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29 de Abril de 2024

Brasil, onde um comentário de uma jornalista sobre a violência choca mais que a própria violência.

Publicado por Gustavo Melo
há 10 anos
A Jornalista Rachel Sheherazade emitiu uma opinião a respeito de um menor infrator que fora espancado por populares e preso a um poste sem nenhuma peça de roupa. Ela disse que isso é resultado de um Estado omisso, uma justiça falha e uma polícia desmoralizada, o que torna compreensível a atitude dos agressores. Não digo aqui que eles tinham o dever de fazer aquilo, apesar de o art. 301 do Código de Processo Penal dizer que "Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito".

Partindo desse pressuposto, chegamos a conclusão de que, pela lei, os agressores não estavam errados. Errado está este governo, que mandato após mandato não muda o quadro de violência que se alastrou pelo Brasil, já que deixou de investir em segurança e educação como deveria, o que evitaria a entrada desses jovens no mundo da criminalidade.

E os Nobres Representantes dos Direitos Humanos, que chegam tarde e ainda defendem justamente aqueles que causam terror na sociedade. Aí quando recebem a sugestão de que devem adotar um bandido, acham ruim. A coerência mandou abraços!

Ok, eu sei que a qualidade das prisões no Brasil é da pior categoria. Eu concordo que o meliante deva cumprir sua pena com toda a dignidade, afinal, é um princípio constitucional do qual eles gozam, ASSIM COMO PESSOAS DE BEM. E quando a ação é justamente contra essa classe que contribui genuinamente para o crescimento do país, vocês fazem de conta que nem existimos, dando mais força a impunidade.

E o pior é que quando criticamos vossos atos, somos alvo de repúdio. Pois todo bandido é um coitado, que não teve condições de se sustentar de maneira honesta e usou da desonestidade para sobreviver, que pena! Mas e da mãe que perde um filho num assalto, de um filho que perde o pai, de um profissional que é assassinado em pleno ambiente de trabalho, vocês têm pena?

Se eu acho que bandido tem que morrer? Não, mas sim pagar pelo que fez e pagar de maneira digna. Sou a favor da Lei de Talião? Não, como cristão, fui ensinado que não se deve combater o mal com o mal, mas sim com o bem (Romanos 12:21, Bíblia Sagrada), e o bem é dar uma educação de qualidade às nossas crianças, é tratar o preso não como um caso perdido, mas sim como alguém que tem salvação, inserindo-o de volta para a sociedade como uma nova criatura.

O problema é que enquanto essa hipocrisia estiver ao nosso redor, este sonho não passará de uma mera utopia.

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96 Comentários

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Acredito que o art 301 do CP não torna lícita a conduta dos que espancaram o suposto menor infrator.
Prender alguém encontrado em flagrante delito difere completamente da conduta que o grupo teve, a qual se assemelha à tortura.

Não consigo compreender como uma "jornalista" consegue defender, apoiar e estimular este tipo de conduta. É, no mínimo, bizarro.
O que ela fez foi clara apologia à violência. Não precisa ser militante dos Direitos Humanos para perceber isto.

Além de tudo, ela ainda sentenciou uma pessoa como "marginalzinho" sem provas, sem devido processo legal, sem ampla defesa.

A violência está demais, claro, ninguém tem dúvidas disto. Pra mim isto seria mais um motivo para não fazer apologia à violência, e, sim, para combatê-la continuar lendo

Concordo plenamente com voçê Moema. O direito de qualquer do povo prender em flagrante não se confunde com o direito de espancar alguém, aliás ninhguém possui tal direito, pois viola os direitos humanos.
De fato, todos são inocentes até que se prove o contrário e não cabe a uma jornlista a função de julgar um cidadão, sobretudo sem contraditário.

Como sempre Moema, suas palavras são sábias e ponderadas. continuar lendo

"defender, apoiar e estimular". Ela disse que era "compreensível", ou seja, consegue-se entender o porquê. continuar lendo

Não foi só isso o que ela disse, Reinaldo de Carvalho SIlva. Vc viu o vídeo inteiro? continuar lendo

Acredito que concordar é diferente de apoiar, e isto a repórter não fez. Incitar, concitar são ações que podem configurar a apologia, agora, concordar com um ato através da publicação da opinião fundamentada em foro íntimo, ainda não é crime. Assim como definir alguém como marginal não necessita ainda do crivo de um processo legal, pois não é sentença. Definir alguém como criminoso sim, sendo este todo aquele que comete crime. Neste caso, qualquer pessoa pode vir a ser um criminoso, mesmo não sendo um marginal. Já o marginal, é aquele camarada desocupado, vagabundo, que escolhe viver à margem da sociedade, não sendo necessariamente para tanto, um criminoso. Concordamos que para ser classificado como marginal, não há necessidade de ampla defesa não é mesmo? Não leve à mal meu comentário Moema, sei o quanto é difícil separar a razão da emoção, tanto quanto é difícil perceber que no Brasil, justiça e o direito parecem não tutelar os mesmos valores. continuar lendo

Leva êle pra casa e vá confortar a família das vítimas! continuar lendo

"Brasil, onde um comentário de uma jornalista sobre a violência choca mais que a própria violência" PERFEITO! Esta frase dispensa qualquer comentário acerca do curso do texto, pois independente do que a jornalista disse, a notícia deveria ter tido repercussão, porém, estamos anestesiados, não importa mais o crime, a violência, o que importa é a pessoa que tem coragem de dizer o que muitos querem, mas guardam. continuar lendo

Apoiado Adriana, vc falou e acertou o âmago da questão. Parabéns. continuar lendo

Boa!!!!! Adriana. Você falou e disse. continuar lendo

Independente de julgamentos, parabenizo a jornalista Rachel Sheherazade, por ter provocado tanta discussão na sociedade. A Constituição Brasileira, que completou 25 anos o ano passado, é desconhecida pela maioria da nação brasileira e também desrespeitada por tantos, inclusive por aqueles, que em suas instituições poderosas, deveriam garantir a efetividade da mesma. É lamentável viver em um país onde os poderosos são corruptos, os controles ineficazes, a justiça tão lenta e uma polícia tão despreparada, com salários tão baixos e planos de carreira tão duvidosos. continuar lendo

Parabéns ao nobre colega, pelo enunciado, concordo plenamente, não que eu seja a favor de combater violência com violência, porem, hoje no Brasil, o criminoso tem mais direitos que o trabalhador, como operador do direito é lindo ler e falra que por mais que a pessoa esteja sendo acusada, ela tem direito constitucional a defesa, e ninguém pode ser punido senão por uma sentença judicial, isso é fabuloso, porem não é a muito tempo a nossa realidade. Hoje no Brasil é muito mais fácil soltar, deixar de punir alguém do que conseguir uma condenação, e esta quando vem, traz regalias ao condenado, onde independente do crime se cumpre um terço da pena, ou recebe o benefícios como indulto de natal de dias das mães, e como vemos todos os anos, estes que já cumpriam uma pena seja pelo que tenham cometido, saem e cometem novos delitos, isso quando retornam, não sou adepto a pena de morte, acho que isso poderia trazer muita injustiça, mas penso que as penas teem que trazer o receio a fim de coibir as praticas de delitos, me lembro que na época em que eu ara criança,se fizesse alguma coisa bobo como pular o muro de uma casa para pegar uma bola, e alguém me falasse que iria chamar a policia e eu iria para a FEBEM, ficava em panico, hoje as crianças sabem que podem fazer o que quizer, e que mal ficarão na delegacia de policia, e se por ventura vier a ficar ficara por em média 3 anos.
Concordo com a moema, de que deveria haver presídios dignos etc, mas me perdoe, não consigo pensar em falar de direitos humanos, para uma pessoa que matou um pai de família, para subtrair um celular.
Ai virá a seguinte indagação, nem todos os ladões de celular agem com violência, e agridem suas vitimas etc, concordarei com esta visão, porem devemos refletir este que hoje mata, como será que ele iniciou sua carreira ??
Desculpem o desabafo continuar lendo