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16 de Junho de 2024

Acidentes com cargas químicas expõem perigos desse tipo de transporte em MG

Estradas ruins, imprudência e falta de fiscalização contribuem para os riscos. Em três dias, duas ocorrências envolvendo caminhões com carga química ou inflamável foram registradas no estado

Publicado por Carolina Salles
há 10 anos

Caminho com solvente sofreu acidente em Nova Era em protesto por danos a imveis moradores fecharam a BR-381 por oito horas BETO MAGALHESEMDA PRESS

Caminhão com solvente sofreu acidente em Nova Era: em protesto por danos a imóveis, moradores fecharam a BR-381 por oito horas

Apesar da legislação rígida de trânsito e ambiental, a combinação de estradas ruins, imprudência de motoristas e a dificuldade de fiscalizar a manutenção dos veículos têm tornado mais perigoso o já arriscado transporte de produtos químicos e inflamáveis em Minas. Dois acidentes no intervalo de três dias e estatísticas que indicam aumento de ocorrências ambientais nas rodovias evidenciaram o problema no estado. Na sexta-feira, um caminhão-tanque explodiu e caiu no Rio Gualaxo, na MG-262, entre Mariana e Ponte Nova, na Região Central. Além da contaminação da água, a ponte foi danificada e a rodovia está fechada. Na noite de domingo, outra explosão: um caminhão carregado com xampu e solventes pegou fogo às margens da BR-381, em Nova Era, na Região Central. De acordo com o motorista, o incêndio começou no sistema de freios do veículo, e a Polícia Civil não descarta problemas de manutenção. Por causa do acidente, moradores fecharam ontem a rodovia por oito horas.

Estatísticas oficiais mostram que os dois casos não foram isolados. Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), os acidentes com carga perigosa em estradas de Minas aumentaram 153% em sete anos: passaram de 52 ocorrências em 2006 para 132 casos no ano passado. Os números indicam também que as rodovias concentram mais emergências ambientais. Em 2006, os acidentes em estradas representaram 59,7% do total de ocorrências. Em 2013, o percentual foi de 68,7%. Para a diretora de Prevenção e Emergência Ambiental da Semad, Zenilde Viola, o aumento das emergências causadas por acidentes rodoviários pode ser explicada por três fatores: condições das estradas, imprudência de motoristas e comunicação mais frequente de ocorrências. “Nossa legislação é muito rígida, justamente para garantir a segurança, mas o descumprimento é um potencial causador de problemas”, reconhece.

Segundo Zenilde, o transporte de produtos perigosos é regulado pelos governos estaduais e federal. Em Minas, o governo do estado impõe normas para o trânsito entre municípios. No país, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) têm normas que regulam o transporte entre estados. A legislação mineira prevê multa que varia de R$ 50 mil a R$ 500 mil, levando em conta se houve dano ambiental, a dimensão do problema, a reincidência e o porte da empresa. O chefe da Comunicação da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Aristides Júnior, diz que para dirigir esse tipo de transporte o condutor deve fazer o curso de Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP) e portar carteira de habilitação específica para a atividade. Para os veículos, são necessários equipamentos de segurança, como cones, luvas, máscaras, óculos e botas e a indicação com painéis afixados no caminhão explicando o tipo de produto transportado. O motorista também deve portar uma ficha e a nota fiscal da carga.

Imprudência

Na prática, porém, muitas dessas regras não têm sido observadas. De acordo com a delegada Ana Carolina Ferreira de Freitas, da Delegacia de Nova Era, são frequentes os casos de imprudência no transporte de produtos perigosos, além de falhas na manutenção de veículos que resultam em acidentes. Ela afirma que no trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade há muitos casos de tombamento de carga com produtos perigosos. A rodovia lidera o ranking de casos de emergências ambientais em Minas, segundo a Semad. “Os acidentes ocorrem por um somatório de situações. O traçado da rodovia é um dos fatores que se junta à imprudência e ao mau estado de conservação dos veículos, além do baixo efetivo em todas as polícias para a fiscalização”, opina. A delegada lembra casos no trecho de Nova Era, como o de um motorista com nove graus de miopia que dirigia com uma carteira de habilitação falsa e se envolveu em um acidente com uma carga de explosivos. Segundo ela, já houve condutores flagrados dirigindo embriagados ou sem habilitação adequada para o transporte de cargas perigosas. Sobre o caso da explosão de domingo, a delegada adiantou que a informação do início do fogo no sistema de freios, repassada à polícia pelo motorista Rodrigo Fernandes Teixeira, de 34 anos, abre a possibilidade de falha na manutenção. “Um veículo em boas condições não pega fogo à toa. Algum item deve ter sido deixado de lado antes da viagem”, avalia. Ela vai aguardar o resultado da perícia e pedirá à empresa cópia de todos os documentos do condutor, da carga e do caminhão, que foram destruídos no incêndio. De acordo com o motorista, toda a documentação estava em dia e não houve dano ambiental com o acidente. Segundo ele, a manutenção foi feita há dois meses.

Protesto e estradas fechadas

Com a explosão da carga em Nova Era, no domingo, partes do veículo incendiado foram lançadas a até 300 metros de distância, provocando um incêndio no entorno. Muitos imóveis tiveram telhas e vidros quebrados, portas e janelas arrancadas e paredes trincadas. Indignados com os estragos, os moradores fecharam a estrada entre 9h e 17h, cobrando providências e reparos. Já na MG-262, interditada desde sexta-feira, a decisão do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) foi de manter a estrada fechada, após vistoria feita ontem. Com a batida do caminhão-tanque, seguida de explosão, houve deslocamento de 3,5cm na estrutura da ponte sobre o Rio Gualaxo. Técnicos consideraram mais prudente concluir as análises com concreto e ferragens feitas no local, antes de reabrir o trecho para o tráfego. A expectativa é de que o problema seja resolvido em até três dias. Até lá, o tráfego está bloqueado entre Mariana e Ponte Nova, na Região Central. O motorista do caminhão morreu no acidente.

Fonte: Valquiria Lopes e Guilherme Paranaiba -

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/05/13/interna_gerais,528143/acidentes-com-cargas-quimic...

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