Escritura de União Estável Poliafetiva é lavrada em cartório de notas
Uma união de três mulheres é registrada em escritura pública no tabelionato de notas do Rio de Janeiro.
No Estado de São Paulo já houve uma situação parecida, onde no caso em concreto foi uma união entre duas mulheres e um homem. Porém, neste caso atual é uma relação de afeto entre três mulheres, no Estado do Rio de Janeiro.
Sabido que atualmente no Brasil não existe previsão e nem vedação legal para lavratura de escrituras como essas. Haja vista que, se trata de uma declaração dos usuários que chegam ao ofício de notas e solicitam a publicidade da situação de convivência nas notas públicas. E, como no cartório de notas realiza o desejo do declarante, desde que não seja contrário ao ordenamento jurídico (neste caso, entenda-se como lei), a moral, ao bons costumes e nem os princípios gerais do direito, todas as demais situações podem ser declaradas, inclusive uma União Poliafetiva.
Muitos entendimentos já são postos em xeque para uma possível aceitação e regulamentação jurídica, como já houve, outrora, por ordem de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), no caso das uniões homossexuais. Porém, ainda haverá diversos debates e posicionamentos para se chegar num consenso.
Finamente, segue notícia extraída do sítio eletrônico do O Globo, a respeito desta nova lavratura de escritura pública de União Estável Poliafetiva, ipsis litteris:
"O 15º Ofício de Notas do Rio, na Barra, oficializou, na última terça-feira, a primeira união entre três mulheres no Brasil. As chamadas relações poliafetivas viraram um dos assuntos do momento, inspirando, inclusive, a série documental do GNT “Amores Livres”, de João Jardim, diretor de “Lixo extraordinário”, indicado ao Oscar.
O relacionamento que foi reconhecido em cartório envolve uma empresária, de 32 anos, uma dentista, também de 32, e uma gerente administrativa, de 34. Elas constituíram uma união que inclui testamentos de bens e vitais (caso uma das mulheres esteja à beira da morte, ligada a aparelhos, por exemplo, apenas as outras duas podem decidir o que fazer).
Foram apenas três semanas entre a decisão de formalizar a união, assistida pela advogada Marta Mendonça, e a assinatura dos papéis. A ideia surgiu após a empresária ter resolvido que vai engravidar em 2016. Na certidão do nascimento do bebê, ela quer os sobrenomes das três. E elas estão dispostas a brigar na Justiça para que esse desejo vire realidade.
— Somos uma família. Nossa união é fruto de amor. Vou engravidar, e estamos nos preparando para isso, inclusive, financeiramente. A legalização é uma forma de a criança e de nós mesmas não ficarmos desamparadas. Queremos usufruir os direitos de todos, como a licença-maternidade — diz a empresária.
O trio, que não mudou os sobrenomes, mora em um apartamento de três quartos — mas todas dormem na mesma cama. O sexo pode acontecer a três ou entre as duas que estiverem mais dispostas na hora. Ciúme? Só no início da relação. Hoje, garantem não ter mais.
A advogada Fernanda de Freitas Leitão, tabeliã do 15º Ofício, explica quais são os benefícios para quem constitui esse tipo de união:
— Pleitear pensão previdenciária, admissão no plano de saúde e declaração conjunta do Imposto de Renda. Além disso, é possível estabelecer direitos patrimoniais. Porém, depois de lavrada a escritura de união poliafetiva, não é garantido que ela produzirá os efeitos pretendidos nos órgãos competentes.
A filosofia ‘‘não à monogamia’’ faz sucesso na literatura, no cinema e na TV, como mostra ‘‘Amores livres’’. Jorge Amado escreveu “Dona Flor e seus dois maridos”, cujo título já explica tudo. Em ‘‘Eu, tu, eles’’, de Andrucha Waddington, a personagem de Regina Casé mantinha relações com três homens. Na telinha, em 1985, tivemos a Zelda Scott, personagem de Andréa Beltrão em “Armação ilimitada”: ela namorava os personagens de André Di Biase (Lula) e Kadu Moliterno (Juba). Ainda na TV, em “Império”, foi um sucesso o papel de Viviane Araujo, a Nana, que terminou o folhetim ao lado dos personagens de Aílton Graça, Xana, e Lucci Ferreira, Antônio.
No Rio, uma vez por mês, pessoas que mantêm relações poliafetivas se reúnem no Parque Lage.
Fonte: O Globo"
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