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16 de Junho de 2024

Procura de superendividados por ajuda na negociação cresce 400%

A maior parte das pessoas que deve mais do que ganha é formada por quem é casado, tem ensino superior, emprego fixo e um salário superior a R$ 3 mil. Gente que falhou no próprio ajuste fiscal e agora quer limpar o nome na praça.

há 9 anos

Procura de superendividados por ajuda na negociao cresce 400

Já ouviu falar naquela expressão popular que diz que ‘fulano está devendo até as calças’? É o jeito que a avó da gente usa pra se referir a quem está super endividado. E encontrar brasileiro nessa situação está cada vez mais comum.

O Procon de São Paulo tem um programa para quem precisa de ajuda para negociar as contas. E a procura por esse auxílio aumentou 400% nos últimos dois meses. As histórias são as mais diferentes: entre quem gastou demais ou teve que lidar com um imprevisto, é muita gente tendo que fazer ajuste fiscal em casa pra lidar com as contas.

‘Eu pago o de hoje, o essencial pra poder viver, mas o atrasado eu não consigo pagar’, diz o profissional de TI, Victor D'Alessandro. Ele ficou desempregado às vésperas do nascimento da primeira filha. Estava fazendo faculdade e querendo apostar num trabalho de autônomo. A confusão levou ao endividamento que levou ao nome sujo na praça.

O perfil do Victor se encaixa no que o Procon chama de superendividado. São pessoas que devem mais do que aquilo que ganham por mês. Para ajudar os devedores a negociar com os credores, o Procon faz uma varredura nas contas e no que você ganha, e começam uma negociação.

‘Nós fazemos uma entrevista e analisamos a condição socioeconômica e o grau de endividamento da pessoa. Com base nessas informações, nós avaliamos qual o montante que a pessoa dispõe para pagamento e aí procuramos o credor para fazer a negociação’, explica Diógenes Donizete, coordenador do Núcleo de Tratamento ao Superendividado do Procon SP.

A fila de espera pra ser atendido no programa passou de uma semana para mais de dois meses nos últimos dois meses. Um dado que pode ser lido de duas formas: se de um lado tem muita gente devendo, do outro, também é muito devedor querendo negociar. ‘A pessoa já vem pra ca preocupada, com o nome indo pro Serasa e SPC. E ela já tentou por várias vezes negociar com o credor, mas só viu a dívida aumentar’, completa Donizete.

O que surpreende nos dados coletados pelo Procon é o perfil dos devedores. 47% tem ensino superior, quase 80% ou tem emprego fixo ou é aposentado e a renda média desse pessoal é de R$ 3.860. A maioria também assume, ficou endividada porque perdeu as contas. O educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito, José Vignoli, dá três dicas importantes pra evitar o buraco sem fundo do super endividamento:

Primeira dica: tome cuidado com a ostentação. Gastar dinheiro que a gente não tem só para parecer melhor não está com nada. ‘É uma influência da sociedade e dos outros muito grande, eu preciso casar e morar num apartamento X, mas peraí, por que você não pode morar mais longe?’, diz o economista.

Segunda dica: analise o quanto você ganha e estabeleça um padrão de vida em que não gaste exatamente todo esse dinheiro. ‘Viver acima das suas possibilidades é viver a plenitude da sua renda, você tem que viver um ou dois degraus abaixo da sua renda porque você precisa ter folga’, alerta Vignoli.

Terceira dica: não tenha vergonha de abrir para a família as dificuldades financeiras e peça ajuda na hora de cortar despesas. ‘São coisas chatinhas, o assunto é chato, é duro, mas as pessoas precisam saber a realidade’, finaliza o educador financeiro.

Nenhum superendividado está contente com essa situação. Uma pesquisa da SPC Brasil mostrou que 48% dos inadimplentes estão com vergonha por terem dívidas. Um terço se sente menos produtivo no trabalho por causa da preocupação e 46% assume que está infeliz.

Mas tem gente que lida bem com o cenário de crise: a produtora Fernanda Segura tem uma dívida de R$ 20 mil, um valor muito acima do que ela ganha. Mas a Fernanda está tranquila. E certa de que, no final, tudo vai dar certo. ‘Eu vou ter que pedir um empréstimo no banco, se eu não conseguir, aí eu tenho um problema. Mas eu tô tranquila, devo não nego e pago quando puder’, brinca.

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