Deputados denunciam Polícia Federal e Moro: Filme desmoraliza de vez a estrutura apodrecida da república de Curitiba
Os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Paulo Teixeira (PT-SP) e Wadih Damous (PT-RJ) denunciaram, em coletiva nesta quarta-feira (05/04), uma série de irregularidades cometidas por delegados e agentes da Polícia Federal ao se associarem, de maneira informal, à produção de um filme que diz retratar os “bastidores da Operação Lava Jato”.
Para os deputados, foi estabelecida uma “relação promíscua” entre a PF e a produção do filme – que se chamará “Polícia Federal: a lei é para todos” – e os agentes públicos envolvidos devem ser responsabilizados criminalmente.
O empréstimo informal de viaturas, armas, uniformes, carros, helicóptero e avião, além da cessão de agentes, e o fechamento da sede da Superintendência da PF em dia de expediente para gravação de cenas sã algumas das ilegalidades que os parlamentares conseguiram apurar, inclusive a partir de registros oficiais dos sistemas administrativos da corporação.
Ao filme também foi liberado o acesso à carceragem da PF em Curitiba, o que pode configurar violação da privacidade dos presos, entre outras irregularidades.
Tudo isso, na opinião de Damous, é uma espécie de patrocínio informal da PF à obra cinematográfica. “Esse filme integra o cenário de Estado de exceção no qual nos encontramos”, ressaltou.
Em razão disso, os parlamentares vão protocolar, nesta quinta-feira (06/04), uma representação junto ao Ministério Público Federal, cobrando a investigação quanto à possibilidade de cometimento dos crimes de improbidade administrativa, abuso de autoridade, prevaricação e peculato por parte do diretor geral da PF, Leandro Daiello, do delegado Igor Romário de Paula e de alguns agentes.
Com base na Lei de Acesso a Informacao, os parlamentares destinaram a Daiello, no dia 24 de fevereiro, um pedido completo de informações relacionadas ao episódio. Até o momento, não houve qualquer resposta do diretor geral.
“Na medida em que existe um órgão público, é preciso existir um convênio, uma formalização. Estamos em busca desses documentos e não obtivemos nada, nenhuma satisfação até o momento. Isso, por si só, já incorre em crime de improbidade administrativa, o que já foi formalmente comunicado ao Ministério Público Federal e ao Ministro da Justiça”, explicou Pimenta.
O juiz Sérgio Moro também será denunciado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por não ter tomado qualquer atitude efetiva para impedir a cessão ilegal de imagens da Lava-Jato para uso pelo filme.
No aspecto político, os parlamentares consideram muito grave o envolvimento da PF numa produção que abordará uma operação ainda em curso que possui vários inquéritos sigilosos em andamento. A cessão de imagens da condução coercitiva do ex-presidente Lula para o filme, ressaltou Damous, atesta esse interesse espúrio da PF em fazer autopromoção.
“Embora tenha havido proibição judicial por parte do juiz Sérgio Moro, as filmagens do sequestro do presidente Lula não só foram feitas como foram cedidas à equipe de filmagem”, apontou Damous, baseando-se em declarações à imprensa de pessoas envolvidas com a obra, como o ator Ary Fontoura.
“O Estado de exceção é sinônimo de uma série de coisas, dentre as quais a anarquia do sistema de Justiça. Quando o sistema de Justiça é um dos pilares do Estado de exceção, aí tudo pode, como na Roma decadente, como no III Reich decadente”, criticou o deputado fluminense.
Abaixo, a íntegra da entrevista coletiva.
Da Redação
Em 24 de fevereiro, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) solicitou à Polícia Federal (PF) um conjunto de informações sobre a cooperação da instituição e de seus agentes no filme Polícia Federal — A Justiça é para todos.
Pela lei de acesso a informacao, a PF tinha 20 dias para responder as questões (na íntegra, abaixo) do parlamentar.
Até agora não houve qualquer retorno.
Por si só, a não resposta implica crime de improbidade administrativa, denunciou o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) na coletiva dessa quarta-feira (05/06).
Em 22 de fevereiro, Pimenta protocolou também na presidência da Câmara dos Deputados requerimento ao ministro da Justiça, Osmar Serraglio, solicitando praticamente as mesmas informações (na íntegra, abaixo).
O requerimento nunca saiu da Câmara devido a pressões do Ministério da Justiça, acusou Pimenta na coletiva.
Em função disso, os parlamentares estão convocando Serraglio, Daiello e Igor Romário para prestar esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Abaixo, a íntegra dos convites e da convocação.
“Eles vão ser pegos pela vaidade”, diz Pimenta a Rogério Tomaz Jr., logo após a coletiva.
“Este filme é o calcanhar de Aquiles, que desmoraliza definitivamente essa estrutura apodrecida da chamada república de Curitiba”, prossegue Pimenta.
“Praticamente toda a república de Curitiba está envolvida com esse filme”, arremata.
Por Rogério Tomaz Jr, no PT na Câmara, 05/04/2017
Fonte: Viomundo
6 Comentários
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Há antigo ditado chinês que diz: "Não apontes defeitos dos outros com o dedo sujo." continuar lendo
Simples Á vida imita á Arte, ou nossa política sendo desnudada em longas metragens! continuar lendo
Como já disse em comentário anterior, José Neto, não adianta brigar com fatos. Um filme como este não justifica o esgoto em que toda essa gente está metida. Em vez de mostrarem que não roubaram o país, preferem atacar as instituições que os pegaram. É a velha prática de verberar contra a forma para não discutir o mérito. Será que esse pessoal acha que o filme vai melhor a imagem de Lula, de Dilma e dos caciques petistas junto a opinião pública? continuar lendo
Pelo andar da carruajem judicial do STF (Mancando) TSE (Tartaruga) somente acredito piamente em uma intervenção e aqueles que forma indiciados e julgados, presos imediatamente.Precisamos da uma maior "Eficácia" no judiciário que pelo visto ou vistas, será pouco provável.O filme em si não justifica nada, continuar lendo
Deveria concorrer ao Óscar de Não Ficção Científica. A realidade ainda tem muito á ser apresentada. continuar lendo
Um partido que tem sua cúpula presa ou esteve presa e com o líder máximo um penta RÉU também é podre e ainda nós os cidadãos de bem que pagamos impostos nem conseguimos dimensionar o quanto. Logo, não tem MORAL para cobrar atitudes de pessoas que estão a favor da SOCIEDADE de BEM. continuar lendo