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17 de Junho de 2024

Logística Reversa e o mau cheiro que atormentou Anápolis

Publicado por Carolina Salles
há 11 anos

Recentemente participamos na Câmara Municipal de Anápolis (14/05), de uma audiência pública para debater o mau cheiro que há meses estava atingindo a cidade por onde o vento batia, causando transtorno de diversas ordens.

Mau cheiro este, vindo do Distrito Industrial de Anápolis (Daia) segundo a população.

Além dos vereadores Anapolinos, estavam presentes autoridades locais, alunos da rede municipal de ensino, representantes do Ministério Público, Saneago, secretarias municipais e da Goiás Industrial que foi apontada como uma das responsáveis pela situação.

Por solicitação da casa, o Ministério Público fez uma avaliação técnica no Córrego Abraão, que é afluente do Ribeirão Extrema que passa pelo distrito e foi detectada a poluição na água.

Por outro lado o sistema de tratamento do Daia se encontra ineficiente para a demanda devido a chegada de muitas empresas para o Distrito Industrial.

Para tomar uma decisão em relação ao problema, a promotoria de Justiça precisava de laudos e afirmou que o único laboratório técnico competente para a realização de analise é do próprio governo através da Saneago.

A representante da Saneago de Anápolis, ressaltou que o problema não pode ser atribuído à empresa. “Não podemos concernir os culpados e sim entender qual é a participação, disse a gerente.

O diretor do departamento jurídico da Goiás Industrial, explicou que a empresa tem um sistema de tratamento de esgoto de efluentes que saem das industriais do Daia com uma determinada capacidade, e quando há um excesso de poluentes por parte das empresas, o limite é ultrapassado (que nos deu a entender; causando o mau cheiro). E ressaltou que o certo seria que cada empresa tivesse um pré-tratamento organizado. Como isso não é possível, a Goias Industrial entra apenas com o auxílio, e disse; Mas não podemos culpar a Estação de Tratamento de Esgoto do Daia, pois há técnicos competentes que fazem o controle. A cidade tem outros pontos para ser corrigido, pois conta somente com 45% de rede de esgoto. O aterro sanitário não é sanitarizado. Temos que aguardar uma resposta da parte municipal, pois a parte estadual está sendo feita”, esclareceu.

Por outro lado o Secretário Municipal de Obras, Serviços Urbanos e Habitação, disse que é necessário trocar todas as redes de água pluvial da cidade, e advertiu a todos dizendo; Muito pior que o mau cheiro são as matérias orgânicas que são jogadas em nossos córregos.

Entre outras acusações ouvimos falar em lançamentos clandestinos aos lagos, inundações devidos as chuvas, redes de esgotos não capacitados para a escoação, lixo doméstico sendo jogado ao tempo, esgotos do Daia, poluição, detritos industriais, etc.

Um vereador tentou atribuir o problema para algumas empresas como as de ração animal, limpa fossas e granjas alegando ficar sabendo que as mesmas podem estar despejando seus dejetos nos rios.

Fiscais da prefeitura municipal interferiu e solicitou nomes, porém a mesa achou que não era o momento adequado.

Em meio ao jogo de empurra pra lá, empurra pra ca, ficou determinado um prazo de 60 dias para os envolvidos apresentarem uma solução para a fedentina e problemática situação do meio ambiente em Anápolis.

Estamos entrando para o dobro do prazo determinado pela mesa diretora da audiência pública e percebe-se os resultados; O MP aplicou multas, o departamento jurídico da Goiás Industrial contesta, investimentos foram anunciados, o mau cheiro deu um tempo, a poeira abaixou e o assunto está quase em banho Maria sob a expectativa de ações positivas por parte dos autores do crime ambiental, devido a mortalidade de peixes e outros dependentes das águas para sua sobrevivência.

Mas isso é suficiente?

Claro que não!

Enquanto não implantar o processo da Logística Reversa em algumas empresas, órgãos públicos e nas indústrias de Anápolis esse desequilíbrio ambiental vai estar sempre presente em nosso dia a dia.

A Logística Reversa elimina os problemas ambientais de forma correta executando projetos sob medida através de avaliações técnicas, licenciamentos, gerenciamentos, pré-tratamentos, transporte e destinação final de resíduos perigosos, remoção, recolhimento e retorno desses resíduos ou embalagens de forma ambientalmente adequada.

A Logística Reversa tem como foco a eficiência do retorno de produtos ainda não consumidos e de produtos já consumidos para o meio natural e social.

Essas atividades têm crescido no Brasil em função do crescimento da economia e das leis ambientais.

Em Anápolis os impactos ambientais indica uma reflexão de responsabilidade reversa devido os danos causados para com o meio ambiente que vem afetando os mais diversos ciclos sociais.

Faz necessário assim um estudo dentro dessa temática, a relação entre planejamento, trabalho, Meio Ambiente e logística reversa no município e região, uma vez que os restígios poluentes e agressivos ao cidadão e a natureza não atinge tão somente de forma local.

É necessário a prática do processo de uma Logística Reversa e assim identificar claramente quem são os principais participantes com suas responsabilidades e atuações práticas.

Para isso o processo reverso tem em seu conteúdo de planejamento:

  • A Política de resíduos sólidos;

  • O Mapeamento dos canais de entrega, descartes e fluxos logísticos;

  • Os cuidados na elaboração de uma política para devoluções de matérias orgânicas e detritos a natureza.

  • Seleção, qualificação e meios de transportadores para devoluções;

  • Formações de canais para descarte dos resíduos e rejeitos;

  • Regras para reciclagem, reutilização, reparo e descarte de resíduos entre outras especialidades.

A Logística Reversa faz bem para a empresa, da matéria-prima ao produto acabado.

É claro que no debate abriu-se um espaço para o público dar sua opinião, e entre as cinco pessoas que tiveram oportunidade ao tempo da casa, ouviu-se pouco conteúdo voltado para uma solução diante das razões apresentadas pelas autoridades presentes.

O problema é sério, é além político, por isso deve ser tratado com profissionalismo uma vez que envolve agressões ao Meio Ambiente resultando em graves consequências a vida e ao meio social.

É pertinente lembrar as autoridades que a vida deve ser preservada acima de qualquer posição e escala social, e que em qualquer estrutura organizacional as pessoas precisam sentir segurança, que são importantes e respeitadas sejam elas ocupando qualquer espaço, cargo ou em qualquer escalão, porque o desrespeito ao Meio Ambiente é desrespeitar o cidadão e a si próprio.

Para o bem de todos, no presente e no futuro, reciclem vossos pensamentos fazendo um reverso em vossas decisões.

(Aroldo Ferreira dos Santos, presidente da Associação dos Gestores e Profissionais de Logística de Anápolis)

Fonte: AROLDO FERREIRA DOS SANTOS - DIÁRIO DA MANHÃ - http://www.dm.com.br

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1 Comentário

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Luiz Antonio Ribeiro
1 ano atrás

Moro no cerejeiras 2 e sofro com esse problema. A noite um cheiro insuportável invade o bairro inteiro. continuar lendo