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4 de Maio de 2024

'Fiquei revoltada', diz mãe de criança anã que teve matrícula escolar negada

Escola de Votorantim (SP) foi condenada a pagar indenização de R$ 20 mil. Instituição nega preconceito e afirma que vai recorrer de decisão.

Publicado por Lais Araujo
há 8 anos

O sentimento da mãe de Guilherme Simões Novo, de 9 anos, é de alívio após a decisão da Justiça que condenou neste mês uma escola particular de Votorantim (SP) a pagar uma indenização de R$ 20 mil por danos morais. Guilherme é portador de acondroplastia (nanismo), e, segundo a mãe, teve sua matrícula negada em dezembro de 2012. Em nota, o colégio Bela Alvorada negou qualquer tipo de preconceito contra a criança e afirma que irá recorrer da decisão.

O caso foi em dezembro de 2012 e, de acordo com o decisão da Justiça, na época, a coordenadora de materiais Maria Zilda Jacoia, mãe de Guilherme, chegou a visitar o colégio e teve a matrícula garantida pelos funcionários. "Conheci a escola durante um feriado em Sorocaba. Conversei com os funcionários e expliquei as necessidades dele. A funcionária me disse ainda que não teria problemas por conta do nanismo, já que eles possuíam dois estudantes cadeirantes", diz.

No entanto, a mãe afirma que, após a visita, recebeu uma ligação informando que o filho, na época com 6 anos de idade, seria colocado na lista de espera, já que não havia mais vaga na instituição.

"Eu já estava no caminho para a escola quando ela [funcionária da escola] me ligou novamente informando que não havia mais vagas. Na hora fiquei muito revoltada porque estavam fazendo aquilo com o meu filho. Foi a primeira vez que isto aconteceu", conta.

Segundo a mãe, o nanismo não compromete a capacidade intelectual do filho e limita apenas a parte motora. Por conta da deficiência, a escola precisaria de adaptações, como, por exemplo, cadeiras e vasos menores, além da necessidade de uma profissional acompanhando a criança enquanto ela precisasse utilizar o banheiro.

Após a situação, uma amiga de Maria ligou para a escola e, sem se indentificar, foi informada pela telefonista que existiam vagas disponíveis para a mesma faixa etária de Guilherme, porém sem a deficiência. As conversas foram gravadas e apresentadas durante o processo.

"Eu só quero Justiça. Não me preocupo com o valor, mas sim que a Justiça seja feita", afirmou a mãe em entrevista ao G1. Hoje com 9 anos, Guilherme estuda normalmente em outra escola particular de Votorantim.

Discriminação

No documento, publicado no último dia 7 de janeiro de 2016, a juíza Ana Maria Farrapo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, entende que houve preconceito por parte da escola ao negar a matrícula de Guilherme.

"Resta claro que houve uma conduta da parte requerida [a escola], sendo que, dessa conduta culposa, resultou dano ao autor [a criança] (discriminação e privação de acessibilidade a matrícula escolar, por conta de sua deficiência)", escreveu a juíza na decisão.

Escola nega preconceito

Na defesa apresentada à Justiça, o colégio Bela Alvorada negou preconceito contra a criança e ressaltou ainda que a mãe de Guilherme não teria cumprido determinados requisitos para a matrícula do filho e que, no período solicitado, não havia mais vagas disponíveis na unidade.

Em nota ao G1, o departamento jurídico do colégio afirma que não foi intimado da decisão judicial e afirma que vai entrar com recurso de apelação. "O colégio não tem como conduta praticar qualquer tipo de ato discriminatório e nem tampouco permite que seus colaboradores o façam, sendo certo que no caso em questão não adotou nenhuma atitude que sugerisse a discriminação do menor", escreve.

A instituição afirma ainda que "houve a interpretação equivocada pela genitora do menor de informações que lhe foram prestadas, sendo certo que em nenhum momento foram criados obstáculos para a matrícula do referido menor. O Colégio Bela Alvorada possui reconhecida atuação no sistema de inclusão, trabalhando com vários tipos de patologia, não havendo porque considerar que o caso em questão tenha sido tratado de forma diversa, como de fato não o foi."

Fonte: G1

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14 Comentários

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Gostei do texto, o que me preocupa é o nível de educação que nossos filhos recebem destas escolas particulares abandonadas pela vigilância pública. Escolas como esta, particulares, são várias, quem fiscaliza o conteúdo programático e que acontece dentro delas? continuar lendo

Sempre tem um "$upervi$or" encarregado de fi$calizar a parte pedagógica e administrativa. continuar lendo

- Bem questionável o assunto envolvendo exatamente instituição que se propõe a educar.
- O que dizer então do comportamento dos alunos de tal instituição? Que tipo de cultura se transmitem aos alunos? Que pessoas são essas descompromissadas com o SER HUMANO, uma criança!
- Diante disso melhor é ignorar campanhas de órgãos.
- Pessoas não tem mesmo importância alguma, sou cética nesse sentido! continuar lendo

Nao perca a fe, Analice. Haja de acordo com seus valores, exija seus direitos como ser humano, e sejamos um pouco otimista: talvez o colegio seja apenas gerenciado por incompetentes, e com isto aprendam a melhorar. continuar lendo

Excelente colocação!
Acredito que indagações como essas já seja um início da mudança.
Avaliar a educação de nossas crianças e o meio escolar que elas convivem é de estrema importância.
Trabalhei durante anos em uma instituição de ensino e sei a influência que a escola exerce.
Atitudes como essas são inaceitáveis! continuar lendo

O que houve foi um mal entendido em que a mãe viu oportunidade e se aproveitou, foi exatamente isso!!! continuar lendo

Esta certo disto? acredito mais na mãe garotinho. Obrigado continuar lendo

Ora, são tantas as escolas e, será que essa escola, que é privada reúne as condições de aceitação da criança? Onde está a escola pública? continuar lendo

Em SP as escolas publicas e os docentes aceitam de braços abertos os discentes, mas o problema é que o ensino nessas escolas, não por culpa do pessoal docente, esta na situação dos casos perdidos (sabe aquela hora que mudam o doente da UTI para o quarto para ficar "mais próximo" da família). Não se reprova mais e a convivência, em uma mesma serie, de discentes capazes com os totalmente incapazes, não por culpa destes, torna impossível ministrar o conteúdo. Existem escolas particulares, poucas, que procuram os melhores docentes. A escola pública que o Sr. estudou tipo Caetano de Campos, Fernão Dias e outras da mesma categoria, não existem mais, algumas só o prédio permanece de pé. Hoje a ordem é valorizar a caminhada com a frase que este governo cunhou de que "MAIS VALE UM BURRO ANDANDO DO QUE ELE PARADO". Esta correta a posição da mãe. continuar lendo

Qualquer resposta a estas perguntas nao anularia os direitos fundamentais desta criança. continuar lendo