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6 de Maio de 2024

‘Problema da escravidão no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar’, diz procurador

Publicado por DR. ADEvogado
há 4 anos



O procurador de Justiça do Ministério Público do Pará (MPPA) Ricardo Albuquerque disse que o "problema da escravidão no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar", durante palestra para estudantes do curso de Direito nesta terça-feira (26), em Belém. Um áudio com esse trecho da fala do procurador viralizou nas redes sociais. O procurador disse, em nota, que o áudio foi divulgado fora de contexto.

No trecho, Albuquerque ainda diz que "não acho que nós tenhamos dívida nenhuma com quilombolas. Nenhum de nós aqui tem navio negreiro". O procurador divulgou em nota enviada pelo MPPA que conversou com estudantes de uma faculdade particular de Belém a respeito das atribuições do Ministério Público em comparação com os Estados Unidos, onde os direitos civis são defendidos pelas ONGs.

O MPPA informou em nota que repudia o teor do áudio e afirma que ele reflete somente a opinião pessoal do procurador. A instituição disse que tem trabalhado para assegurar a implementação de políticas públicas para garantir às populações negras e indígenas a efetivação da igualdade de oportunidades. O órgão ainda reafirmou que não compactua com qualquer preconceito ou discriminação a grupos vulneráveis da sociedade.

Confira a transcrição abaixo:

"A gente não tem culpa de nada. E aqui, professora, eu vou falar uma coisa que talvez muita gente não goste. Mas é o seguinte: eu não acho que nós tenhamos dívida nenhuma com quilombolas. Nenhum de nós aqui tem navio negreiro. Nenhum de nós aqui, se você for ver sua família há 200 anos atrás (sic), tenho certeza que nenhum de nós trouxe um navio cheio de pessoas da África para ser escravizadas aqui. E não esqueçam, vocês devem ter estudado História, que esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar pros portugueses. O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África, para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora! Me desculpa você aí, mas se na minha família não tem nenhuma pessoa que tenha ido buscar um navio negreiro lá na África, como é que eu vou ter dívida com negócio de zumbi, esse pessoal. Agora tem que dar estrutura para todo mundo, tem que dar terra pra todo mundo, mas é porque é brasileiro, só isso. É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, todos, todos, absolutamente todos. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade e eu tô dizendo isso porque eu sei o que rola lá dentro."

Fora de contexto

De acordo com nota divulgada pelo procurador, o áudio é veiculado tendenciosamente e fora de contexto quando o assunto da palestra era o Ministério Público como instituição e não a análise de etnias ou nenhum outro movimento dessa natureza.

A nota reitera que o procurador afirma em vários momentos durante o áudio que "todos são iguais perante a lei. Tanto isso é verdade que o áudio veiculado conclui que não houve a violação do direito de nenhum grupo".

A palestra durou aproximadamente 1h20. O procurador de justiça disse ainda que disponibilizou a palavra aos presentes para que respondessem a críticas, comentários ou curiosidades. A nota diz também que o jurista lamenta que o divulgador não tenha se manifestado no momento e "optou por, de maneira sub reptícia, tentar macular o bom nome de uma pessoa preocupada em contribuir com a disseminação do conhecimento de maneira imparcial".

(Fonte: g1.globo.com)


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21 Comentários

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Contexto nenhum seria suficiente para justificar este tipo de declaração ignorante. continuar lendo

Pois se o índio gostasse de trabalhar não precisava escravizar os negros. (Comentário irônico)
Alguém disse pro Procurador que os índios e os negros foram escravizados no Brasil? continuar lendo

Acredito que ele não deve ter tido um professor de história mais crítico ou menos conservador. (comentário, também, irônico) continuar lendo

Perto do fim da declaração, não posso negar que ele foi coerente: ..."É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, todos, todos, absolutamente todos. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade." continuar lendo

"Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado." Disse o homem branco. continuar lendo

Meu apoio a sua declaração. Com a desculpa de tentar tornar todos iguais, coisa que NUNCA vai acontecer cada um tenta se colocar acima dos outros com a desculta de ser diferente na busca de ser igual. Aprendi que índios foram escravizados mas que trabalhavam mau e por muitas vezes preferiam morrer. Neste caso escolheram os negros que apesar de mais caros e ter que ser importados trabalhavam melhor. Índio nunca escravizou outro índio no Brasil, então a escravidão não era natural para eles. Já os negros escravizavam uns aos outros muito antes dos brancos o fazerem, portanto ser escravo fazia parte da sua cultura, não tinham que gostar mas não era estranho para sua cultura milenar. Agora porque é politicamente incorreto citar os fatos não devemos dizer? A proposito nasci branco pois minha mãe é branca, mas meu pai é negro e também meu sogro. Família negra faz parte da minha vida. Na hora de brigar por vaga em universidade é o maior deus nos acuda para provar que é negro. Quando é preso qualquer pardinho é negro. Estou cansado de tanta luta por igualdade mostrando as diferenças. Que somos diferentes todos sabemos. Em vez de trabalhar o respeito ao próximo criamos leis tentando obrigar os diferente a seres tratados como iguais sem esquecer que são diferentes. continuar lendo

A despeito da total inacurácia histórica e social - e insensibilidade - do Procurador, ele não está, em essência, errado no ponto que levantou. Sim. Negros foram escravizados em massa. Índios também, mas o hiato tecnológico, dispersão populacional e interferências da Igreja, impediram sua escravização na mesma escala.

Mas o ponto é a "política da culpa" - muito em voga hoje em dia, em escala mundial. Políticas públicas dirigidas a expiar os pecados das gerações passadas. Uma coisa completamente ridícula. Cotas, indenizações, comissões, tribunais, e mesmo deportações, relocações e genocídios - para reparar os descendentes remotos de vítimas de crimes de antanho. Tudo movido à base de anacronismo e ignorância. O Brasil, felizmente, apenas engatinha nesse campo - o máximo a que chegou foram cotas raciais - mas essa política asquerosa precisa receber os holofotes que merece. continuar lendo

Sem nenhuma arrogância, sugiro a leitura do livro O DIREITO À DIFERENÇA, do procurador da República Álvaro Ricardo de Souza Cruz. continuar lendo

Estou aqui apenas imaginando Vossa Senhoria do outro lado da história apostasiando esses seus pobres argumentos continuar lendo

Nesse caso, seguindo sua linha de raciocínio, não deveriam haver reparações deferidas às famílias de judeus executados pelos nazistas nos campos de concentração, também. continuar lendo