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17 de Maio de 2024

O massacre do Carandiru

Publicado por Hanna Macedo
há 8 anos

“O Massacre do Carandiru, como ficou conhecida a ação da Polícia Militar (PM) para controlar uma rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção, na Zona Norte de São Paulo, faz 24 anos neste domingo (2). Ao todo, 111 presos morreram naquele 2 de outubro de 1992 e, até o momento, apenas um do policiais acusados está preso. E por outro crime” (G1, Acesso em 03/10/2016)

O massacre do Carandiru

Só esse parágrafo já chocaria qualquer pessoa. No dia em que completou 24 anos, o massacre do Carandiru mereceu uma tímida reportagem no Fantástico. 24 anos se passaram e a Polícia Militar continua se envolvendo em escândalos, passando por cima da lei, fazendo a sua própria lei e alguém que está muito bem sentado em cima de privilégios dá as ordens aos policiais militares. Alguém muito mais poderoso que “pracinhas” se beneficia disso. Não entendia os jovens que pedem o fim da PM, porque eu entendo que a PM é, em regra, fundamental para a garantia da ordem pública.

Publiquei em uma rede social que reacender a discussão do Carandiru faz com que a gente compreenda, de alguma forma, a indignação daqueles que são hostilizados e marginalizados pela Polícia Militar. E claro, faz com que nos coloquemos no lugar daqueles que tiveram seus familiares mortos no massacre, com tiros nas costas e na cabeça

“Segundo o Ministério Público, 90,4% dos mortos foram alvejados por policiais na cabeça e no pescoço. A Promotoria diz que 86% dos mortos receberam três ou mais tiros. Nenhum policial morreu.” (BBC, Acesso em 05/10/16).

O meu comentário - pra variar - não foi muito bem recebido.

A ordem havia sido dada. A pressão política era gigante. Alguns podem ter matado em legítima defesa. Alguns mataram por esporte, como bem voltaram a fazer depois do massacre no presídio. Em 02 de outubro de 1992, 111 PESSOAS- não bandidos, só pessoas- foram mortas, ninguém foi responsabilizado por isso e o homem que condenou uma pessoa a 6 meses de cadeia por roubar salame preferiu resguardar o direito dos réus. Destes réus especificamente. Manter preso um homem que roubou 5 salames é risco para ordem pública, manter inquisidores, não. Sigo sem entender a lógica. Pode ser que daqui a uns anos eu entenda a posição do juiz que pediu pela absolvição, pode ser que um dia eu entenda a “cabeça” da 4ª câmara. Ou não. Garantismo relativo é mesmo um pesadelo.

A pessoa que me interpelou lá na rede chata disse que eu não podia equiparar um preso em flagrante a um “cidadão de bem”. O que diabos que é um cidadão de bem? Ainda disse que “não esperava um comentário desse meu sobre segurança pública”. Quando a polícia brinca de ser Deus, ela deixa de ser um meio de garantir a segurança pública e passa a ser um problema para segurança pública. Não estamos falando só do caso Carandiru. Quantos inocentes foram mortos ao longo desses 24 anos? O comentário, que rendeu 24 “subcomentários” foi apagado no dia seguinte.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que o exame inicial foi feito por peritos do Instituto de Criminalística. “Porém, o exame de confronto balístico não foi feito porque é necessário o agrupamento de centenas de armas e projéteis”, disse a assessoria da instituição, por e-mail. (EBC, Acesso em 05/10/16.)

A pergunta é complexa: Não é no mínimo estranho que um dos casos mais emblemáticos do Brasil não tenha merecido um confronto balístico? Vai ver que o objetivo desde o início era colocar todo mundo no colo seletivo da justiça: o Estado, os policiais inocentes e os policiais culpados. Quanto mais a gente pensa, o buraco é mais embaixo.

Se isso (VEJA, Acesso: 05/10/16) é legítima defesa, está liberado qualquer um fazer qualquer coisa em nome da sua própria segurança.

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