Carta psicografada é usada durante julgamento de homicídio em Uberaba
Vítima morreu durante troca de tiros com réu por causa de mulher em 1992. Promotor de acusação não foi encontrado para comentar sentença.
Publicado por Alex Rocha
O réu Juarez Guide, que respondia pelo homicídio de João Eurípedes Rosa, em junho de 1992, foi absolvido durante júri popular na tarde desta quinta-feira (20), no Fórum Melo Viana, em Uberaba. Umas das provas utilizadas pelo advogado de defesa, Rondon Fernandes, foi um jornal da época em que constava parte de uma carta psicografada por respeitado médium da cidade, Carlos Baccelli, autor de mais de 150 livros psicografados. O promotor Raphael Soares Moreira Cesar Borba, representante da acusação, afirmou que teve a iniciativa para inocentar o réu. “Eu mesmo pedi absolvição por legítima defesa e não vamos recorrer, estou satisfeito com a sentença”, afirmou.
O assassinato ocorreu no dia 6 de junho, no Bairro Estados Unidos. Oito meses antes do crime a vítima tinha terminado o relacionamento com uma mulher. João a flagrou com Juarez Guide chegando de carro na antiga casa onde o casal morava. A suspeita era de que a vítima tinha disparado tiros contra o casal e que Juarez tivesse revidado. Durante a troca de tiros, João foi baleado e não resistiu aos ferimentos. “Existem dois laudos periciais onde um testifica que o carro onde o Juarez se encontrava no dia dos fatos foi crivado de balas que foram disparadas pela vítima. E no outro afirma que os tiros em que Juarez se defendeu acertaram o João Eurípedes pela frente e não pelas costas, como havia sido noticiado”, explicou.
O julgamento
De acordo com o advogado Rondon, sete pessoas foram selecionadas para integrar o júri popular.
O réu, que está foragido desde o crime, foi absolvido com o voto dos quatro primeiros selecionados. “Diante de todo contexto probatório, não somente através da carta, mas também em razão dos depoimentos, testemunhos e das provas periciais, o próprio Ministério Público entendeu por bem em reconhecer a tese de legítima defesa e pediu a absolvição, o que é raro. A carta tem 16 laudas e o que juntamos foi um trecho em que a vítima reconhece que deu motivo para o crime. Nela diz que agiu por ódio, ciúme, por ignorância”, afirmou.
Ainda segundo o advogado, o juiz Fabiano Garcia Veronez mandou recolher o mandado de prisão que havia sido expedido contra o réu.
Uma fonte oficial do Ministério Público, que teve acesso aos laudos do processo, afirmou para a reportagem que o uso da carta não teve influência sobre a inocência do réu. “Trata-se de uma notícia original com fotografias da carta que consta no processo e não se refere ao Juarez, nela constava que a esposa da vítima seria inocente. Quando o juiz pediu o arquivamento do processo, ele não levou em conta a carta psicografada, pois não tinha evidência nenhuma do envolvimento dela”, afirmou.
2 Comentários
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Fica claro que o último parágrafo do texto desdiz o seu título. continuar lendo
Está correto o Sr. Promotor de Justiça, pois ele é o fiscal da lei. Se convicto da culpa, deve denunciar e pedir a condenação do agente infrator, porém, se tiver a convicção da inocência do agente apontado como culpado, deve pedir a sua absolvição, como fez nesse caso e, aí, estará praticando a justiça, como se espera. Quanto a carta psicografada, se for de origem idônea, há que ser considerada, para ajudar no convencimento do magistrado, para embasar a sua sentença. continuar lendo