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30 de Abril de 2024

STJ mantém condenação do Banco do Brasil em razão de fraude contra contribuintes do ICMS

há 10 anos

A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação do Banco do Brasil ao pagamento de indenização à empresa Intermex Importação e Exportação Ltda., referente aos danos morais e materiais sofridos em decorrência de fraude no recolhimento do ICMS aos cofres do estado do Rio de Janeiro. O colegiado entendeu que não houve culpa concorrente da empresa ao contratar despachantes que praticaram a fraude em conluio com uma gerente do banco.

A fraude ocorria com o aliciamento dos despachantes das empresas contribuintes, que, mediante pagamento, entregavam a uma quadrilha os cheques destinados à quitação do ICMS e recebiam as guias de recolhimento do tributo, com a inserção de quitação falsa.

Os cheques eram depositados nas contas correntes dos autores da fraude. Para isso, valiam-se da participação direta e fundamental de uma gerente do Banco do Brasil, que emprestava seu aval aos títulos.

Em decorrência do não recolhimento do ICMS, a Intermex foi multada duas vezes pela Fazenda do Rio de Janeiro, nos valores de R$ 1.284.278,70 e R$ 467.482,77. Na Justiça, a empresa alegou que sofreu danos material e moral.

Responsabilidade comprovada

O juízo de primeiro grau reconheceu a responsabilidade do Banco do Brasil e o condenou a reembolsar a empresa por todos os valores pagos a título de ICMS que, por força da fraude, não foram recolhidos aos cofres da receita estadual, além de pagar R$ 350 mil pelos danos morais.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) apenas reduziu a indenização por danos morais para R$ 180 mil, considerando o princípio da razoabilidade. Entretanto, manteve o reembolso do valor desviado.

No STJ, a instituição financeira alegou que a empresa não provou o nexo causal entre a conduta imputada e o dano sofrido, principalmente porque parte da fraude teria ocorrido fora de suas dependências. Assim, haveria culpa concorrente ou exclusiva, e o Banco do Brasil seria vítima da fraude tanto quanto a empresa, razão pela qual as responsabilidades deveriam ser divididas.

Na boca do caixa

Em seu voto, o relator do caso, ministro Luis Felipe Salomão, destacou que os funcionários do banco constataram a irregularidade dos endossos, mas não impediram o depósito dos cheques em conta alheia, pois havia a validação conferida pela gerente, integrante da quadrilha, que dava o seu visto nos títulos.

O ministro ressaltou também que tanto a sentença quanto a decisão do TJRJ foram enfáticas ao afirmar que a fraude ocorreu na boca do caixa, isto é, os desvios de dinheiro foram efetivados dentro das agências do banco. Assim, não há como se esquivar da responsabilidade sob a alegação de fato ocorrido fora de suas dependências, afirmou Salomão.

O relator lembrou ainda a Súmula 479 do STJ, segundo a qual, as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos causados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

Concorrência

Salomão entendeu também que não se pode falar em culpa concorrente ou, mais precisamente, concorrência de causas ou responsabilidades, uma vez que a conduta da empresa foi muito reduzida em relação à causa determinante da fraude.

Já a conduta da gerente do banco, segundo o ministro, era fundamental para o sucesso da quadrilha, com atuação direta e imediata por meio de ordens que possibilitavam saques ou depósitos em contas dos integrantes da organização criminosa.

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Os funcionários do Banco do Brasil, pelo que eu saiba são concursados e há uma série de requisitos até a sua efetivação no cargo. Eu não tenho queixa sobre o Banco do Brasil, que é por onde recebo, porém tenho problemas com outro Banco que conseguiu me deixar sem condições de sobrevivência. Tenho provas, só não acho um advogado que queira enfrentar esse Banco Particular. A fraude que ele comete é com o correntista (omissão de informação, juros abusivos, pessoal despreparado e ganancioso para obter promoções a qualquer custo, contratação de serviços em desacordo com o que o correntista pede (dentro das possibilidades), não repasse de pagamentos efetuados para os destinatários, ameaças, bloqueio de negociações com outros Bancos, desconto de parcelas em duplicatas, desvio de dinheiro e etc...). Já reclamei junto ao Banco Central, Febravan, mais de uma vez e não tive nenhuma solução. Caso algum Advogado queira me ajudar, agradeceria, pois estou com toda a minha aposentadoria comprometida, não tendo mais dinheiro para pagar as contas normais, nem para comer, por causa desse Banco. A Receita Federal sabe muito bem qual é o Banco. continuar lendo