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28 de Maio de 2024

Precisamos falar sobre Bullying

Por Redação

há 9 anos

Notícia veiculada em: http://canalcienciascriminais.com.br/precisamos-falar-sobre-bullying/

A violência nas relações pessoais acaba, mais do que nunca, tomando proporções incontroláveis atualmente. Todos os dias nos deparamos com atos e cenas de violência presencial ou virtualmente, em jornais, telejornais e até mesmo por meio das redes sociais. A violência é tamanha nos dias de hoje que não mais se limita a um único campo, atingindo também o âmbito escolar. As escolas deixaram de ser um ambiente seguro, moldado pela disciplina e aprendizado, e se transformaram em espaços onde impera a violência, o sofrimento e o medo.

Crianças e adolescentes passam ser vítimas do chamado “bullying”, cujas consequências podem ser devastadoras, desencadeando verdadeiras tragédias como o “Massacre de Columbine” (1999) e mais recentemente, no Brasil, o “Massacre de Realengo”, ocorrido em 7 de abril de 2011, em que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos. O rapaz acabou sendo interceptado pelos policiais e cometeu suicídio após o ocorrido.

Apesar da importância do fenômeno, no Brasil infelizmente ainda não houve uma sensibilização ampla para a necessidade do desenvolvimento de iniciativas e políticas públicas específicas antibullying. Buscando contribuir com a discussão do tema no país, a Redação do Canal Ciências Criminais entrevistou dois especialistas: Cléo Fante, Doutora em Ciências da Educação e Neemias Moretti Prudente, Mestre e Especialista em Direito Penal, Processo Penal e Criminologia, que recentemente lançaram a obra “Bullying em Debate”, pela editora Paulinas.

Cléo Fante, considerada a maior especialista do tema no Brasil destacou que “o bullying enquanto violência é um fenômeno complexo e multifatorial, que requer para o seu enfrentamento ações interdisciplinares, transdisciplinares e intersetoriais, além do comprometimento individual, profissional, comunitário, governamental.” Trata-se, na ótica da professora, de um “fenômeno que se instala em nossas escolas e se reproduz de forma naturalizada, invisível e simbólica. É um sinalizador de que nas famílias, nas escolas e na sociedade, de um modo geral, as relações sociais entre os adultos devem ser reavaliadas, assim como os valores que estamos transmitindo às crianças e adolescentes. Estes se pautam em nossos exemplos e, sobretudo, na maneira como nos relacionamos e resolvemos os nossos conflitos. Portanto, os exemplos dos adultos são fundamentais para a origem e manutenção do bullying quanto para a sua erradicação.”

Fante ainda acrescentou: “Estudos demonstram que os altos índices de bullying encontram-se nas instituições onde o desrespeito e o autoritarismo dos adultos permeiam as relações sociais, onde não há diálogo e participação democrática da comunidade escolar, onde as regras não são claras ou não são cumpridas, onde os conflitos são resolvidos por meio de violência, onde há violação dos direitos de crianças e adolescentes. Assim sendo, as instituições escolares devem priorizar além da educação de qualidade, um ambiente escolar saudável e seguro, onde todos possam relacionar-se com respeito, valorizar as diferenças e conviver pacificamente.”

A seu turno, Neemias Moretti Prudente sublinhou que o bullying está presente em todas as escolas: “É bom deixar bem claro que em todas as escolas o bullying está presente. As escolas que afirmam que lá não ocorre o bullying é provavelmente onde há mais incidência desta prática. Isso se dá porque a escola (em sua maioria) desconhece o fenômeno ou não quer enfrentá-­lo. Ou ainda quando conhece, não está preparada nem possui recursos (físicos e materiais) para resolver oscasos de bullying.”

Prudente discorreu ainda sobre iniciativas legislativas e políticas antibullying no país: “pouco a pouco tem surgido algumas leis municipais e estaduais visando enfrentar o Bullying, além de tramitar projetos de Lei na Câmara dos Deputados e no Senado Federal sobre o tema. Todavia, a criação de leis apropriadas são ferramentas importantes, mas desde que em conjunto com outras soluções. Medidas antibullying devem ser integradas de componentes preventivos e reativos. A prevenção, através da conscientização/sensibilização sobre o bullying (por exemplo, palestras, jogos, reuniões, exibição de filmes) são importantes. Além do trabalho preventivo, as escolas devem interceder para mudar o relacionamento entre vítima e agressor, através de conversas, negociações, reunião com o país, inclusive inclusive intervenções com o objetivo de promover a conciliação e restauração entre os envolvidos. Por isso, para fazer frente a este tipo de comportamento, é fundamental o desenvolvimento e apoio de programas antibullying (preventivos e combativos), de forma a envolver toda a comunidade escolar em parceria com as diversas instituições e membros da sociedade, inclusive com o apoio dos meios de comunicação. Já está mais do que na hora de a sociedade como um todo tomar consciência da importância do enfrentamento ao bullying.”

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