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17 de Junho de 2024

Fiscalização de trabalho doméstico em casa pode ser inconstitucional, diz ministro do TST

Publicado por Senado
há 11 anos

VEJA MAIS CDH realiza audiência interativa sobre Emenda das Domésticas Emenda das domésticas deveria ser debatida em mais comissões, diz Ana Rita

Ao analisar o projeto que regulamenta a Emenda Constitucional das Domésticas das Domésticas, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Mauricio Godinho Delgado disse que "o texto basicamente está muito bom", mas alertou para o item que permite a fiscalização nas casas das famílias. Ele afirmou que esse tipo de fiscalização, sem a autorização do empregador, "esbarra num preceito constitucional que é taxativo: a casa é asilo inviolável do indivíduo". O ministro se referia ao artigo da Constituição, mais especificamente, ao inciso XI desse artigo.

Mauricio Godinho fez essas declarações durante audiência pública sobre o projeto encerrada há pouco, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).

O ministro ressaltou que o projeto determina a aplicação da fiscalização trabalhista conforme indicado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e observou que isso entra em choque com a Constituição, "a não ser que haja autorização judicial ou em algumas situações muito raras, que não têm relação com o trabalho doméstico".

– É preciso que o diploma legal preveja uma modalidade de fiscalização que respeite o preceito constitucional – frisou ele logo após deixar o debate.

Em análise mais ampla do texto do projeto, Mauricio Godinho reiterou: "alguns ajustes têm de ser feitos do ponto de vista técnico, mas a obra está muito bem elaborada no seu conjunto".

A audiência foi conduzida pela presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES). Durante o debate, ela afirmou que "as dificuldades enfrentadas até hoje pelos empregados domésticos, em sua maioria mulheres, é resultado de um processo histórico. O Brasil se configurou como nação tendo como bases ideológicas e políticas o patriarcalismo, o racismo, o elitismo e o preconceito". A senadora também argumentou que essa regulamentação deveria ser analisada em outras comissões do Senado, como a própria CDH, e não apenas na comissão especial criada para o tema.

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2 Comentários

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Adalberto Nazaré
11 anos atrás

A observação de sua Excelência Mauricio Godinho é pertinente, denotando a visão de quem conhece profundamente do assunto tratado, aliás, como não poderia deixar de ser, afinal, trata-se de um grande tratadista do Direito do Trabalho. Faz sentido o argumentado pelo insigne mestre, visto que seria, no mínimo, um despautério um Fiscal do Min do Trabalho adentra, na marra, na casa de alguém sob a alegação de fiscalizar o ambiente de labor do empregado. Seria o fim das prerrogativas da inviolabilidade da residência do cidadão. continuar lendo

O que o Ministro alerta, nada mais é do que o esperado por uma pessoa de conhecimento tão profundo da Constituição como ele possui. Só Lamento o comentário da Senadora Ana Rita que, esta sim, denota verdadeira aversão à privacidade e intimidade da pessoa, quando que ela deveria ser a primeira pessoa a defender esses princípios. Mostra o quanto ela é exatamente aquilo que acusa a classe trabalhadora e ordeira do País, que são justamente os que empregam as domésticas. ("O Brasil se configurou como nação tendo como bases ideológicas e políticas o patriarcalismo, o racismo, o elitismo e o preconceito"). continuar lendo