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26 de Maio de 2024

Teoria dos Jogos na Mediação

O Equilibrio de Nash, Dilema do Prisioneiro e a Teoria dos Jogos na Mediação

Publicado por Marina Cabo
há 4 anos

A TEORIA DOS JOGOS

Em rodadas de negociação, no fechamento de acordos e negociações, a análise estratégica do cenário é fundamental, para que os participantes da negociação tenham a leitura e planejem seus próximos passos com embasamento nas possibilidades de ganhos individuais e ganhos mútuos. Há na cultura popular algumas expressões que mostram exatamente isso, como: Para rir tem que fazer rir – Ou seja, para ganhar algo, é necessário entregar também.

Nas negociações entre empresas, em geral, os vendedores participam da mesa anteriormente preparados com informações sobre o limite da negociação, até quanto podem aceitar para fechar a venda. Com limites para os três cenários, qual a proposta inicial, com o máximo ganho, a proposta na qual ainda há algum ganho e a proposta limite, o teto para o acordo. Tendo em vista que o pior cenário é perder a venda. Assim também ocorre no Direito, os advogados, quando em mediação, alinham previamente com seus clientes os valores limites e são autorizados por eles para atender aos limites acordados.

John Von Neumann, matemático, responsável para criação da arquitetura do computador moderno, em 1928, escreveu sua teoria científica analisando como lidar com o conflito humano matematicamente, e unido ao economista Oskar Morgenstein estabeleceu a Teoria dos Jogos como campo de estudo. De forma simples, a teoria trabalha o mundo social baseando seus modelos em jogos de estratégia. Apresentando um prisma sob a qual se pode analisar as relações humanas.

A Teoria dos Jogos, no Direito, determina que é importante a reunião de todo tipo de informações para planejar a defesa ou a acusação e os itens essenciais em uma negociação, a delimitação da flexibilidade destes, e fazendo uso destas informações é planejada a estratégia no contexto do processo e as próximas ações a serem tomadas, no ensejo de para obter o que deseja. Analisando cenários, sinteses, arvores de decisão, pontos de discussão, obtendo e maximizando a utilização das informações disponíveis de forma estratégica.

Podemos analisar a situação da Coréia do Norte, como exemplo, na qual o dirigente realiza testes nucleares e os divulga através da mídia, expondo seu poderio militar e estabelecendo seus limites para negociação dentro do sistema internacional. Apresentando seu poder ao mundo, de forma a alertar seus limites, a fim de que estes não sejam traspassados ou poderão haver consequências, como o conflito bélico.

Partindo para outro exemplo, é analisado o jogo conhecido como Golden Ball, que conta com a participação de dois jogadores e cada um recebe uma bola de ouro, com os cartões Dividir e Roubar, que são as duas opções de jogo. Se um jogador escolher roubar e o outro escolher dividir, quem escolheu "roubar" recebe todo o prêmio e quem escolheu "dividir" acaba o jogo de mãos vazias. Ambos escolhendo "dividir", os dois recebem uma parte igual do prêmio, porém se ambos decidirem roubar, nenhum dos dois recebe o prêmio. A Teoria dos Jogos se vê presente, se os jogadores decidirem cooperar com a decisão acordada, os dois terminam ganhando.

EQUILIBRIO DE NASH

O dilema do equilíbrio de Nash, apresentado no filme “Uma Mente Brilhante”, sobre a vida de John Nash, nenhum jogador se arrependeria de sua estrategia, dadas as posições de todos os outros jogadores. Neste dilema cinco garotas entram em um bar, uma das garotas é a que os meninos consideram a mais bonita e desejariam sair do bar com ela. Nash propõe que ele e os outros 3 amigos conversem com as outras 4 garotas, excluindo a garota mais bonita, que conforme acordo do grupo de amigos, terminaria sozinha. Com esta jogada, eles não disputariam a atenção da mesma garota, provocando reações das demais e competindo entre si, porque se assim agisssem, apenas um deles poderia sair ganhando. Na proposta de Nash, todos eles poderiam sair ganhando, evitando a competição. Para determinar o equilibrio de Nash, podemos ser levados a pensar que um jogador pode trair o outro e conversar a garota mais bonita, apenas este sairá ganhando e decepcionará seus amigos. Caso todos se comportem conforme o proposto, com o propósito colaborativo, todos os amigos sairiam ganhando.

DILEMA DO PRISIONEIRO

O dilema do prisioneiro é um exemplo clássico de problema da Teoria dos Jogos, nele, cada jogador quer aumentar a vantagem, sem se importar com o resultado do outro jogador, conforme o dilema que segue:

Dois presos são suspeitos de um crime, não havendo provas suficientes para que ambos sejam condenados, estes recebem uma proposta, de forma individual. Nessa proposta, se um dos presos confessar o crime e o outro não confessar, quem confessou não será condenado e o outro preso será condenado por 6 anos de prisão. A outra alternativa é que os dois presos não confessem e poderão ter a condenação de 1 ano de prisão. Se ambos os presos confessarem, a condenação será de 3 anos de prisão para cada um. Mostrando que, se houver cooperação entre eles, o resultado será equilibrado para ambos e os dois sairão ganhando. A escolha, se realizada de forma individual, de maneira a apenas 1 confessar e o outro não confessar, representa o melhor resultado para jogador, e o pior resultado para aquele que seguiu fiel ao proposto. O resultado ideal é de que ambos não confessem e recebam 1 ano de prisão.

No caso acima, os prisioneiros são incentivados a agir individualmente, mesmo após a promessa entre si, de colaborarem para que ambos tenham a mesma pena. O dilema é tomar a decisão que o beneficie individualmente, traindo o acordo e sendo egoísta, ou colaborar com o outro prisioneiro e ter a vantagem do grupo equitativamente distribuída.

Analisando os exemplos expostos, a Teoria do Jogos, que também se conhece por ciência do conflito, se mostra como uma visão da análise das tomadas de decisões em face dos conflitos das ciências sociais, colocando estrategicamente as cartas e as possibilidades e analisando se vale a pena o jogo do ganho coletivo ou do individual, determinando os riscos do cenário e os resultados do jogo tático.

Na mediação, quando há visão e desejo de cooperação, abrindo mão do maior ganho, objetivando o ganho coletivo, preferindo que todos finalizem a negociação ganhando, e se sintam vencedores, é a forma mais exitosa de obter resultado.

REFERÊNCIAS:

ARQUIMEDES, Carlos. Teoria dos Jogos no Direito Penal. Disponível em: <https://carlosarquimedes.jusbrasil.com.br/artigos/698177577/teoria-dos-jogos-no-direito-penal?ref=serp> Acesso em 02 mai. 2020.

ZUGMAN, Fábio. Teoria dos Jogos – Uma introdução à disciplina que vê a vida como uma seqüência de jogos. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI13139,51045-Teoria+dos+Jogos+Uma+introdução+a+disciplina+que+.... Acesso em 02 mai. 2020.

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