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4 de Maio de 2024

Chacina com 12 mortos no Cabula (Salvador) foi planejada por PMs como vingança

O ato seria uma retaliação após um confronto na Vila Moisés que terminou com um PM da Rondesp baleado no pé.

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 9 anos

Os nove policiais militares envolvidos na morte de 12 pessoas no bairro do Cabula, em Salvador, planejaram o crime como vingança. Esta foi a conclusão que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) chegou após denunciar os militares pelo crime de homicídio e lesão corporalcontra outras seis pessoas.

A chacina foi motivada por um confronto entre a polícia e traficantes da Vila Moisés no dia 17 de janeiro de 2015. Na troca de tiros, um tenente da Rondesp foi baleado no pé e dois jovens morreram. O MP-BA concluiu que a incursão na Vila Moisés no dia 5 de fevereiro foi premeditada e vista pelos envolvidos como uma "resposta a altura" ao tráfico de drogas na área.

Chacina com 12 mortos no Cabula foi planejada por PMs como vingana

Foram denunciados pelo órgão público o subtenente Júlio César Lopes Pitta, identificado pelo MP como o mentor da chacina, assim como os soldados Robemar Campos de Oliveira, Antônio Correia Mendes, Sandoval Soares Silva, Marcelo Pereira dos Santos, Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, Isac Eber Costa Carvalho de Jesus e Lucio Ferreira de Jesus, assim como o sargento Dick Rocha de Jesus.

Nos dias anteriores à ação, os acusados teriam monitorado o local para conseguir mais informações. Na noite da chacina, os nove PMs chegaram no local em duas viaturas com o GPs desligado. De acordo com a denúncia do Ministério Público, os soldados Robemar, Correia, Sandoval, Pereira, Lazaro e Pitta se esconderam em um matagal na Travessa Florestal, nas proximidades de um terreno baldio.

Ao mesmo tempos, o sargento Dick e os soldados Isac e Lucio acuaram e perseguiram com uma viatura diversos usuários de drogas e traficantes, armando uma emboscada. A única rota de fuga possível, segundo o Ministério Público, seria pelo matagal onde os seis PMs estavam esperando.

Ao chegar no terreno baldio, em fuga, as vítimas foram baleadas por rajadas de metralhadoras efetuadas por militares Pitta, Robemar, Correia, Sandoval, Pereira e Lazaro. Os outros três PMs chegaram e também começaram a disparar contra as vítimas que tentavam fugir.

O sargento Dick foi atingido por um disparo de raspão, na cabeça, neste momento. Os nove policiais teriam permanecido no local por quase duas horas, executando com tiros espaçados as vítimas feridas que estavam no matagal.

A ação foi caracterizada pelo Ministério Público como uma "execução sumária". As vítimas fatais foram identificadas como Evson Pereira dos Santos, 27 anos, Ricardo Vilas Boas Silvia, 27, Jeferson Pereira dos Santos, 22, João Luis Pereira Rodrigues, 21, Adriano de Souza Guimarães, 21, Vitor Amorim de Araujo, 19, Agenor Vitalino dos Santos Neto, 19, Bruno Pires do Nascimento, 19, Tiago Gomes das Virgens, 18, Natanael de Jesus Costa, 17, Rodrigo Martins de Oliveira, 17, e Caique Bastos dos Santos, 16 anos.

Ao todo, os rapazes que sobreviveram ao atentado e as vítimas fatais foram atingidos por 88 disparos de arma de fogo. Segundo o MP, os ferimentos deles indicavam que os rapazes tentaram se defender - quase todos apresentavam ferimentos nos braços. Entre eles, somente um - Luis Alberto - respondia na Justiça por posse de maconha.

Ainda de acordo com o Ministério Público, o subtenente Pitta foi acusado de ter comandado, em setembro de 2009, dez policiais militares da Rondesp e Gêmeos em uma sucessão de crimes que culminou na morte de cinco pessoas. Ele é acusado de forjar, na ocasião, um confronto armado entre os PMs e as vítimas - a mesma justificativa dada pela polícia na ação do Cabula.

Com base na investigação instaurada pelo MP e no inquérito da Policial Militar, os promotores ofereceram denúncia contra os policiais por homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Em nota, o MP afirma que a promotoria pediu a prisão preventiva dos denunciados para garantir a ordem pública e o regular andamento do processo.

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19 Comentários

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Me impressiona nesta matéria que a defesa da corregedoria da policia militar da Bahia alega que os policias agiram de forma autônoma, a quantidade de droga aprendia, as roupas camufladas. Demonstração clara das provas forjadas que devem ser investigadas mais afundo, a quantidade de disparos efetuados .E de mais a mais, foram retirados das ruas enquanto aguardam a decisão (os policias envolvidos), e lembro ainda a infeliz citação do Governador da Bahia, que eram esses "policias heróis" este é o heroísmo, exterminar de forma sumaria jovens negros da periferia, trata-se de limpeza social, ainda há muito a ser revelado neste chacina. continuar lendo

Posso afirmar que o Sr. Givaldo Santos não vive no "Mundo Real" , quando afirma que DROGAS, ARMAS E ROUPAS CAMUFLADAS , são provas forjadas. No mesmo sentido , pensamento pequeno esse seu ao insinuar que traficantes que todos os dias atrasam e destroem o futuro do país inserindo seu veneno na infância e juventude , estes que se tornam reféns da droga e nada aprendem , muito menos produzem , impedindo o seu crescimento intelectual e moral.
Prefiro achar que o Sr. não coaduna com a criminalidade deste país , e vive em mundo utópico dominado pelo teatro midiático e pela falácia jurídica daqueles que são abonados por vantagens de detentores de poder a pensar que em sua visão só existem NEGROS na periferia.
Legítima defesa é um termo que vem sendo usado de forma antagônica e que já não protege aqueles que por estrito cumprimento do dever legal e incumbidos do dever de servir e proteger reprimem de forma enérgica e proporcional a injusta agressão.
Digo que , dos escritórios , no sossego dos ar condicionados , a vida tem um sentido quase surrealista , antes de tecer uma crítica tão superficial o senhor deveria estagiar em uma viatura pra conhecer a realidade não a que o Sr. vê pela TV , mas a que te faz abrir os olhos e sair do ápice da alienação. continuar lendo

Chamou-me a atenção o sobrenome de alguns policiais: Isac Eber Costa Carvalho de Jesus e Lucio Ferreira de Jesus, assim como o sargento Dick Rocha de Jesus.

É. A galera "de Jesus" não perdoa. continuar lendo

eles devem ser parentes...com esses Jesus... eu acabo tornando ateu.... continuar lendo

Entre as vítimas também tinha alguns dos Santos, um Virgens e um de Jesus. continuar lendo

Percebi a mesma coisa ... principalmente por ser de Jesus também :x continuar lendo

A noticia foi boa, mas esse seu comentário foi desnecessário. continuar lendo

Ainda bem que vivemos num país democrático, caro Carlos. Como disse o Ministro Barroso:

"A liberdade de expressão não existe para proteger apenas aquilo que seja humanista, de bom gosto ou inspirado"

Grande abraço! continuar lendo

Apenas um episódio que fora esclarecido. Imagina os demais, e as pessoas inocentes que morrem em razão dessa falácia da guerra contra o tráfico. continuar lendo

Uma guerra para inglês ver. continuar lendo

Que o MP denuncie os políticos desta região também! Esses são os principais culpados por essas mortes e essa "guerra contra o trafico". continuar lendo