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25 de Maio de 2024

OAB quer Adin acolhida: precatórios desmoralizam eficácia de decisões

Com o calote dos precatórios, o cidadão fica sem o direito de receber o que lhe é devido e o Judiciário fica desmoralizado com a ineficácia de suas decisões. A afirmação foi feita pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado, ao comentar a possível retomada do julgamento, na próxima quarta-feira (20), da validade da Emenda Constitucional 62, de 2009, que ficou conhecida como PEC do Calote. A PEC instituiu um regime especial para possibilitar o pagamento parcelado das dívidas públicas em 15 anos, com a reserva de percentuais mínimos nos orçamentos estaduais e municipais. Estão na pauta quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) sobre o tema, incluindo a da OAB, de número 4357.

Marcus Vinicius afirmou que a OAB apreciou o fato de ter sido prontamente atendida pelo STF após requerer a preferência na apreciação da matéria e disse que o voto proferido na Adin por seu relator, ministro Ayres Britto, constitui um alento para o cidadão que se encontra no calvário da fila de espera de pagamento de seu precatório. Ayres Britto votou pela derrubada da emenda sob o entendimento de que a Emenda 62 não rima com os princípios da impessoalidade e da moralidade na administração pública. A OAB espera o julgamento favorável da Adin por ela proposta, em nome da sociedade brasileira, para que as decisões judiciais transitadas em julgado sejam cumpridas pelo poder público, afirmou o presidente da OAB.

Ainda na opinião de Marcus Vinícius, não é possível que o cidadão, após ultrapassar anos a fio, às vezes décadas, para resolver um processo judicial, ainda tenha que enfrentar o calvário dos precatórios judiciais. E ainda assim Estados e municípios se negam a pagar, sonegando o direito já declarado pela Justiça ao cidadão. Não pagar precatórios é negar a efetividade da Justiça, afirma Marcus Vinicius Furtado.

Segundo levantamento feito no fim do ano passado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), até o primeiro semestre de 2012, Estados e municípios brasileiros acumularam dívida de R$ 94,3 bilhões em precatórios. A União Federal está com seus pagamentos em dia.

A Adin da OAB contesta a Emenda 62/09 sob o entendimento de que esta desconsiderou regras procedimentais que teriam acarretado violação ao devido processo legislativo (artigos 5º, LIV, e 60, parágrafo 2º), incorrendo em inconstitucionalidade formal. Além disso, a entidade alega que a Emenda também desobedeceu limites materiais como o Estado Democrático de Direito e atentou contra a dignidade da pessoa humana (artigo e inciso III, da Constituição), a separação dos poderes (artigo da Carta Magna), os princípios da igualdade, segurança jurídica (artigo da Constituição), da proteção ao direito de propriedade (artigo , XII, da Constituição), do ato jurídico perfeito/coisa julgada (artigo XXXVI, da Carta Magna), e da razoável duração do processo (artigo , LXXVIII, da Constituição), institucionalizando, na prática, o calote oficial.

A Adin da OAB já possui parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) opinando por seu provimento. As demais Adins que constam da pauta, todas impugnando a Emenda 62/09, são as de números 4372, 4400 e 4425. Todas encontram-se paradas desde outubro de 2011, quando o ministro Luiz Fux pediu vista.

A Advocacia Geral da União, que falou em nome do governo federal, argumentou que o setor público não consegue pagar todos os precatórios sem prejudicar os demais gastos e que a emenda equilibra a situação, favorecendo a responsabilidade fiscal.

(Com informações do STF)

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