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8 de Maio de 2024

Terror! Dilma nas mãos de Cunha e Cunha entre 3 possíveis personagens. Qual o final desta produção trash?

Publicado por Leonardo Sarmento
há 9 anos

Será a política em sua porção mais putrefata, despida de qualquer espírito de interesse público, moral ou probo, que ditará o futuro do Governo Dilma. Protagonistas e/ou antagonistas da “velha e arcaica política” estarão “mais do que nunca na história deste país” sob os holofotes de uma produção que poderá revelar-se uma grande produção trash certamente de gosto extremamente duvidoso sob o olhar de parcela da sociedade mais discernida.

O motivo para os dois novos arquivamentos alegado pela Secretaria-Geral da Câmara foi que os pedidos não cumpriam requisitos formais. Em verdade, o RI confere ao presidente da Câmara um poder de decidir politicamente como melhor lhe aprouver, sejamos francos, mas sua decisão poderá não ser definitiva.

Pelo regimento interno, o presidente da Casa tem o poder de decidir sozinho pela abertura ou não do processo de impeachment. Caso Eduardo Cunha rejeite todos os pedidos de abertura de impeachment, é possível a apresentação de recurso no plenário contra a decisão, nos termos do RI.

Na hipótese de o recurso vir a ser aprovado – para isso, é necessária maioria simples (257 dos votos dos 513 deputados) – deverá ser criada uma comissão especial responsável por elaborar um parecer a ser votado no plenário da Casa.

Para ser aprovado, o parecer dependerá do apoio de pelo menos dois terços dos 513 deputados (342 votos). Se os parlamentares decidirem pela abertura do processo de impeachment, a presidente Dilma será obrigada a afastar-se do cargo por 180 dias, e o processo seguirá para julgamento do Senado Federal. Desta hipótese fática aduziremos mais adiante.

Tivemos informações de que, em verdade, grande parte dos pedidos estão bem instruídos, fundamentados e foram cumpridos todos os requisitos formais. Mas então o que fundamenta os constantes arquivamentos? Algum dos pedidos receberá uma decisão de continuidade e não o já corriqueiro arquivamento?

É a política que fundamenta os constantes arquivamentos. Negociações por blindagens mútuas são regras raramente excepcionadas. O interesse da sociedade, a robustez de indícios capacitadores do disparo do procedimento de impeachment, as vozes das ruas, os índices de reprovação do Governo; todos fatos de menor importância incapazes de superar o tráfico de influências e as imoralidades escambiadas. A “velha política” essencialmente corrompedora será capaz de arquivar ou dar prosseguimento ao procedimento de crime de responsabilidade da presidente Dilma. “Velha política”, que vale dizer seria o termo que demonstraria o que temos hoje que se antagonizaria ao termo “nova política”, absolutamente utópica aos hodirernos dias.

Desta feita, mostra-nos as experiências da vida que Cunha [PMDB] poderá vestir uma de três máscaras, assumir uma de duas personalidades, tomar para si um de dois perfis.

Poderá passar a contar com a força do aparelhamento do PT para mantê-lo distante da Papuda, e para isso os conluios políticos da Cunha com o Governo faz-se-ão a regra, não a exceção. Na mesma toada, o PT precisa do PMDB para manter a governabilidade, assim que negociou ministérios aumentando a participação do PMDB no Governo (de 6 para 7 ministérios). Da mesma forma que Calheiros troca de mascaras segundo os seus interesses, acreditamos que Cunha possua a mesma facilidade artística. Enfim, neste cenário o PT agradece as mazelas de Cunha que poderá permutar o apoio do aparelhamento pela governabilidade perdida. Cunha poderá estender a proteção institucional da casa a outros envolvidos na Operação Lava Jato do Partido dos Trabalhadores.

Nesta produção, Cunha poderia representar ainda um 2º personagem de perfil oposto. Cunha usaria a máquina da Câmara dos Deputados para atacar o governo e estruturar a própria defesa. Se ele for cassado, o processo de tentativa de impeachment da presidente Dilma Rousseff perderia parcela de sua força. Por isso, a oposição não teria interesse que Cunha deixasse o cargo, mas para isso Cunha terá que aceitar e não arquivar algum dos pedidos de impeachment da presidente Dilma e assim liderar o procedimento que levaria a pronúncia da presidente na Câmara dos Deputados por crime de responsabilidade. A possível rejeição das contas de Dilma pelo Tribunal de Contas será importante aditivo para reforçar ainda mais em fundamentos para o não arquivamento de algum pedido de impeachment, mas por ora, o principal pedido formulado pelo jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT e pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, continua em mesa e ainda não foi arquivado.

Pode ocorrer deste pedido também restar arquivado, ocasião que a oposição recorrerá de seu arquivamento levando a questão ao Plenário para que a maioria da Câmara pronuncie ou nao a presidente. Desta forma Cunha desvincularia-se da questão e assumiria um 3º personagem desta saga, o de “homem invisível”.

Quanto a rejeição de suas contas pelo TCU, o Governo partiu para o famoso “ius sperniandi” e tenta afastar o ministro-relator Augusto Nardes por suspeição. O argumento é de que, ao antecipar seu voto, recomendando a rejeição das contas de Dilma, Nardes teria contrariado a lei, pois tentou constranger os demais ministros da Corte. A Advocacia-Geral da União sustenta que ele antecipou voto, descumprindo a Lei Orgânica da Magistratura e normas do próprio TCU. Julgamento do tribunal está marcado para quarta-feira e a meta do governo, ao tentar desqualificar Nardes, que identificou irregularidades de pelo menos R$ 40 bilhões nas contas de Dilma, muitas por meio das pedaladas fiscais, é trocar o relator do processo. A relatoria seria entregue a um ministro mais próximo do Planalto. A substituição levaria ao imediato adiamento do julgamento. Caso a Corregedoria acate o pleito do governo, enviará sua decisão à presidência do Tribunal, que terá de submetê-la ao plenário da corte, ou seja, os próprios colegas de Nardes terão de julgar a sua conduta à frente do processo e com isso Dilma ganha tempo. A tradição no TCU é analisar pedidos de suspeição como questão preliminar, na mesma sessão em que o processo é apreciado. Prevalecendo essa tradição, a solicitação será discutida na quarta-feira (07), pouco antes do debate sobre as contas. Foi assim no julgamento sobe a compra da Refinaria de Pasadena (EUA), quando um dos advogados tentou afastar do caso o relator, José Jorge. O plenário se manifestou e não aceitou o pedido. Em verdade o mais correto é a abertura de prazo para que Nardes possa se defender, quando o julgamento seria adiado por 10 dias nos termos do CPC.

Não é demais lembrar que tornou-se prática comezinha ministros do STF (maior instância do Judiciário pátrio) declarar seus votos, antecipá-los, não apenas quando já tiveram contato com o processo, mas muitas vezes mesmo sem ter tido contato com os fatos relatados nos autos. Assim, por exemplo, o nobre ministro Marco Aurélio já antecipara que a “pedalada de Cunha” na PEC da Maioridade Penal seria inconstitucional, sem que tivesse acesso ainda aos autos do processo para voto, antes da questão ter chegado ao Supremo. Será o insigne ministro também afastado por antecipar o seu voto? Lembramos ainda que ao contrário deste episódio protagonizado pelo ministro Marco Aurélio, Nardes pronunciou-se após realizada completa cognição das contas da presidente de 2014, o que já o capacitava para proferir o seu voto, assim seu pronunciamento já estava fundamentado com sua cognição definitiva.

Enfim, em qual dos personagens Eduardo Cunha se travestirá? O futuro de Dilma está umbilicalmente ligado ao “protagonismo/antagonismo” que Cunha escolherá representar. Enquanto isso o Governo luta com as muitas armas que possui. Façam as suas apostas, pois a minha já está feita.

Suspense Dilma nas mos de Cunha e Cunha entre 3 personagens possveis

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59 Comentários

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Os processos de impeachment rejeitados por Cunha deixam evidente a falsa oposição do PMDB. É evidente que o interesse do PMDB é simplesmente poder. Assim, esboçou-se uma "revolta" para demonstrar a força que tem o partido no congresso e, em seguida, o PT rendeu-se ao PMDB, comprando-o com ministérios e concedendo-lhe ainda mais poder (algo que o PT tem feito como ninguém, por isso os 32674327 ministérios).
Dessa forma, PT e PMDB saem ganhando... Este, detém a presidência das duas casas e, de quebra, uma boa parcela do poder do executivo (ministérios); aquele, continua com a chefia do executivo e sai pela tangente de um suposto impeachment (que eu jamais acreditei que ocorreria); Ademais, ambos unem forças contra um inimigo em comum: a operação lava-jato.
Muito providencial...
Só quem perde é o povo, pra variar! continuar lendo

Exato Hiago, é o jogo politico mais que apodrecido que denota a falência da nossa praticada democracia indireta.

Grande abraço!
LS. continuar lendo

Também concordo!!! Esse Cunha disse em romper com o governo simplesmente por suas decisões em barrar "e não aprovar" o impeachment, ser imparcial, para ninguém dizer que ele está fechado com os PTralhas, porém todo esse me disse, dos políticos, ministros e juízes são tudo TEATRO, todos querem que dilma nojeira fique no poder, pois assim a roubalheira irá sempre continuar. continuar lendo

Riodejaneiro, é aquela história, para corrupção nada melhor do que ser gerido por quem tem telhado de vidro... ;)

Forte abraço!
LS. continuar lendo

É isso mesmo. E o povo , nós, continuaremos respondendo pelos desmandos dessa política podre do nosso país, não se enganem não estão brigando por nós, mas, por eles mesmo, cada um defende o seu interesse, que é o poder que vem juntamente com vantagens financeira escusas. Essa é a nossa situação, estamos entregues nas mãos de pessoas inescrupulosas que esquecem que são mandatários dos cidadãos brasileiros e como tal devem defender os interesses da nação e não o deles. Vergonhosa a política da troca dos ministérios para apoiar quem dilapidou o patrimônio da nação Brasileira, portanto, patrimônio nosso, pois público. E, o que é pior, talvez termine em pizza. Como sempre. continuar lendo

Tem uma outra opção: Eduardo Cunha, por causa do escândalo da conta fantasma que ele tem/tinha na Suíça, começa a ser julgado e de repente ganha até uma prisão preventiva. :)

Mas... é impressionante como a mídia brasileira está fazendo de conta que o Eduardo Cunha não está envolvido em nada. É velha e "boa" indignação crítica que paira sobre os nossos julgamentos.

No mais, excelente texto como sempre, professor!!! continuar lendo

O envolvimento de Cunha vai um pouco além da obviedade... rs continuar lendo

Trocando em miúdos, Cunha queria criar dificuldades para negociar as facilidades (logicamente amparado por seu partido) mas nesse processo acabou ficando sem chão em função da denúncias de corrupção que o deixaram fragilizado e dependente da cobertura que o PT possa lhe oferecer.
A troca de favores foi menor do que se esperava e agora o desfecho tende a ser diferente.
ESPERAR PRA VER. continuar lendo

Para quem curte filme de terror vale acompanhar seu final, rs.

Abs,
LS. continuar lendo

Fico a pensar no papel da AGU... Será que seu representante, Luiz Inácio Adams, realmente é representante da União, ou do partido político atualmente ocupante da chefia do Poder Executivo?

Em seu papel de defensor da União, seu comportamento guarda mais semelhança como representante jurídico do partido dos trabalhadores, em suas tentativas de defender o indefensável. Justificam as chamadas "pedaladas fiscais" com argumento que, sinceramente, infantis ou infantiloides, não sei ainda bem ao certo. Dizer que outros presidentes e outros partidos já tiveram a mesma conduta não é defesa, é confissão da prática do ato.

A ser levada essa defesa do governo a sério, daqui a pouco réus dos mais diversos crimes podem utilizar em sua defesa tais táticas. Quantos criminosos praticaram condutas e não foram responsabilizados por seus crimes, pelos mais diversos motivos? Diante disto, poderia bem alegar em defesa quanto a prática de um crime que, como todo mundo faz e muitos não são punidos, como somente eu serei punido por uma prática comum a alguns?

Será que isto é sério? A AGU e seu representante acreditam nisto? continuar lendo

Adams é o mais contestado chefe da AGU de todos os tempos. o índice de reprovação do nobre indicado é semelhante ao de Dilma entre os seus pares, passa dos 90%, mas é de extrema fidelidade à quem o indicou, por isso lá permanece. continuar lendo