Alienação parental: Como as falsas histórias podem prejudicar a integridade dos filhos.

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Primeiramente cabe-nos destacar o que é alienação parental.

Como se sabe, a alienação parental é um conflito existente entre os pais de uma criança ou adolescente que se encontram em processo de separação. Nessa situação, um dos genitores usa o filho contra o outro, com a intenção de fazer com que essa criança ou adolescente rejeite o outro genitor. Ou seja, a alienação parental ocorre quando um dos genitores desqualifica o outro para os filhos com a intenção de prejudicar a relação ou até mesmo romper os laços afetivos existentes com o genitor alienado.

Contudo, esse ato de alienar traz grandes sequelas emocionais que são causadas exatamente pela implantação de falsas memórias nessa criança/adolescente, podendo provocar o que chamamos de Síndrome da Alienação Parental (SAP).

Perguntemos então, como são implantadas essas falsas memórias?

Simples. As falsas memórias são exatamente as histórias que um dos genitores conta em desfavor do outro, carregadas de mentiras e apelo emocional, com o intuito de denegrir a imagem do genitor alienado. É importante destacar que essas histórias permanecem no subconsciente da criança e acabam se transformando em falsas verdades e, consequentemente, em falsas memórias. Geralmente isso ocorre como uma forma de tentar punir o outro pelo rompimento conjugal.

De acordo com Maria Berenice Dias:

Ao abusar do poder parental, o genitor busca persuadir os filhos a acreditar em suas crenças e opiniões. Ao conseguir impressioná-los, eles sentem-se amedrontados na presença do outro. Ao não verem mais o genitor, sem compreender a razão do seu afastamento, os filhos sentem-se rejeitados, não querendo mais vê-lo. Como consequência, sentem-se desamparados e podem apresentar diversos sintomas. Assim, aos poucos se convencem da versão que lhes foi implantada, gerando a nítida sensação de que essas lembranças de fato aconteceram. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo paterno-filial. Restando órfão do genitor alienado, acaba o filho se identificando com o genitor patológico, aceitando como verdadeiro tudo que lhe foi informado.

Esse tipo de comportamento por parte do pai ou da mãe contra o outro, além de trazer consequências psicológicas para a vítima (criança/adolescente) traz também consequências futuras para o genitor alienante.

Sabemos que a convivência familiar saudável é de extrema importância para a construção do caráter e da personalidade dos filhos. Entretanto, com o rompimento do vínculo afetivo e o consequente distanciamento em razão das inverdades proferidas, a personalidade, o caráter e até mesmo a conduta desses filhos serão prejudicadas ao passo que o genitor que comete a alienação também sofrerá com isso, principalmente quando precisar do apoio do outro para conduzir algumas questões difíceis na vida dos filhos.

Os comportamentos mais comuns que configuram Alienação Parental são:

- Recusar de passar as chamadas telefônicas ao filho;

- Organizar atividades com os filhos no horário em que o outro genitor iria exercer o direito de visitas;

- Apresentar o novo cônjuge aos filhos como sua nova mãe ou seu novo pai;

- Impedir que o outro genitor exerça seu direito de visitas;

- Recusar informações ao outro genitor sobre as atividades em que os filhos estão envolvidos (esportes, atividades escolares, grupos teatrais, escotismo, etc.);

- Ameaçar, punir os filhos se eles telefonarem, escreverem, ou ao se comunicarem com o outro genitor de qualquer maneira;

- Culpar o outro genitor pelo mau comportamento dos filhos;

- Desvalorizar ou insultar o outro genitor na presença dos filhos, dentre outras práticas.

Situações desse tipo são bem corriqueiras e são extremamente prejudiciais para a criança e, nesses casos, a mãe ou o pai devem tomar as providencias cabíveis para proteger seus filhos. Pode acontecer da criança até ficar com raiva por não poder ver o pai por exemplo, mas isso porque ela não tem condições de perceber que está sendo manipulada.

É interessante que os pais percebam que denegrir a imagem do outro para os filhos não é a melhor forma de resolver o conflito e que tal prática apenas trará problemas futuros para todos os envolvidos nesse processo. A conscientização familiar e o respeito aos direitos dos filhos a uma convivência saudável com seus genitores são as regras mais importantes no âmbito familiar, mesmo que o relacionamento conjugal seja rompido. Os direitos e deveres de convivência saudável entre pais e filhos permanecem por toda a vida, independente de qualquer conflito conjugal.