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6 de Maio de 2024
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    Democracia e Meios de Comunicação

    Publicado por Aline Antonio
    há 8 anos

    O QUE É CULTURA?

    A palavra Cultura advém do termo latino colere o qual significa o cuidado, cultivo. Acerca desse sentido, observa-se que a mesma refere-se à ação que viabiliza a total realização das potencialidades algo ou alguém.

    No Ocidente, todavia, a significação do Latim foi moldada pelo contexto histórico, abandonando parcialmente o panorama inicialmente adotado e até mesmo, em alguns momentos, deixando de ser alvo de discussões mais representativas.

    No século XVIII, observa-se o ressurgimento da palavra em questão, porém, essa é empregada como sinônimo de civilização. Mediante o advento do Iluminismo, dessa forma, tornou-se um agrupamento de práticas que serviriam de referência para julgar e hierarquizar os regimes políticos, determinando se eram mais ou menos evoluídos.

    Graças ao seu caráter intimamente relacionado ao conceito de civilização, sofreu uma aproximação com a ideia progresso, revelando-se como um processo temporal, contínuo, linear e evolutivo, portanto, realizava-se juízo de valor do progresso de uma civilização analisando-se a sua cultura, sendo que a mesma era avaliada pelo progresso que agregava a uma determinada civilização.

    Embebida de caráter político e ideológico, a concepção Iluminista foi retomada no século XIX, época na qual assiste-se ao nascimento da antropologia. Antropólogos utilizavam o progresso para mensurar os aspectos culturais dos demais povos.

    Observa-se, contudo, que a referência de civilização e o ideal de evolução adotados eram a sociedade europeia, fazendo com que se produzisse análises de cunho fortemente etnocentristas.

    O posicionamento pró-europeu era reforçado pela denominada “Antropologia de Gabinete”, a qual tratava-se do recolhimento de dados, por parte dos profissionais da Antropologia, dos registros de administrados de colônias e militares, realizando reflexões acerca de povos baseando-se apenas na visão de entes da máquina imperialista e não da observação cuidadosa e imparcial do antropólogo.

    Uma mutação no sentido de cultura ocorreu no século XIX graças à filosofia alemã. A mesma começa a ser entendida como a diferença entre natureza e história. O mundo propriamente humano surgiria a partir da ruptura com a adesão imediata à natureza e da cultura, a qual seria um movimento de transcendência, considerando a existência como o poder para superar situações devido a ações dirigidas àquilo que está ausente, seria, portanto, característica da ordem dos humanos a capacidade para relacionar-se com o ausente e com as expectativas utilizando-se da linguagem e do trabalho. Graças a esses aspectos, apenas nessa dimensão pode-se realmente falar de história.

    1.2 CULTURA E DEMOCRACIA

    Ao instituir a cultura como um direito, há a oposição em relação ao conceito neoliberal. Isso ocorre pois retira-se o caráter neoliberalista de que esta seria um privilégio de classe, um serviço passível de ser adquirido ou vendido.

    Para instituir concepção de democratização da cultura necessita-se de um novo conceito acerca da própria democracia. O regime democrático como o da lei e da ordem para a garantia das liberdades individuais é uma definição liberalista, a qual visa garantir o direito à competição econômica e política, reduzindo-a a esse panorama.

    Sofre assim, o conceito de democracia, uma redução a apenas um regime político eficaz, no qual a cidadania organiza-se em partidos políticos e se manifesta por meio das eleições e da escolha de representantes juntamente à rotatividade dos mandatos e às soluções técnicas para os problemas sociais e econômicos.

    Percebe-se, portanto, que falta ao conceito liberalista a descrição dos demais âmbitos da experiência democrática. Extrapolando a ideia de um simples regime político, tem-se a democracia como forma geral de uma sociedade, podendo ser analisada como:

    - Forma sociopolítica: Caracteriza-se pelo principio da isonomia e da isegoria. Todos são iguais graças ao fato de que são livres, não podendo qualquer indivíduo se submeter a outro, já que a obediência de todos é conferida às mesmas leis, normas cuja autoria é conferida a todos direta ou indiretamente. O maior problema da democracia em uma sociedade dividida em classes é manter a isonomia e a liberdade perante as desigualdades econômicas.

    -Forma política: O conflito é dado como legítimo e julgado como necessário, sendo exprimido por parte de mediações institucionais. A democracia, segundo essa óptica, não trata-se de um regime de constante assertiva entre as partes. Na sociedade cismada em classes há a permanente dificuldade sobre como lidar com os conflitos quando estes forem de natureza contraditória e não de simples oposição.

    -Forma sociopolítica: Almeja conciliar o princípio da isonomia e da liberdade, sendo que aceita a existência das desigualdades. Legitima o conflito e reconhece as diferenças materiais através de ideias tais como os direitos.

    Os direitos podem sereconômicos, políticos, sociais e culturais, sendo que, através dos mesmos, é possível que os desiguais alcancem a igualdade, agindo no meio político em busca de reivindicar a participação nos direitos já em voga e também de criar novos direitos, os quais são assim chamados por serem diferentes dos que anteriormente existentes, fazendo surgir novos sujeitos políticos com características reconhecidas pela sociedade.

    Devido ao aspecto da criação dos direitos, a democracia revela-se como o único regime político de fato aberto às alterações decorrentes do tempo, já que adota a temporalidade como parte de seu modo de ser.

    É também a única forma sociopolítica na qual o caráter popular do poder e das lutas evidencia-se nas sociedades de classes. Isso ocorre graças ao fato de que apenas através da movimentação das classes populares, em oposição ao estabelecimento jurídico-político que favorece os mais abastados, é que torna-se possível a extensão do alcance dos direitos, fomentando tais situações.

    − Forma política: A diferenciação entre o poder e o governante é assegurada não só pela existência das leis e estabelecimento de diferentes núcleos de autoridade, mas também pelas eleições, as quais ilustram que o poder pertence à sociedade, estando o governante apenas o ocupando-o via um mandato temporário.

    Pode-se, portanto, afirmar que uma sociedade (não apenas um regime de governo) é democrática quando detiver - além de eleições, partidos políticos, divisão do poder da república em três, deferência à vontade da maioria e das minorias- uma determinada característica mais profunda, a instituição de direitos.

    Os direitos, por sua vez, seriam uma criação social, fazendo com que a atitude democrática social atuasse como uma arma social que moldaria a ação estatal e o poder dos governantes.

    A democracia é a sociedade verdadeiramente histórica, pois viabiliza a criação de direitos reais, a ampliação os já existentes e a criação de novos, sofrendo os efeitos do tempo e estando constantemente passível a alterações, não se mantendo como uma forma imobilizada. Orienta-se pela liberdade e sofre mudanças pela práxis.

    Como poder conferido ao povo, a mesma obriga que a legislação seja elaborada pelos agentes que a ela se submeterão e cujas palavras exprimirão seus direitos. Paradoxalmente, no entanto, nas sociedades de classe, sabe-se que a classe dominante que se apresenta através do voto, sob a máscara de representante de toda a sociedade para realização de funções tais como a feitura de leis e a garantia de direitos e seu cumprimento, tende a legitimar a exclusão política. Embora o caráter ilegítimo de tal atitude não seja facilmente constatado pela população, a mesma o julga como insatisfatório.

    A suposta participação popular, nesse contexto, nasce à margem da repressão, como um conjunto de ações que buscam atuar diretamente na política sob a forma de pressão e reivindicação, todavia, a efetiva participação popular só pode ser conferida de caráter político e democrático mediante a possibilidade de produzir as próprias leis e regulamentos que guiem a vida sociopolítica.

    Dessa forma, a democracia necessita o aumento da representação através da mobilização e do descobrimento de novos meios que afirmem a participação como um ato verdadeiramente político que é fomentado a cada criação de novos direitos.

    Infelizmente, nota-se que a sociedade brasileira atual encontra-se distante da real democracia, já que vive-se em meio a uma sociedade oligárquica, hierárquica, violenta e autoritária.

    1.3 CULTURA, IDEOLOGIA E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM UMA SOCIEDADE SUPOSTAMENTE DEMOCRÁTICA

    A ideologia é um fenômeno complexo que privilegia a aparência das coisas, dificultando ou encobrindo o conhecimento da realidade social e, consequentemente, não permitindo que a mesma seja vista como de fato é.

    Outra afirmação possível acerca da ideologia é que trata-se de um conjunto de ideias e representações sociais que conduzem os indivíduos à ação, justificando a forma com que se associam para viver.

    Para ocultar as especificidades do real, o maquinário ideológico emprega a universalização ou a generalização do particular. Esse fato pode ser notado quando analisa-se a cultura dominante e a divisão cultural.

    Meio para a disseminação do exercício da dominação do povo em âmbitos tais como político e econômico, a cultura dominante, também, dependendo do contexto histórico em que se insere, pode conter os efeitos da constante opressão por parte da classe privilegiada.

    A divisão cultural, por sua vez, é fortalecida pela cultura de massa e disseminada pelo discurso lacunar - argumentos envolventes e convincentes, mas cheios de vazio - próprio da indústria cultural.

    Esse fenômeno cria a ideia da separação dos bens culturais de acordo com o seu suposto valor de mercado. As obras definidas como mais valiosas destinar-se-iam aos privilegiados, os quais conseguem arcar com os seus custos. Cria-se assim, uma elite cultural que se opõe à massa, cujos bens apenas lhes proporcionam acesso a obras “baratas”e “comuns”.

    Não há, portanto, o mesmo direito de todos à produção cultural. Os meios de comunicação e, no geral, a indústria cultural, aprofundam as diferenças sociais, acrescentando a elas uma nova divisão: elite “culta” e “massa inculta”.

    A ideologia, perante essa diferenciação, busca gerar a ilusão de que todos tem acesso aos mesmos bens culturais, cabendo a cada um optar pelo que lhe agrada, porém, desde os horários dos programas de radio e televisão até os produtos disponíveis nas bancas de jornais e revistas ilustram a real disparidade.

    A definição do público alvo de certo periódico, por exemplo, serve para, de antemão, selecionar a complexidade e o tipo de informação que deve atingir determinado grupo social, fazendo com que, muitas vezes, jornais diferentes deem tratamentos diferentes para um mesmo fato.

    O senso comum, de acordo com esse princípio, é representado via a alegoria do “espectador médio”, “ouvinte médio” e “leitor médio”. Esse indivíduo teria capacidades mentais, conhecimentos e gostos medianos, necessitando, para ser seduzido pela indústria cultural, que esta não lhe choque ou provoque, evitando pensamentos demasiadamente profundos. Precisando, para isso, apenas conferir uma nova roupagem para aquilo que já conhece.

    Convém, a partir dos dados apresentados, constatar a diferença entre a realidade de um país tal como o Brasil, supostamente democrático, e o que se espera de uma real democracia, na qual o direito à cultura é importantíssimo e capaz de neutralizar as desigualdades. Essa reflexão demonstra o quão longe a sociedade brasileira encontra-se do ideal de participação popular.

    2. LIBERDADE DE EXPRESSÃO X LIBERDADE DE IMPRENSA, DIREITO À COMUNICAÇÃO E DEMOCRACIA

    Na democracia ateniense, a comunicação cívica era presencial: o povo reunia-se na “ágora” para discutir e votar as grandes questões de interesse da pólis. Nas sociedades de massa do presente, a comunicação dos cidadãos entre si exige a mediação da imprensa, do rádio, da televisão ou da internet.

    Em verdade, nas sociedades contemporâneas os veículos de comunicação pública exercem função semelhante à do sistema de circulação sanguínea nos organismos animais. Trata-se de levar fatos, opiniões, ensinamentos, propostas ou espetáculos ao conjunto dos cidadãos, com a suposição de que estes saberão reagir a tais estímulos. A partir das declarações de direitos do final do século XVIII, estabeleceu-se a distinção entre liberdade pública, com o sentido político de autogoverno ou autopoder, e liberdades privadas, como contrapoderes, vale dizer, instrumentos de defesa do cidadão perante os poderes oficiais. Hoje é preciso compreender que entre liberdade pública e liberdades privadas não há oposição, mas sim complementaridade. Tomemos, por exemplo, a liberdade de voto em eleições populares. Durante o regime militar brasileiro de 1964 a 1985, a Constituição garantia a liberdade de voto, mas as eleições não eram livres: só podiam existir partidos autorizados pelo governo e os candidatos a postos eletivos eram submetidos à severa triagem ideológica.

    A Constituição declarou livre a manifestação do pensamento (art 5º, inciso IV), mas deixou a regulamentação do quadro geral de exercício dessa liberdade individual à legislação ordinária. O Congresso Nacional é sistematicamente paralisado pela pressão dominante das empresas de comunicação.

    Se, numa sociedade de massas, as opiniões, ideias, protestos ou propostas só podem ser manifestados publicamente através dos meios institucionais de comunicação social, é evidente que esse espaço, por natureza público, não pode ser apropriado por particulares, atuando em ambiente não regulamentado. Se a liberdade de expressão se exerce atualmente pela mediação necessária dos meios de comunicação de massa, estes últimos não podem, em estrita lógica, ser objeto de propriedade empresarial no interesse privado. É preciso lembrar que a globalização capitalista do final do século passado engendra uma enorme concentração do controle privado das empresas de comunicação de massa.

    Atualmente no Brasil, apenas quatro megaempresas dominam o setor de televisão: a Globo controla 342 veículos; a SBT, 195; a Bandeirantes, 166; a Record, 142, e cada uma das ‘redes’ representa um segmento de um grupo, que explora também o rádio, jornais e revistas.

    No passado, a edição de livros ou jornais representava o exercício de uma liberdade fundamental perante os órgãos do poder estabelecido. Era o modo de se desvendarem os abusos oficiais, perante o público leitor. Sucede, porém, que nos atuais países em que a democracia existe só como fachada, a apropriação empresarial dos meios de comunicação de massa invertou os papéis: de instrumentos de contrapoder, ou garantias da liberdade de expressão, eles passaram a compor o complexo do poder estabelecido, manipulando a opinião pública e fazendo com que os diferentes órgãos do Estado- o Executivo, o Congresso Nacional e até mesmo os tribunais- se inclinem diante de suas exigências.

    A atual inversão de papéis fez com que o poder de censura passasse das autoridades estatais para os próprios órgãos privados de comunicação social. O que importa hoje, é montar uma estratégia de combate aos abusos consolidados no vasto setor de comunicação. Os princípios fundamentais são: a República, a Democracia e o Estado de Direito. O essencial é preservar, sob controle do povo, o espaço público de comunicação de massa e evitar cair nos desvios do estatismo e do privatismo.

    A concessão pública de funcionamento de entidades privadas de rádio e televisão, bem como a sua renovação, devem ser feitas sempre mediante licitação pública (Constituição Federal, art 175), revogando-se a disposto no § 2º do art 223 da Constituição.

    O Conselho de Comunicação Social, previsto no art 224 da Constituição Federal, deve ser composto, metade por representantes dos veículos públicos de comunicação social e a outra metade por representantes dos veículos privados. Devem ser criadas ouvidorias populares para fiscalizar a atuação dos veículos de comunicação social, em todas as unidades de federação.

    Quando da independência dos EUA, James Madison, um dos seus pais fundadores, afirmou que um governo democrático ( a government by the people), sem uma imprensa controlada pelo povo ( a popular press), seria um prelúdio à farsa, à tragédia, ou a ambas as coisas. No Brasil, a criação do oligopólio empresarial dos meios de comunicação de massa durante o regime militar logrou, de fato, unir a farsa à tragédia.

    2.1 MÍDIA: ASPECTOS HISTÓRICOS

    Até muito pouco tempo, o Brasil não dispunha de mídia de massa de alcance nacional. Embora a imprensa exista desde o século XIX e o cinema e o rádio desde a primeira metade do século XX, por peculiaridades geográficas e históricas só se pode falar em um sistema nacional de comunicações a partir do surgimento das redes de televisão, isto já no inicio da década de 1970, portanto há cerca de 30 anos. No limiar do novo milênio, ao contrário, o país inteiro estava integrado por meio de redes nacionais de televisão e rádio.

    Uma comparação da importância histórica das instituições sociais no processo de socialização revelará que nos últimos 30 anos as igrejas, a escola e os grupos tem perdido espaço para as comunicações, principalmente para a internet.

    A televisão quebra a necessidade da conexão entre presença física e a experiência. Não é necessário “estar presente” para experimentar, “presenciar”. Isso, naturalmente, dá à televisão um incomensurável poder de construir o real, na medida em que, no mundo contemporâneo, não é possível estar fisicamente presente à maioria dos acontecimentos que dizem respeito a nossa vida e às decisões que tomamos em nosso cotidiano.

    2.2 MÍDIA, “O QUARTO PODER”?

    Uma das características mais marcantes do inicio deste novo milênio é a centralidade da mídia na vida humana, tanto como fonte de entretenimento, de informação ou como instrumento de trabalho, colocou a mídia como engrenagem da globalização econômica e cultural.

    Mesmo que não atinja toda a população na mesma velocidade nem produzam consequências uniformes nas sociedades do planeta, é sobretudo a centralidade da mídia que faz com que suas implicações possam ser sentidas no cotidiano das pessoas independentemente de classe, etnia, sexo ou idade. Não surpreende, portanto que a mídia tenha também se transformado em palco e objeto privilegiado das disputas pelo poder politico na contemporaneidade e, consequentemente, em fonte primeiro das incertezas com relação ao futuro da democracia.

    O filme “O quarto poder” demonstra a influência da mídia na formação de opinião do público, o filme se passa na Califórnia, quando um repórter que já foi de grande respeito mas que no momento está em baixa, vai fazer uma cobertura num museu de historia natural, quando testemunha um segurança demitido da instituição pedir seu emprego de volta para a diretora, não sendo atendido, ameaça a mesma com uma espingarda, mas acidentalmente fere com um disparo um antigo colega negro de trabalho.

    Depois de um tempo conversando com o ex-segurança, o repórter compreende a história de Sam, e o convence a fazer uma matéria exclusiva a fim de mostra para a população o que estava ocorrendo, e com esta reportagem a sociedade se comove, apoia o segurança e faz a polícia perdoar seu erro, porém como o repórter fala a sociedade é volúvel; fazer um papel de mocinho, e depois virar um vilão, é apenas, uma “troca de canal”, e foi o que ocorreu, apareceu na localidade outro repórter que demostrou o contrário, usando o tiro acidental como especulação de racismo, e com algumas entrevistas de amigos e familiares editadas fez com que ele parece um bandido realmente.

    Em suma, no filme dá clara sensação que a mídia, televisão, internet detêm o quarto poder da sociedade, além do legislativo, judiciário e executivo, e quanto atinge a sociedade de maneira convincente é uma forma ainda maior do poder; além do que as comunicações, como o rádio e a própria televisão está todo o tempo à busca de notícias, e com isso passa mais tempo, e às vezes mais perto, do que a própria população, sendo fácil para esta, apenas pegar no controle da TV ou ir ao computador para ler, ver as notícias no dia.

    A problemática disso é que a opinião dita “própria”, na verdade, não é, visto que é difícil encontrar noticiários imparciais, normalmente os editores já tem uma opinião própria e o que fazem é escrever para a população concordar/ pensar igual a eles.

    2.3 DO FACEBOOK À QUEDA DE DITADURAS

    O uso da internet foi essencial para derrubada de algumas ditaduras no Oriente Médio a exemplo disso: dizia a mensagem na página criada no Facebook, que em poucas horas teve 100 mil adesões. “O Egito merece um futuro melhor. No dia 25 de Janeiro nós mudaremos nosso país. Ninguém irá nos deter, se nós estivermos unidos. A população jovem deve se manifestar agora”.

    Na mesma página foram disponibilizados links para informações sobre onde e quando os manifestantes se encontrariam, em todo o país. Jovens disponibilizavam números de telefones e se apresentavam como voluntários para organizar os protestos em suas cidades.

    No dia 24 de janeiro, um dia antes das manifestações, a página inicial já tinha 300 mil integrantes, em comum, eles tinham o desejo por democracia, liberdade e justiça. Cerca de 7 milhões de pessoas têm acesso à Internet no Egito. Aos demais, a notícia se espalhou no bocaaboca.

    O exemplo disso, no Brasil, deu-se através as atuais passeadas, organizadas via internet, onde a causa não era apenas a redução no preço da passagem do ônibus, mas a corrupção, o uso indevido do dinheiro público e que depois, as causas foram mais diversas e abrangentes, como: saúde e educação.

    2.4 MODELOS TEÓRICOS PARA O ESTUDO DAS COMUNICAÇÕES

    “A comunicação está inevitavelmente ligada ao sucesso, à eficácia ou à ineficácia, das teorias da formação social como um todo, porque é neste contexto que deve ser teorizado o lugar da comunicação no mundo social moderno, a comunicação moderna no pode ser conceituada como externa ao campo das estruturas e práticas sociais porque é cada vez, internamente constitutiva delas. Hoje, as instituições e relações comunicativas definem e constroem o social; elas ajudam a constituir o político; elas medeiam às relações econômicas produtivas; elas se tornaram “uma força material” nos modernos sistemas industriais; elas definem a própria tecnologia; elas dominam o cultural”. (LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.)

    o Manipulação: resposta de um organismo a um estímulo, mídia dominante; imprensa, cinema, radio, fotografia.

    o Persuasão (influência): resposta de um organismo a um estímulo, através da interveniência de fatores psicológicos e sociológicos, mídia dominante: televisão.

    Do ponto de vista sociocultural, cabe apenas relembrar aqui o descompasso entre as ações do governo e a maioria da opinião pública brasileira no que se refere ás privatizações, em especial ao sistema Telebrás. Estaria essa opinião pública fundada em valores arraigados em nossa cultura política como, por exemplo, as diferentes concepções entre o papel do Estado e do governo.

    Finalmente, do ponto de vista político, sabendo-se que o controle das comunicações é uma questão que ultrapassa, em muito, a dimensão econômica, cabe indagar quais as implicações que a propriedade e o controle oligopolísticos do setor, em sua dupla lógica econômica e simbólica, acarretam para a consolidação democrática.

    O sistema de comunicação brasileiro foi constituído tomando por base o tradicional modelo liberal das sociedades capitalistas do Ocidente, com os Estados Unidos como referência principal.

    A imprensa é um negócio privado independente, como qualquer outro, e o Estado controla as licenças e concessões de rádio e televisão. No entanto, ao contrário da diversidade de conteúdo e da pluralidade de veículos implícitos a doutrina liberal, o Brasil tem uma situação peculiar. Uma única rede a Rede Globo, detém o “virtual monopólio” da televisão, consolidado e expandido durante os anos de regime autoritário. O que não significa que outras emissoras ficam estagnadas, ao contrário elas ascendem de forma significativa.

    Com a intensificação da luta pela democratização do país e com a suspensão gradual das restrições impostas à mídia, tanto à imprensa como ao rádio e à televisão, o papel ativo da Rede Globo no processo político tornou-se bastante evidente.

    “O poder político depende relativamente pouco, exceto em tempos de crise extrema, da intervenção coercitiva do Estado. Ele se apoia, ao contrário, na força de uma visão de mundo, num sistema de pressupostos e valores sociais aceitos como `senso comum` que legitimam a distribuição de poder (...) O Estado desempenha um papel na divulgação da visão de mundo, mas o sistema cultural legitimador, decisivo para o poder político, é mantido principalmente por instituições privadas, autônomas e, em muitos casos, não política: a família, a igreja, o partido politico e, naturalmente, a mídia”. (LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.)

    Com a instauração do regime autoritário em 1964, o Estado brasileiro possuía uma serie de instrumentos para exercer controle sobre a mídia, tendo o poder de conceder as licenças e regular legalmente o setor. Tomava decisões sobre a importação de equipamentos, vídeo e filme fotográficos. Era ainda o proprietário e operava grande parte da infraestrutura física necessária para o funcionamento das estações de rádio e televisão.

    É nessa combinação entre fragilidade histórica e transformação da natureza dos partidos políticos e da mídia que a Rede Globo encontra as condições favoráveis para sua atuação como Aparelho Privado de Hegemonia na sociedade civil brasileira.

    A centralidade da mídia como objeto e palco privilegiado das disputas de poder no mundo contemporâneo. Saber quais as condições necessárias para que o controle desse poder da mídia possa ser transferido de uns poucos para o conjunto da sociedade de forma a ser exercido democraticamente passa a ser, então, uma tarefa central.

    “[...] primeiro, que a multiplicidade dos que querem persuadir reflete-se na pluralidade dos públicos; o que produz, por sua vez, uma sociedade pluralista. Segundo, um sistema de informações semelhante ao sistema de mercado é um sistema autocontrolado, um sistema de controle recíproco, pois todo canal de informação esta exposto á vigilância dos outros. [...] É televisão como um ambiente que esta moldando e reformando o caráter nacional e os padrões contemporâneos de sentir e pensar[...]Televisão é o contexto no qual a maioria de nos percebe o mundo, no qual pensamos sobre a política, sobre o entretenimento, sobre as notícias e sobre quase tudo.”(LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.)

    Finalmente, a questão é saber qual democracia é possível construir nas sociedades contemporâneas dominadas pela mídia, vale dizer, nas sociedades em que a construção do real é necessariamente mediada pelas tecnologias de reprodução e criação de informação e imagens.

    A dificuldade particular que se tem num país como o Brasil é a enorme e crescente disparidade social existente, que faz com que tenhamos uma TV pós-moderna numa sociedade em que a esmagadora maioria das pessoas vive em condições pré-modernas.

    2.5 DOCUMENTÁRIO “A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA”

    Em abril de 2002, na Venezuela, após uma série de ataques da mídia local, o presidente Hugo Chávezsofre um golpe e é sequestrado. Uma equipe de TV da Irlanda estava no país desde setembro de 2001, para realizar um documentário sobre o presidente e sua administração popular.

    Esses registros, com imagens inclusive do interior do palácio, se tornaram o documentário “A Revolução não será televisionada”, lançado em 2003. A mídia, principalmente televisiva, noticiava, mentirosamente, fatos contra o presidente, inclusive que Chavistas teriam assassinado várias pessoas em um protesto.

    Nos dias do golpe, foi divulgado que presidente renunciara, o que era mentira. A TV omitiu o fato de que Chávez não assinou a renúncia e que ele somente se entregou aos golpistas sob a ameaça de o palácio presidencial ser bombardeado por militares contrários ao regime Bolivariano. Porém, algumas pessoas tiveram acesso às notícias de outros países e descobriram que o que aconteceu de verdade, é que o presidente foi sequestrado.

    BIBLIOGRAFIA

    CORDI, Cassiano. et al. Para Filosofar. 4. Ed. São Paulo: Scipione, 2002

    CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. Disponível em: Acessado em 5 de novembro de 2013.

    LIMA, Venício. Liberdade de expressão x liberdade de imprensa: direito à comunicação e democracia. São Paulo: Publisher Brasil, 2010.

    LIMA, Venício. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001.

    GAVRAS, Konstantinos; KOPELSON, Anne; KOPELSON, Arnold. O Quarto Poder (Mad City). Produção de Anne Kopelson e Arnold Kopelson, direção de Konstantinos Gavras. Estados Unidos: Warner Bros, 1997; 114min, colorido.

    HARTOG, Simon; ELLIS, John. Para além do Cidadão Kane. Produção de John Ellis, direção de Simon Hartog. Reino Unidos: Large Door, 1993; 105min, colorido.

    POWER, David; O’BRIAIN, Donnacha; BARTLEY, Kim; STONEMANN, Rod. A Revolução não será Televisionada. Produção de David Power e Rod Stonemann, direção de Kim Bartley e Donnacha O’Briain. Irlanda: Power Picture, 2003; 74min, colorido.


    Escrito por: Aline Antônio, Caroline Louise Dias, Helena Coutinho Goulart de Oliveira.

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