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4 de Maio de 2024
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    Adequação social pede absolvição de donos de casa de prostituição no RS

    Publicado por Espaço Vital
    há 14 anos

    Sob alegação de que a tolerância social e ausência de dano ou de perigo de dano a valores da comunidade tornam atípica a conduta de manter casa de prostituição, a Defensoria Pública da União pede liminar em habeas corpus, para manter a absolvição de A.F.M. e J.S., donos de uma "casa de shows" na cidade praiana de Cidreira (RS), denunciados pelo crime previsto no artigo 229 do Código Penal.

    Os donos do estabelecimento foram absolvidos em primeiro grau e, também, pelo TJRS, mas o Ministério Público estadual recorreu ao STJ, que determinou ao juiz de primeiro grau que redija outra sentença. Recurso de agravo regimental interposto pela defesa dos empresários contra essa decisão teve provimento negado pela Corte Superior.

    No HC impetrado no Supremo, a Defensoria pede a suspensão, em caráter liminar, da decisão do STJ até decisão final do HC. No mérito, pede que seja confirmada essa decisão.

    Prós e contras

    Ao absolver A.F.M. e J.S., o juiz de primeiro grau fundamentou-se no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, segundo o qual o juiz pode absolver o réu, quando o fato de que ele é acusado não constituir infração penal. O juiz explicitou seu entendimento ao observar que, embora tipificada, a conduta dos réus, quando envolve prostituição de maiores, vem sendo descriminalizada pela jurisprudência, em virtude da liberação de costumes.

    No mesmo sentido se pronunciou o TJRS. Inviável a condenação dos acusados por esse crime, pois, conforme entendimento jurisprudencial, viável a aplicação do princípio da adequação social, que torna o fato materialmente atípico, observou o tribunal, em seu acórdão.

    Ao determinar a prolação de nova sentença, o STJ lembrou que já firmou compreensão de que a tolerância pela sociedade ou o desuso não geram a atipicidade da conduta relativa à prática do crime do artigo 229 do Código Penal. Adequação social

    Em defesa dos donos do estabelecimento, a DPU invoca o princípio da adequação social, concebido pelo jurista e filósofo do direito alemão Hans Welzel. Os defensores públicos adotam o entendimento de que, apesar de uma conduta se subsumir ao tipo penal, é possível deixar de considerá-la típica quando socialmente adequada, isto é, quando estiver de acordo com a ordem social.

    Realce-se ser inegável que a sociedade evoluiu, sobremaneira, no que se refere ao pudor e à quebra de paradigmas atinentes à conduta sexual, afirma a DPU. Noutras palavras, verifica-se um menor nível de censura relacionado à existência de casas de prostituição. Em síntese, o senso comum indica que o corpo social, majoritariamente, tolera a existência delas.

    A Defensoria destaca, porém, que desse entendimento estão nitidamente excepcionadas, em jurisprudência firmada pelo STJ, as hipótese de exploração sexual de crianças e adolescentes (artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente), o rufianismo (artigo 230 do CP) e o favorecimento da prostituição (artigo 228 do CPP), em relação aos quais a sociedade expressa total repugnância.

    Concluindo suas alegações, a DPU sustenta que, embora ainda figure no Código Penal vigente este dos idos de 1940 , a conduta a que se refere o seu artigo 229 (casa de prostituição) deixou de ser vista à conta de delituosa. E deixou de sê-lo porque se trata de um conceito moral reconhecidamente ultrapassado que já não tem mais como se sustentar nos dias atuais.

    O habeas corpus tem como relatora a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. (HC nº 104467 - com informações do STF).

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