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5 de Maio de 2024

“Não pense. Só trabalhe”. Slogan digno de um governo que não valoriza a cultura

há 8 anos

Por Alexandro Cruz*

Com menos de um mês de mandato, o governo interino de Michel Temer já demonstrou a que veio, por meio de ações que estão indo contra às políticas públicas de apoio social, tendo como foco a “danificação” das classes menos privilegiadas do país. Entre as medidas tomadas, uma que tem gerado muitos protestos foi a extinção do Ministério da Cultura (MinC), uma pasta que como alguns pensam, serve unicamente para bancar projetos e artistas favoráveis ao governo. O governo fez com que o ministério se transformasse em uma secretaria, ou melhor um apêndice, do Ministério da Educação, tornando-a amplamente dependente na tomada de decisões.

Em primeiro lugar, o Ministério da Educação já tem enormes problemas para serem resolvidos. Com a inclusão da Cultura, é quase notório que as atenções para esse setor deixem de ser importantes. Isso porque a educação por si só necessita constantemente inovar, ampliar e oferecer serviços de qualidade para a sociedade, o que torna um dos principais desafios aos governantes. Ou seja, com essa junção, a cultura ficará para segundo plano, já que a equipe de Temer já demonstrou o desinteresse e menosprezo sobre a pauta.

Outra teoria que precisa ser desmistificada está relacionada a importância econômica que a área cultural tem para uma nação. Muitas pessoas alegam que o Brasil passa por um momento econômico e político difícil, e por isso não é a hora de pensar em cultura, porque o brasileiro precisa colocar comida na mesa da sua família e não gastar dinheiro com eventos culturais. Errado! A cultura, ou como também é chamada de Indústria Criativa, é um importante alicerce para a economia de um país, porque ela gera renda, direta e indiretamente, não só para o próprio setor, como também para outras áreas, como turismo, transporte, mercado interno e externo. Ela é uma das ferramentas essenciais para a recuperação da economia em tempos de crise.

Para entender melhor, o setor da cultura, além de trazer conhecimento e contato direto com o mundo, também é uma parte produtiva e que gera renda e muito, mas muito emprego no país. Tanto que a indústria cultural ou do entretenimento emprega mais que o setor automobilístico, totalizando 56% a mais de postos de trabalhos. Outro dado é um diagnóstico de 2013, IBGE e MinC, mostrando que o Brasil conta com 400 mil empresas voltadas à produção cultural, o que representa cerca de 7,8% do total no País. Esse número significa a geração de mais de 2 milhões de empregos formais, o que é equivalente a 5,2% dos postos de trabalho.

Mesmo com essa mostras, infelizmente o setor ainda não é visto como geração de renda e sim como despesas. Quem acha que o governo gasta demais com a cultura, precisa saber que o orçamento do Ministério da Cultura está entre os últimos da União, e isso que ele quase não dá para o próprio custeio, mesmo tendo a prova de que a cada real investido na indústria criativa, de 5 a 7 retornam para o Estado na forma de impostos. Sem contar, ainda, que o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria criativa brasileira chegou a R$ 126 bilhões no fim de 2013, equivalente a 2,6% do total produzido no país naquele ano. Ainda não houve divulgações recentes, mas especialistas creem que a área representará até 5% do PÌB nacional. Em resumo, é preciso mudar o pensamento e entender que a cultura é investimentos e nãos custos para uma nação.

Criado em 1985 pelo então presidente da república José Sarney, representante do mesmo partido de Temer que a está extinguindo, o Ministério da Cultura tem em seu curto histórico de vida importantes resultados como o aumento no acesso à cultura de nossa sociedade, além de um apoiador econômico e social constante para o Brasil. Uma pasta que teve importantes gestores como Gilberto Gil, que conseguiu ampliar ainda mais projetos culturais para os cidadãos, é triste vê-la ser desqualificada por um governo que não acredita na cultura como fonte de renda e desenvolvimento.

O slogan lançado por esse governo interino foi “Não pense em crise, trabalhe”. No entanto, com essas ações e a sua má vontade com o que temos de mais valioso no país, que é a nossa cultura, a frase que mais representa Temer e seus representantes é: “Não pense. Só trabalhe”.

*É jornalista e voluntário da Central de Mídia da Frente Brasil Popular

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Não é que a cultura não seja importante. É que ela não depende de nenhum ministério. Depende da iniciativa popular. O Governo deve ajudar com políticas apropriadas? Lógico que a resposta é um sonoro SIM. Mas em tempos de crise, não há como negar que deve-se sacrificar algumas coisas. Não estou falando de se sacrificar a cultura. Estou falando de se sacrificar o Ministério da Cultura, uma pasta altamente dispendiosa para o momento. Nada impede sua retomada em momento oportuno. Muita gente acha que a Cultura brasileira nasceu ontem, com a CF/88. Negativo. Ela sempre existiu. E vou falar da minha cidade, onde nasci, cresci e vivo até hoje: nós temos a festa folclórica de agosto, com os catopês, caboclinhos e marujadas. Movimenta muito dinheiro, como toda festa popular, como você bem disse no seu artigo. Mas essa festa existe desde sempre. Bem, modo de dizer. Existe só a 170 anos, contra mais de 200 anos de história da cidade. Portanto, existiu por quase 150 anos sem depender de Governo e poderá e irá sobreviver por outros 150 anos sem depender de Governo. Quando dizemos que não é absolutamente necessário um ministério da cultura, é disso que estamos falando. Não há motivos para distorcer as intenções e alegar que aqueles que apoiam a extinção do ministério estão negando a importância da cultura. continuar lendo

Christina, estamos de acordo mas parece que no seu caso você é a favor do estado minimalista, portanto um estado sujeito as ações do capital e um estado forte fomenta a cultura que como você mesmo reconhece é de base popular. Cabe só acrescentar que a cultura não é só isto, como exemplo posso citar hábitos alimentares que são culturais e logo a proteção aos alimentos deste hábito faz parte das ações de um Ministério quer seja para promover, quer seja para evitar a destruição. Sendo assim não cabe pensar que acabar com um Ministério da Cultura é alguma economia, não é sob o ponto de vista da matemática muito menos da preservação e fomento de cultura que gera renda. A ação é de uma ignorância brutal , em gestão e soberania. continuar lendo

Cara colega e xará! Eu te entendo, da mesma forma como você também entendeu meu ponto de vista. Eu sei que a cultura envolve os costumes de um povo, de um modo geral, onde se inclui a gastronomia, que também é um forte braço de qualquer movimento cultural. Eu acho o Ministério da Cultura muito importante sim. Mas acho que no momento pode-se passar sem ele, sem necessariamente sacrificar a cultura em amplo espectro. O povo brasileiro é muito desacostumado a fazer sacrifícios. Todo país hoje tido como de primeiro mundo teve seus momentos de forte recessão. O povo europeu chegou a passar fome na época das grandes guerras mundiais. Houve políticas que impediram até mesmo a fabricação de manteiga, dado o dito "esforço de guerra". Foi aí que inventaram a infeliz "margarina" (originalmente uma pasta à base de resíduos de petróleo). O que quero dizer é que em tempo de crise os sacrifícios são necessários e te garanto: o povo vai apreciar ainda mais tudo o que temos depois de experimentar um período de supressão. E um povo que sabe dar valor ao que tem (porque sabe como é o não ter), cresce, amadurece, aprende a valorizar o voto e todas as conquistas que deram duro para alcançar. O que eu acho é que está na hora do povo brasileiro parar de querer tudo e querer ao mesmo tempo e querer pra ontem, como uma criança mimada. Temos que aprender a construir nossa própria história, e não ficar esperando que o Governo cuide de tudo. Isso sim, gerará um ganho enorme à cultura deste país... Desde que saibamos pensar a longo prazo e não apenas no aqui e agora. continuar lendo