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3 de Maio de 2024

7 aspectos jurídicos relevantes para começar uma Startup

Publicado por Bruna Puga
há 5 anos

Atualmente, a procura por conteúdos relacionados às empresas startups, como mentoria e gestão de negócios, é muito alta. Contudo, raras vezes se vê alguém preocupado com os aspectos jurídicos da startup.

UMA STARTUP COM POUCA - OU NENHUMA ORGANIZAÇÃO JURÍDICA TERÁ DIFICULDADES EM RECEBER INVESTIMENTOS E SE DESENVOLVER NESSE ECOSSISTEMA INSTÁVEL

Ocorre que, no início, a principal problemática enfrentada pelos empreendedores é a falta de dinheiro, por mais que estes saibam dos riscos que estão correndo. Contudo, é uma despesa essencial que deve estar no orçamento da empresa, assim como qualquer outra fundamental para o desenvolvimento do negócio. Não tem como fugir!!

A falta de estruturação jurídica pode acarretar, dentre uma infinidade de problemas: conflito entre fundadores; reclamações trabalhistas; termos e políticas de uso em desconformidade com a legislação, o que pode ocasionar multas, e demandas no judiciário por consumidores; ausência de investidores - justamente por ser um investimento de altíssimo risco.

Diante das problemáticas expostas, trago alguns pontos jurídicos que devem ser observados pelos empreendedores, independente do grau de maturidade do negócio:

1 - MEMORANDO DE ENTENDIMENTO - MOU (memorandum of understanding):

O memorando é um contrato preliminar, ou seja, é um documento que antecede um contrato futuro. No entanto, cria uma obrigação, mesmo que acessória, de conclusão do negócio jurídico acordado. É o primeiro passo para a formalização de um documento jurídico mais completo e/ou complexo.

Alguns pontos que podem ser abordados no MOU quando utilizado na fase de pré-constituição da empresa são: a ideia principal de negócio; participação e o papel de cada sócios; eventual saída de um sócio; remuneração; alinhamento sobre propriedade intelectual; dentre outros.

Esse instrumento também é utilizado para a troca de informações públicas — dados sobre empresas e aspectos regulatórios — e transferência de informações sigilosas para fins investigativos.

2 - ACORDO ENTRE SÓCIOS/FUNDADORES:

Não é segredo que principal problema de qualquer empresa, seja ela startup ou não, é o frequente desentendimento entre os sócios.

O acordo de sócios é fundamental para que todos saibam seus direitos e deveres. Alguns pontos essenciais que devem ser discutidos e garantidos no acordo são:

  • Direito de preferência (em caso de compra e venda de cotas);
  • Deveres e direitos de sócios (bem como direitos sucessórios em caso de fatalidade);
  • Regras de admissão de novos sócios (parte da pool options e como isso impactará os direitos já existentes);
  • Divisão dos poderes de decisão (quem decide o que, qual o quórum, etc…);
  • Dever de confidencialidade e de não-competição (protegendo o negócio, além dos sócios); dentre várias outras cláusulas que por si só já davam um artigo exclusivo.

3 – ESCOLHA DO TIPO SOCIETÁRIO:

A estruturação da empresa é um ponto crucial e fundamental para o seu desenvolvimento. O tipo societário escolhido varia conforme o seguimento de atuação da empresa e objetivo dos fundadores.

Todas as modalidades de constituição de uma Startup têm vantagens e desvantagens, devendo ser analisado cada caso em concreto, podendo ser: MEI (microempreendedor individual); EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada); LTDA (Sociedade de Responsabilidade Limitada); S/A (Sociedade Anônima); SCP (Sociedade em Conta de Participação).

4 – PROPRIEDADE INTELECTUAL:

Há diversas maneiras de proteger a Propriedade Intelectual do seu negócio. Ainda que a maioria desses negócios não seja 100% protegido aqui no Brasil, como aplicativos digitais, sempre tem como diminuir os riscos.

Os Acordo de confidencialidade - NDA (Non-Disclosure-Agreements) são necessários. Eles objetivam proteger segredos industriais, comerciais, ou ainda qualquer informação que não pode ser divulgada e deve ser mantida em sigilo por aqueles que têm acesso a ela.

Além da proteção do produto, a proteção da marca da startup não pode ser negligenciada.

5 - RELACIONAMENTO COM COLABORADORES:

Desde logo devem ser definidas as funções de cada um no projeto. É claro que contratar empregados CLT é praticamente inviável para a maioria das startups, devido à instabilidade do negócio e do alto custo dessa mão de obra.

Uma saída é a realização de parcerias, por isso, a confecção de contratos bem elaborados tona-se indispensável nesses casos. Como a confecção de contratos vesting, de prestação de serviços, stock options, entre outros, conforme interesse e seguimento da empresa.

Não precisa nem falar, mas os passivos trabalhistas podem destruir projetos e afundar empresas.

6 - RELACIONAMENTO COM INVESTIDORES:

Os contratos de investimentos normalmente são de alta complexidade e podem acarretar, inclusive, alteração indesejada do controle de sociedade, quando não observadas algumas peculiaridades.

A necessidade de um planejamento estratégico é essencial e crucial para a empresa.

7 – ATENÇÃO AOS CONSUMIDORES:

Um ponto também bastante negligenciado no início das atividades de uma startup, porém, um dos pilares para o desenvolvimento da empresa, é o descuido com questões relativas aos consumidores. Como assim?

Todos nós sabemos que o consumidor é a alma do negócio, pois é ele quem consome o produto. Os empreendedores, no início da sua jornada, costumam não se atentarem e até mesmo negligenciarem a legislação consumerista.

Os principais pontos que devem ser observados na criação de um site ou aplicativo, por exemplo, são:

  • Identificação da empresa: Razão social, CNPJ, endereço, telefone para contato, e-mail;
  • Condições de uso: formas de compra, pagamentos, trocas e devoluções, e políticas de privacidade;
  • Serviço de Atendimento ao Consumidor – SAC: deve ser disponibilizado esse serviço de atendimento rápido e eficaz ao consumidor;
  • Segurança das informações: cautela na exposição digital; proteção à segurança das informações; implementação de mecanismos de tratamentos de dados - Atenção à Lei nº 13.709/2018 de Proteção de Dados, que entra em vigor em 2020, e pode ocasionar às empresas multas altíssimas em caso de descumprimento.

Já deu para perceber que negligenciar esses aspectos jurídicos de uma empresa startup é um suicídio para o negócio.

A validação do projeto de uma startup é consequência de uma validação jurídica do negócio. Um único problema jurídico pode colocar todo este planejamento do business na gaveta.

  • DICAS BÔNUS:

  1. Enquadre-se na Lei Complementar 167, de 14/04/2019 – Lei das Startups: “Para os fins desta Lei Complementar, considera-se startup a empresa de caráter inovador que visa a aperfeiçoar sistemas, métodos ou modelos de negócio, de produção, de serviços ou de produtos, os quais, quando já existentes, caracterizam startups de natureza incremental, ou, quando relacionados à criação de algo totalmente novo, caracterizam startups de natureza disruptiva”;
  2. Utilize os benefícios do Inova Simples da Lei das Startups: regime especial simplificado que concede às startups tratamento diferenciado para abertura e fechamento da empresa;
  3. Atenção especial às SCP – Sociedade em Conta de Participação: de modo superficial, nada mais é do que um contrato particular e paralelo de novos sócios (investidores, aceleradoras/incubadoras ou novos funcionários que pegaram parte da pool option). Algumas vantagens desse tipo societário:
  • Garante maior controle ostensivo aos fundadores: já que os sócios passivos – investidores não possuem direito de gestão;
  • Adota subsidiariamente as regras de uma S.A: podendo proteger sobre alguns aspectos de votação, modificação societária, entre outros;
  • Maior segurança aos investidores: já que as responsabilidades civis, consumeristas, tributárias, intelectuais, entre outras, não são transferidas aos sócios passivos;
  • Maior viabilidade econômica – tem um menor custo se comparado à uma Sociedade Anônima.

Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Estamos à disposição, mande-nos uma mensagem!

Fonte: https://www.brunapuga.adv.br/blog/conteudo

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4 Comentários

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Dicas bem importantes, Dra. Infelizmente a maioria dos empresários não dá a devida importância a uma assessoria jurídica preventiva, mas o nosso desafio é trabalhar para mudar isso. continuar lendo

Exatamente! A advocacia preventiva, mesmo que menos do que deveria, está sendo mais procurada ultimamente!! continuar lendo

Já estou esperando pela próxima publicação. Excelente conteúdo! continuar lendo

Excelente artigo Dra. Parabéns. continuar lendo