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1 de Maio de 2024

Número de homicídios de pessoas LGBT pode ser recorde em 2016

Publicado por Agência Brasil
há 7 anos

Nmero de homicdios de pessoas LGBT pode ser recorde em 2016

O número de homicídios de pessoas gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais deve crescer em 2016 e superar as ocorrências dos últimos anos. A tendência é revelada pelo Grupo Gay da Bahia, que anualmente elabora o Relatório de Assassinatos LGBT no Brasil. Dados preliminares do levantamento apontam que o ano deve ser fechado com o total aproximado de 340 mortes, maior número registrado nos últimos anos.

“No ano passado (2015), foram 318 mortes. Até agora, estamos com 329 mortes, mas temos alguns casos aguardando confirmação e o ano deve ser fechado com aproximadamente 340 mortes. Em 36 anos que monitoro os dados, nunca chegamos a esse número”, afirmou Luiz Mott, antropólogo fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB).

Segundo ele, o aumento se deve a vários fatores, como a coleta mais sistematizada de informações e a reação conservadora ao maior número de pessoas que vem assumindo sua condição sexual. “Hoje, tem mais homossexuais e trans saindo do armário por causa das paradas gays e outras campanhas; e isso os deixa mais expostos a situações de violência, o que levou ao aumento generalizado de crimes”, explicou Mott.

O estudo mostra que a maior parte das mortes (195) ocorreu em via pública, por tiros (92), facadas (82), asfixia (40) e espancamento (25), entre outras causas violentas. O assassinato de gays lidera a lista com 162 casos, seguido dos travestis (80), transexuais femininas (50) e transexuais masculinas (13). A instituição recebe informações das mortes por outras entidades, por familiares e amigos das vítimas, mas a principal fonte da base de dados são os casos divulgados pela imprensa. O levantamento é reconhecido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos.

A subnotificação das mortes ainda é um desafio para as entidades que monitoram o problema. Mas, só pelos resultados do último relatório, a ONG constatou que uma pessoa LGBT morre a cada 28 horas no Brasil. E se a tendência de aumento se confirmar, o intervalo pode cair para 24 horas. “É apenas a ponta do iceberg, porque muitos são assassinados e as testemunhas escondem”, disse Mott.

Nordeste lidera

O estudo mostra que a liderança dos casos nos últimos anos é do Nordeste, mas outras regiões tem despontado com casos graves. “Atribuo isso ao conservadorismo e à falta de informação. A surpresa deste ano é o estado do Amazonas, que registrou até o momento 29 mortes. Proporcionalmente, o dado é chocante, embora São Paulo sempre registre o maior número absoluto”, disse Mott.

Entre os casos contabilizados, está a morte recente do ambulante Luís Carlos Ruas, espancado na noite de Natal por dois homens, numa estação de metrô em São Paulo, ao defender moradores de rua e travestis. O GGB configurou o ataque como um crime LGBTfóbico. Apesar de se tratar da morte de um heterossexual, de modo indireto “não deixa de ter também um crime LGBTfóbico. Afinal, a confusão começou pela defesa de uma travesti”, explicou Agatha Lima, integrante do Conselho LGBT de São Paulo e da Associação de Transexuais, Travestis, Transgêneros.

Cerca de “99% dos crimes contra LGBTs tem como agravante a intolerância, além da vulnerabilidade de grupos como os travestis, que geralmente estão nas ruas em condições mais marginalizadas, envolvidas com prostituição e uso de drogas devido à exclusão sofrida em outros espaços da sociedade”, explicou Mott. A opinião é compartilhada por outras organizações de defesa dos direitos das pessoas Trans, que engloba homens e mulheres transexuais e travestis.

Líder mundial

O alto índice de violência levou o Brasil à liderança do ranking mundial de assassinatos de pessoas transexuais em 2016. Das 295 mortes de transexuais registradas até setembro deste ano em 33 países, 123 ocorreram no Brasil, de acordo com dados divulgados em novembro pela ONG Transgender Europe. O México, os Estados Unidos, a Colômbia e a Venezuela seguem o Brasil em números absolutos do ranking de mortes de transexuais.

O relatório europeu mostra que, de janeiro de 2008 a setembro de 2016, foram registradas 2264 mortes de transexuais e transgêneros em 68 países. Nos oito anos da pesquisa, o Brasil contabilizou 900 do total dos casos, o maior número absoluto da lista. “Há décadas o Brasil é campeão mundial nos crimes contra a população LGBT. Comparativamente aos EUA, por exemplo, matamos de 30 a 40 LGBTs por mês, enquanto que lá morrem 20 por ano. O principal motivo é a LGBTfobia individual e cultural, que incrementa os crimes letais no nosso país”, diz Mott.

A conselheira Agatha Lima, disse que as associações estão dialogando com a ONU sobre essa questão. “Em primeiro lugar, isso é um absurdo. Em segundo lugar, ao mesmo tempo que o Brasil é o país que mais mata, é também o que tem a maior clientela para os profissionais do sexo trans. No país inteiro, existem 1,4 milhão pessoas trans, e 90% delas vivem do mercado do sexo, por causa da exclusão e do preconceito que sofrem no mercado de trabalho formal, em casa e nas escolas”, disse.

Edição: Augusto Queiroz

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A tendencia de homicídios em geral aumenta a todo ano. Não apenas motivados por fobias a homossexuais, mas também por assaltos, sequestros, contendas, tráfico, uso de drogas, vingança, motivos fúteis e torpes, ciúmes, ganancia, e mais todo os tipos de motivos que ultimamente levaram a terminar em morte. A pesquisa da comunidade LGVT só analisa os dados que lhes são afetos deixando de lado os demais casos. continuar lendo

Sem contar que o assassinato do ambulante não confirmou nada disso. continuar lendo

Eles tem que analisar, quantas crianças, adolescente e adultos são mortos que não pertence á classe LGBT? além do mais, quantos travestis se envolvem com o mundo do crimes também? Querem exclusividade, basta criar um decreto e uma comunidade exclusiva pra esta classe.Somos humanos com diferenças de personalidade e caráter continuar lendo

Duas coisas, há a análise desses crimes para se apurar se eles realmente foram cometidos por razão de ódio e preconceito, ou se foram crimes cometidos por outras razões, como um latrocínio, uma briga, algo assim? E outra, buscou-se analisar o aumento relativo ao aumento da quantidade de homicídios em geral? Sempre olho com desconfiança esses dados que se relacionam às minorias, porque em alguns casos eles são, de certa forma, deturpados para tentar se apresentar uma situação que não existe, ou que "não é bem assim". continuar lendo

Então, Aline.

Em primeiro parabéns por ter percebido que em se tratando de pesquisas sobre "minorias" de raça, gênero e sexualidade sempre tem um caroço debaixo do angu. Me dei conta inicialmente disso há cerca de 10 anos, quando trabalhei no IBGE e descobri que aquela famosa pesquisa que diz que mulheres trabalham mais horas em jornadas domésticas e ganham menos 30% de salário mesmo tendo média de escolaridade de 1 ano a mais também diz que homens trabalham cerca de 20% de horas semanais a mais, entram no mercado de trabalho em média seis anos antes, gastam mais horas em média no deslocamento casa-trabalho-casa. Ou seja:

Desde então passei a assim como você, olhar para divulgações de pesquisas sobre questões de minorias com um olhar mais cuidadoso e sempre tem uma treta. Ou é (como no caso da PNAD) uma seleção cuidadosa de variáveis em que se divulga com alarde as informações que interessam (EXTRA! EXTRA! Mulheres ainda trabalham mais em atividades domésticas e ganham menos em média) e esconde-se as variáveis inoportunas (Ihhh, a mesma PNAD diz que os homens ainda trabalham mais horas por semana fora de casa; nas profissões mais perigosas, insalubres e técnicas; e gastam mais horas presos no engarrafamento porque geralmente trabalham mais longe de casa... shhhhhhh, esconde isso, esconde isso, ninguém precisa saber) ou é outra coisa.

No caso dessa pesquisa da matéria é fraude da braba mesmo, como explico num comentário mais abaixo: eles coletam na internet qualquer tipo de morte não natural em que a vítima seja gay ou lésbica (tem desde traficante com 14 passagens pela polícia morto em troca de tiros, passando por suicídio por desilusão amorosa, até um sujeito que injetou silicone no próprio pênis e morreu de embolia). O que tem pouco, mas pouco mesmo, quase nada, são casos em que haja (como você bem colocou) evidências de que a motivação da morte tenha sido a sexualidade da vítima, que deveriam ser os únicos casos listados para que uma pesquisa sobre "mortes por homofobia" fosse honesta.

Pffff, honestidade. Quem está falando em honestidade? continuar lendo

Sinceramente, para mim homicídio é homicídio, pouco importa a vítima, o assassino precisa ser preso e nunca mais ver a luz do sol. continuar lendo