparados com dados de 2004, diminuiu o consumo de álcool, tabaco, solventes e anfetaminas, mas aumentou o uso de ansiolíticos e cocaína.
Para o pesquisador Aurélio de Souza, da Unifesp, que apresentou a pesquisa, apesar dos números causarem forte impressão, em relação os países da Europa e Estados Unidos, o consumo de drogas no Brasil ainda é baixo. Para Souza, a prevenção realista, sem preconceitos, atualizada e bem fundamentada é o melhor caminho para evitar problemas com uso indevido de drogas.
Fatores de risco
Durante a apresentação da pesquisa, Souza realizou uma dinâmica de grupo com os participantes do seminário Drogas Por Quê - Desafios para a educação. Os professores, assistentes sociais, psicólogos, agentes de saúde e membros de comunidades terapêuticas oriundos da Grande Florianópolis identificaram os maiores fatores de risco e propuseram ações para minimizá-los.
Pela ordem, os fatores que apresentam maior risco de deflagrar o consumo nas crianças e adolescentes são: desestrutura familiar, falta de diálogo, exclusão social, falta de afeto, curiosidade, vulnerabilidade, instabilidade emocional e más companhias.
Para enfrentar o problema da desestruturação familiar foi sugerida a criação de uma equipe multiprofissional, vinculada à escola, para atuar diretamente com a família do usuário. De acordo com o grupo que debateu a desestruturação familiar, a família é a maior dificuldade que a escola enfrenta hoje, uma vez que a raiz dos problemas do aluno usuário está na família.
Para enfrentar os outros fatores de risco, foram sugeridas gincanas, jogos, reformulação do projeto político pedagógico (PPP), a criação de dias do abraço, ocupação do tempo livre das crianças e adolescentes, capacitação dos professores, a divulgação os exemplos positivos e uma atuação da escola em parceria com os conselhos de segurança (Consegs), monitores do Proerd, agentes de saúde, psicólogos e assistentes sociais.
O seminário Drogas Por Quê - Desafios para a educação é uma iniciativa da Fundação Milton Campos, vinculada ao Partido Progressista (PP), e foi realizado nas cidades de Araranguá, Itajaí, Chapecó e Florianópolis. Depois dos catarinenses será a vez dos gaúchos debaterem o assunto. (Vitor Santos)
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