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3 de Maio de 2024

O Evangelho Segundo Judas

Publicado por Felipe Pinheiro
há 8 anos

Não foi a insatisfação popular nas ruas que deu o golpe de impeachment. Este ato de maior gravidade é resultado de uma política oligárquica, daqueles vistos em curta-metragens de filmes do coronelismo.

As massas que povoaram as ruas de verde e amarelo com a bandeira "meu partido é meu país" foram instrumentos do racismo, da violência e da convulsão social patrocinado pelo modelo '3S'. Penso agora, no programa "uma ponte para o futuro" como se dará a reconstrução do Estado Democrático de Direito?

A resposta e que não se dará, em vista da performance pífia e meliante dos parlamentares que deram a oportunidade de homens não eleitos representarem um grupo maior, e conduzirem os assuntos da esfera pública com a temeridade das normas éticas da esfera privada.

Não pode existir democracia sem que esta construção se dê pelo pleno conhecimento de liberdade para conduzir, por meio do voto legítimo, pessoas habilitadas para o poder executivo e legislativo.

Como pode haver democracia em um projeto, em que a prioridade são os interesses de interrupção de uma investigação por atos de corrupção acoitados pelo poder judiciário?

O conservadorismo arraigado pela intolerância e a imposição da vontade particular fizeram vez e voto neste momento que será escrito à luz do ataque à Constituição da Republica Federativa do Brasil, e será registrado como instrumento de continuidade da plutocracia e da cleptocracia.

Vi e ouvi, os queixumes dos colegas que apoiaram, foram às ruas e fomentaram este assédio ao Estado de Direito, estavam estarrecidos com a postura ignóbil, vil, dos torturadores da ditadura fazendo o seu voto pró-impeachment, que, querendo ou não, representam a petição dos novos caras pintadas. Perceberam de forma tardia o significado da obscenidade e do opróbrio por eles sustentado. Vejo um entristecimento e arrependimento em muitos rostos.

Este fato prova, o que Hannah Arendt espelhou no livro Eichmann em Jerusalém. São pessoas comuns dotadas apenas de um senso biológico de grupo, jaz o mal praticado por seres comuns. Em verdade, eles são operários da grande multinacional que se chama Brasil.

Em último caso, finalmente, reflito: como se dará a construção de um projeto de governo que se diz priorizar os comuns, caso não haja o apoio dos intelectuais orgânicos que sempre estiveram na trincheira de cuidado dos povos latino-americanos?

Não imagino a serenidade de pessoas como o ilustre Leonardo Boff, o maestro Buarque de Holanda, o Frei Carlos Libânio, a socialista Luiza Erundina e a filósofa Chaui aliados com um governo sem um projeto de desenvolvimento real mas com um lado na luta de classes, e que não é o dos trabalhadores. Sem estes intelectuais não resta muita coisa, sobra uma meia dúzia de contadores, um restolho de burocratas e uma mesa dos apóstolos de Judas.

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