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7 de Maio de 2024

Afinal, quanto custou a Copa do Mundo para a sociedade brasileira?

Publicado por JusPodivm
há 10 anos

É “a pergunta que não quer calar” este ano. E que muito provavelmente, já adianto, ficará sem resposta. O Direito Financeiro e as Finanças Públicas dificilmente poderão satisfazer a curiosidade da sociedade brasileira, até porque se trata de uma questão muito mais complexa do que parece à primeira vista.

A começar pelo fato de que os gastos não se resumem a construção de estádios, pois abrangem uma complexa infraestrutura de aeroportos, portos, metrôs, rodovias, rede hoteleira, mobilidade urbana, um sem-número de serviços públicos de segurança, logística e tantos outros que é difícil nominar sem esquecer algum.

Mais. É uma despesa distribuída entre o poder público e os particulares, em relações nem sempre claras e simples de serem contabilizadas, explicáveis pela multiplicidade e diversidade de meios e instrumentos pelos quais se viabilizam.

E, nesse caso, não nos esqueçamos, a relação com o poder público abrange todas as esferas de governo, pois a Copa do Mundo envolveu União, estados e municípios, o que é um grande fator complicador para mensurar, avaliar e tornar transparentes essas despesas. “Vivemos um inferno, sobretudo porque no Brasil tem três níveis políticos”, reclamou Jérôme Valcke[1]. A frase do Secretário-Geral da FIFA, responsável por acompanhar as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo no Brasil, traduz em poucas palavras as dificuldades enfrentadas pela administração pública em um país de dimensões continentais como o nosso, cuja organização adota o sistema federativo, e com clara separação de poderes.

Desde o início, falou-se que a Copa do Mundo seria realizada com recursos privados. Afirmação que, como já se suspeitava, se mostrou inverídica, pois, ainda que muitas ações tenham sido realizadas pelo setor privado, várias delas acabaram sendo de responsabilidade da administração pública, sem contar as inúmeras situações em que a despesa “privada” foi, em boa parte, composta por recursos públicos, como veremos ao longo deste texto.

Neste ponto, é importante ressaltar que nem toda despesa pública consta dos orçamentos públicos. É cada vez mais frequente o fenômeno da “desorçamentação” ou das “off-budget expenditures”, que compreendem uma série de operações financeiras que “escapam” da lei orçamentária anual, mitigando a transparência e dificultando o controle[2]. E elas estão bem presentes em nossa Copa do Mundo.

Especial atenção merecem os gastos tributários (ou tax expenditures, para usar a expressão consagrada por Stanley Surrey), financiamentos (diretos ou garantidos pelo poder público) e gastos realizados por empresas estatais, além de outros que não são apuráveis pela análise dos orçamentos públicos.

Os chamados “gastos tributários” abrangem inúmeras formas de benefícios fiscais, tais como isenções, diferimentos, facilidades tributárias de diversas naturezas que, na prática, resultam em redução de receitas pelo não pagamento de tributos, e devem ser interpretados como verdadeiras despesas públicas. Ainda que os orçamentos devam conter demonstrativo que os contemplem (Constituição da República, artigo 165, parágrafo 6º, e Lei de Responsabilidade Fiscal, artigo , II), nem todos os entes da federação cumprem o que foi determinado, e outros o fazem de forma pouco específica, impedindo que se tenha o exato conhecimento de quanto esses valores efetivamente representam para os cofres públicos. Foram largamente utilizados por todos os entes da federação, e não há dados suficientes e claros que permitam precisar o valor exato[3].

Operações financeiras envolvendo o poder público, quer diretamente pela concessão de empréstimos, quer na forma de garantias, podem onerar o tesouro, e não há como mensurá-las com precisão, deixando uma interrogação sobre quanto custaram muitas das ações governamentais importantes para completar toda a infraestrutura necessária ao evento[4].

De outro lado, grandes obras, apesar de terem sido impulsionadas pela realização da Copa do Mundo, foram e são necessárias para nossa sociedade, e não é razoável considerá-las como “gastos da Copa”, pois continuarão sendo úteis independentemente do evento. Vide os principais aeroportos do país, já há muito defasados em relação às nossas necessidades, e as obras neles realizadas ...

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21 Comentários

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Qual a probabilidade de eu assistir um jogo, qualquer que seja, onde a "gloriosa seleção canarinho" ira atuar. Possivelmente o numero um dividido por aquele oito deitado, cansado de esperar. Esta entre outras razões é que sou contra a copa (com c minusculo, devido a importância que dedico) e tudo que diga respeito a favor dela ai incluindo aquela "sumidade" ronaldinho (r minusculo). continuar lendo

Tanto faz se a Copa for na China, Uzbequistão, Sibéria ou Brasil, 99,9999%, se quiserem ver, será pela telinha da TV... continuar lendo

..E quem vai pagar? Desta vez a roubalheira foi além do escancaramento...e os Brasileiros pagando de idiotas...fala sério. continuar lendo

O correto e esperar o COPA encerrar para contabilizar gastos e ganhos.
Alguém tem dúvida que a COPA não irá gerar superavit para o Brasil?
As marionetes da mídia se agarram no discurso contra a COPA,mas foram os mesmos que em 2009 faziam torcida para que o evento fosse realizado no Brasil. Quem entende a choldra? continuar lendo

Favor tentar contabilizar neste custo as mortes e ferimentos dos trabalhadores que se arriscaram em situações em que devido ao atraso das obras tiveram de abrir mão de procedimentos e equipamentos básicos de segurança.

Contabilizar a remoção forçada de famílias de suas casas e a limpeza social que está sendo realizada em algumas sedes como a que supostamente está sendo realizada em Salvador (segundo alguns jornais, moradores de rua estariam sendo removidos de locais turísticos devido aos preparativos para a copa). continuar lendo