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7 de Maio de 2024
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    Transparência ou privacidade? Eis a questão!

    Publicado por Espaço Vital
    há 14 anos

    A ofensa à privacidade dos empregados, que tiveram seus ganhos divulgados publicamente no saite de autarquia na Internet, reverteu em prejuízo para a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), que pretendia, com o procedimento, demonstrar transparência na gestão.

    Condenada a pagar a dois funcionários uma indenização por danos morais por quebra de sigilo, a empregadora vem recorrendo da sentença, mas o resultado se mantém, inclusive com decisão recente da 6ª Turma do TST de não conhecer do recurso de revista da Appa.

    A autarquia foi condenada pelo Juízo de primeira instância a pagar R$

    por dano moral a cada trabalhador. Ao recorrer ao TRT-9, argumentou que publicou a relação nominal de cargos e remunerações dos funcionários em seu saite oficial na Internet em observância ao princípio da publicidade. Com essa alegação, a empregadora pretendia conseguir a reforma da sentença. No entanto, o TRT paranaense manteve a decisão.

    Para isso, o TRT-9 considerou que a Appa excedeu os limites do razoável. De acordo com o Regional, a autarquia deveria ter agido com moderação, divulgando somente cargos, quantidade e respectiva remuneração, sem o nome dos seus ocupantes. Dessa forma, seria atendida a finalidade de demonstrar transparência e moralidade na gestão, sem atingir a esfera da vida privada dos funcionários ao tornar público os seus ganhos.

    O Tribunal Regional entendeu que, se, por um lado, o princípio da publicidade deve ser observado, não menos importante são os direitos personalíssimos do empregado, os quais ganharam status de direitos fundamentais pela Constituição de 1988.

    O procedimento da autarquia, segundo o TRT, afrontou o artigo , inciso X, da Constituição, que, ao amparar os direitos fundamentais individuais, estipula que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".

    Inconformada, a empregadora recorreu ao TST, alegando que não teve nenhuma intenção de prejudicar ou causar qualquer espécie de dano aos autores e que a decisão de condená-la viola o artigo 37 da Constituição Federal. Além disso, apresentou julgados com entendimento diferente para comprovar divergência jurisprudencial.

    Inicialmente, ao analisar o caso, o relator do recurso de revista, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, esclareceu que, segundo o acórdão regional, a sentença, ao entender como ilícito o ato de divulgação, via Internet, dos salários de todos os empregados da APPA, não viola a literalidade do artigo 37 da Constituição.

    Ressalva

    No entanto, o ministro, ao ressaltar que o artigo 37 dispõe que a administração pública direta e indireta obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, ressalva seu entendimento.

    Segundo o relator, o artigo constitucional, ao contrário do fundamento do julgado, remete à observância do princípio da publicidade, a denotar que ao desconsiderar a licitude de divulgação de valores pagos aos empregados, por ato administrativo em que se relaciona os salários dos empregados da empresa pública, a decisão deixou de dar validade à norma.

    Apesar de sua ressalva, o ministro destacou que a 6ª Turma entende que a decisão que condenou a autarquia não viola o artigo 37 da Constituição Federal, porque o dispositivo aborda tão somente a obediência aos princípios nele elencados.

    O colegiado considerou, então, que o TRT-9, ao condenar a Appa ao pagamento de indenização por danos morais, não ofendeu o artigo 37 da CF, que dispõe acerca dos princípios da administração pública, o que não se discute no caso.

    Por outro lado, os julgados apresentados não serviram para comprovar divergência jurisprudencial. Assim, quanto à indenização, o colegiado não conheceu do recurso, permanecendo a condenação ao pagamento de indenização por danos morais.

    Houve reforma do acórdão regional em um único ponto: por ser a Appa uma autarquia que presta serviço público e recebe recursos estaduais, a Turma aplicou a jurisprudência do STF e determinou que a execução deve se dar por meio de precatório, na forma prevista no artigo 100 da Constituição Federal. (Proc. n. 41440-28.2008.5.09.0322 - com informações do TST).

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