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29 de Abril de 2024

Novo Código Civil: Uma Revolução Silenciosa no Senado Brasileiro

Publicado por Perfil Removido
há 2 meses

Novo Código Civil: Uma Revolução Silenciosa no Senado Brasileiro

O presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está buscando acelerar a tramitação de uma proposta que, na prática, cria um novo Código Civil para o Brasil. Esta proposta, se aprovada em sua forma atual, alteraria a essência e grande parte da estrutura do Código Civil existente, promovendo uma revolução legal no país. A proposta atende às demandas de grupos que defendem o aborto, a identidade woke e a ideologia de gênero, e propõe mudanças radicais nos conceitos legais de família e pessoa. Na semana passada, uma comissão de juristas formada pelo Senado elaborou um anteprojeto para modificar o Código Civil. Este anteprojeto está aberto para receber emendas até sexta-feira (8). Após esse prazo, o documento começará a tramitar na Casa.

As mudanças mais significativas propostas incluem:

  1. A definição de um feto como “potencialidade de vida humana pré-uterina ou uterina”, introduzindo a ideia de que um bebê, antes de nascer, não teria vida humana.
  2. O reconhecimento de uma “autonomia progressiva” para crianças e adolescentes, que teriam sua vontade considerada em todos os assuntos relacionados a eles, de acordo com sua idade e maturidade. Isso poderia facilitar, por exemplo, cirurgias de redesignação sexual sem a necessidade de consentimento dos pais.
  3. A previsão de que um pai perderá sua autoridade parental na Justiça se submeter o filho a “qualquer tipo de violência psíquica”. A lei não especifica quais atitudes seriam classificadas como “violência psíquica”.
  4. A previsão de que animais de estimação podem compor “o entorno sociofamiliar da pessoa”, e que a relação afetiva entre humanos e animais “pode derivar legitimidade para a tutela correspondente de interesses, bem como pretensão reparatória por danos experimentados por aqueles que desfrutam de sua companhia”. Isso elevaria o status jurídico da relação entre pessoas e animais, abrindo espaço para o reconhecimento legal do que tem sido chamado de “família multi-espécie”.
  5. A introdução do conceito de “sociedade convivencial”, que poderia abrir caminho para a inclusão de uniões poliafetivas na legislação brasileira.

A comissão de juristas que elaborou o anteprojeto é presidida por Luis Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A relatoria do documento é de Rosa Maria de Andrade Nery e Flávio Tartuce. As principais figuras envolvidas na elaboração do documento que está prestes a ser debatido no Senado têm se referido ao projeto atual como uma “revisão” ou “atualização” do Código. No entanto, as alterações são tão significativas - o documento com as propostas tem 293 páginas - que o próprio site oficial do Senado já se referiu ao projeto como um “novo Código Civil”.

A criação de um novo Código Civil é um evento raro; a versão atual tem apenas duas décadas. O Direito Civil é o ramo do Direito que estrutura todas as relações estabelecidas pelas pessoas desde o nascimento até a morte, e onde se discutem conceitos como pessoa, casamento, família e propriedade do ponto de vista legal. Por isso, o Código Civil é fundamental dentro do sistema político e serve de base conceitual para grande parte das outras leis do país. Não é por acaso que as democracias geralmente preferem uma abordagem cautelosa em qualquer tentativa de revisão do Código Civil, com longo escrutínio público, participação de diversos setores da sociedade civil e envolvimento direto de parlamentares com diferentes visões. No entanto, a discussão da proposta atual tem sido acelerada por figuras como Pacheco e Salomão. O presidente do Senado deixou claro no início do ano que o Código Civil seria uma de suas prioridades para 2024. A aprovação do documento é vista como um possível legado de sua presidência, que o endossaria, entre outras coisas, para indicar o próximo líder da Casa. A pressa para aprovar o Código também tem outra motivação: evitar a atenção e a resistência das bancadas conservadoras, que podem obstruir o projeto.

O Brasil teve, até hoje, apenas dois Códigos Civis: o de 1916 e o atual, que é de 2002. Para a produção do Código Civil atualmente em vigor, houve décadas de maturação e amplo debate. O anteprojeto do documento de 2002 começou a ser elaborado no final da década de 1960, o que reflete a importância dada à prudência na reformulação do documento que rege as relações civis no país. Em outros países, a situação tende a ser semelhante. Na Alemanha e na França, reformas recentes de menor escala do que a que deve ser debatida no Senado brasileiro foram discutidas por mais de dez anos. A oportunidade para sugestões sobre o anteprojeto do novo Código Civil foi aberta na semana passada e terá seu prazo encerrado na sexta-feira - ou seja, o Senado brasileiro deu apenas duas semanas para a sociedade discutir o documento.

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35 Comentários

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Excelente artigo. Essa tentativa de alteração do Código Civil é uma aberração. continuar lendo

O Brasil espera que o senado , tenha sabedoria para não aprovar essas mudanças, os acordos entre políticos e alguns do judiciário, só vem alterando alguns posicionamentos , para agravar as condições do Brasil. continuar lendo

Rídiculo isso. Como dito no texto acima, um Código Civil, considerado a Constituição da vida do cidadão, ou seja, mais importante que a CF na vida prática, tem de ser ampla e publicamente debtido ainda mais quando traz modificações de tamanha monta, inclusive na pauta de costumes, sendo, totalmente antecristão em um país de imensa mioria cristã católica. Como tudo, ultimamente, no Brasil, é uma verdadeira vergonha, uma nojeira indisível dessa turba louca. Deus tenha misericórdia de nós porque os filhos do inimigo estão todos posicionandos para acabar com a nossa sociedade. Até o Direito virou meio de destruir a sociedade. continuar lendo

A alteração está tramitando silenciosamente... E porque será? Vai mudar significativamente a natureza de vários institutos e o Brasil está calado. continuar lendo