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30 de Abril de 2024

Rolezinhos, arrastões e as intervenções das massas marginalizadas

Publicado por Wagner Francesco ⚖
há 9 anos

Todos vocês lembram dos Rolezinhos. A garotada tomando o espaço de conforto de determinados grupos privilegiados. Deu em quê? Deu que, de canto a canto do Brasil, esta garotada era vista como marginal. Há espaços que não servem para serem ocupados por esta gente – era o que, de forma velada, se queria dizer.

E sobre esta onda de arrastões nas praias aqui no Brasil? Lógico, a sociedade fica indignada, com medo... Estranho seria se estranho fosse. Só que...

... Do meu ponto de vista não devemos simplesmente sair vomitando o nosso senso comum e ódio contra os sujeitos destes arrastões. Por quê? Por que eu acho que nada neste mundo, ainda mais de uma complexidade como esta, deve ser feito sem análise e reflexão.

Logo: por que há arrastões? Quem participa e como é a vida de quem participa?

Rolezinhos arrastes e as intervenes das massas marginalizadas

Eu sempre disse que o Brasil, com o PT, muito embora com muitos avanços inegáveis, não arranhou nem de perto o problema da desigualdade: e os arrastões e o aumento da criminalidade no país estão aí para mostrar. Ora, se uma das causas do aumento da criminalidade é a desigualdade, como o Brasil, que a criminalidade só aumenta, diminuiu a desigualdade? Esta lógica não tem lógica e a conta não bate.

O Brasil do PT, isto aí sim!, tornou o brasileiro mais consumista. De fato, muitos brasileiros hoje viajam de avião, comem em restaurantes, têm televisão, computador e etc, só que... Dados de Agosto: O Brasil tem 56,4 milhões de inadimplentes, com dívidas que, somadas, totalizam R$ 243 bilhões, segundo levantamento da Serasa Experian de 30 de junho deste ano.

Temos um país de endividados e não um país que venceu a desigualdade social. E Marx explica isto muito bem no livro O Capital:

"Os donos do capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros, casas e tecnologia, impulsionando-a cada vez mais ao caro endividamento, até que sua dívida se torne insuportável."

Só que pior que os endividados o Brasil é um país de gente que não tem condição de consumir nem produtos básicos para a existência – ainda mais num país que bate recorde de desemprego.

Ora, é impossível para mim dissociar rolezinhos e arrastões de toda esta sociedade consumista que vivemos. O que queremos é ter – e aí, minha gente, quando uma dada massa é privada disso não me espanta que ocorra esta rebelião de excluídos do mercado de consumo.

Rolezinhos arrastes e as intervenes das massas marginalizadas

Numa das músicas do Igor Kannário, cantor baiano, ele apresenta uma realidade que para mim é inegável. Diz ele na canção “Desostenta”:

Se o moleque não tem condição de entrar nesse mundo grã-fino, isso pode virar frustração e você vai foder com o pobre menino que pra ter um tênis foda pode até assaltar um playboy, pois se ficar excluído da moda recebe desprezo e isso lhe dói.

É assim ou não é? É sim! É correto? Não, não é correto, mas a realidade não é das coisas corretas ou incorretas, mas das coisas como são. Numa sociedade que faz propaganda que ser feliz é ter coisas a gente está se espantando com a violência de quem não tem?

Pois, não estou feliz e nem confortável com estes arrastões. Em Salvador não tenho um pingo de segurança para caminhar e ando preocupado, olhando desconfiado para a minha sombra. Agora: também não vou aceitar a postura tranquila de achar que o problema da violência não tem nada a ver comigo. Tem sim.

O fato é que eu ando sempre a me questionar por que nós nos compadecemos de A que perde um bem supérfluo e não damos a mínima para B que nunca teve acesso a direitos humanos básicos.

Rolezinhos arrastes e as intervenes das massas marginalizadas

A gente precisa é de uma nova forma de viver em sociedade, de produzir uma lógica de compartilhamento e cooperação. A gente precisa seguir o conselho abaixo:

Quando eu era mais jovem e mais vulnerável, meu pai me deu um conselho que muitas vezes volta à minha mente: Sempre que tiver vontade de criticar alguém – recomendou-me –, lembre primeiro que nem todas as pessoas do mundo tiveram as vantagens que você teve ( FITZGERALD, Scott. O Grande Gatsby)

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104 Comentários

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Wagner, discordo completamente do que você afirma aqui.
Não se trata o rolézinho ou os arrastões (que, no fim, terminam de maneiras muito semelhantes) de mero direito de ofensa ao consumismo ou afins... Como você bem sabe, todos têm direito de ir e vir, mas não têm direito de subtrair propriedade alheia, tampouco de ofender a integridade física de outrem.

E não se trata, também, de consumismo. Trata-se de zelar pelo que é seu. Prezar por algo que, normalmente, batalhou-se muito para conseguir, mas que lhe é retirado em segundos.

Veja-se, a discussão é impessoal. Não é preconceituoso alguém não gostar de ser assaltado, seja o agente criminoso negro, branco, amarelo, ou cor de rosa, pobre, rico, ou de classe média, o ponto crucial é ele ser sempre um criminoso.

Divergências à parte, como sempre, deixo-lhe um fraterno abraço continuar lendo

E aí, Hyago. Sempre um prazer pra mim ler os seus comentários que sempre discordam dos meus. É isto que dá prazer, porque sem divergência o mundo seria um saco.

Agora, eu já fui assaltado 4 vezes em Salvador. Já perdi tênis, celular e dinheiro. Em um destes tomei um soco e, pelo estresse do ocorrido, tive paralisia facial - que resolveu com fisioterapia. Só que, mesmo com isto, eu nunca deixei de acreditar que todo este problema é fruto da desigualdade social. Eu não consigo conviver com o discurso de uma sociedade tranquila se a gente faz de conta que a desigualdade é um problema sem maiores influências na vida destes sujeitos do delito.

Eu entendo que se indignar por ser assaltado é essencial e impossível de não acontecer, mas perguntar os porquês também é.

Um forte abraço pra você e lhe desejo um final de semana de paz e sossego. continuar lendo

O problema das vezes Hyago, é que muitas das vezes, os defensores dos chamados "rolezinhos" e "arrastões" integram a classe A ou B.

Os shoppings que elas frequentam, sequer tem linhas de metrôs próximas, sendo de difícil acesso. Idem praias.

Elas não lidam com arrastões, tampouco com rolezinhos. Dissertam e explanam sobre uma realidade que não entendem, e por não entender, não compreendem.

Vá em uma favela e pergunte a um trabalhador, pai de família, que trabalha de sol a sol, e prezam por educar os filhos, o que eles pensam do rolezinho. Há uma chance muito alta de ser contra.

Agora vá em um bairro nobre, na casa de um "rico intelectual" , que nunca viu um "pobre" na vida ou nunca entrou em uma favela, o que eles acham do rolezinho... há uma chance muito alta de ser a favor. Por que afinal, não são eles que tem seus bens subtraídos ou sua integridade ameaçada (ou das pessoas que estão com ele) e fazer tal defesa, meio que passa uma imagem de "boa pessoa", "que sacrifica do seu para o outro", que é "desprendida materialmente e altruísta".

Donde a minha conclusão... o preço da hipocrisia e vaidade de uns, é a integridade física e material de outros. continuar lendo

Hyago, peço licença para ancorar um comentário aqui sobre a dicotomia desigualdade x impunidade como principal causa da violência:
Estava pensando sobre a tese de que a desigualdade seria a principal causa da violência, da qual eu discordo, vez que para mim seja a impunidade.
Lembrei-me então do crime de corrupção.
Concordamos que é crime que ocorre muito no Brasil? Concordamos que, em média, mais do que na maioria dos outros países? É por causa de desigualdade (na verdade, pobreza)? Não me parece o caso, e isto porque os que mais a praticam dispõem de razoáveis condições financeiras. Sendo assim, o que o propulsiona? Acredito que a resposta é a impunidade. Bom, e o que aconteceria no Brasil se passássemos, num passe de mágica, a sermos país rico e igualitário? A corrupção simplesmente desapareceria? Não me parece o caso, pois sua causa, a impunidade, subsistiria intocada. São então os integrantes das classes média e alta inerentemente ruins por continuarem a praticar este crime sem a justificativa da exclusão? Também acredito que não, pois para mim essa justificativa não existe. Caso o Brasil se tornasse rico e igualitário a corrupção continuaria porque a impunidade continuaria. E os que antes praticavam homicídio ou roubo passariam a praticar corrupção. Em todos os casos o que propulsiona o crime é principalmente a impunidade, não a necessidade. (Estou afastando todos os crimes famélicos, em que há excludente de culpabilidade e em relação aos quais, aí sim, a tese exclusão social teria papel mais relevante)
Confira-se:
http://oglobo.globo.com/rio/adolescente-detido-no-arpoador-diz-que-agiu-por-prazer-17612789

http://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2015/09/02/foi-a-vida-que-ele-escolheu-diz-mae-de-suspeito-de-atirar-em-aluno-na-usp.htm

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/09/quase-90-dos-menores-detidos-na-praia-em-2014-eram-estudantes-do-rj.html
...
Verifiquemos que nos últimos 30 anos houve notória melhora de indicadores sociais no Brasil. Diminuiu a violência? Não, em média, aumentou. Isso não é inconsistente com a tese de que seria a desigualdade a principal causa da violência?
Em contrapartida, quais os Estados do Brasil que conseguiram melhores resultados na diminuição de crimes? Justamente os que mais combateram a impunidade. São Paulo, o Estado que mais prende, é aquele em que menos se mata no Brasil (taxa em torno de 10 assassinatos por 100.000 habitantes). E se não investiu primordialmente em redução de desigualdade, o que então explicaria esse feito, à luz da mencionada tese?
Consigne-se, contudo, que tanto quanto defendido por Hayek acredito em programas de renda mínima, mas por achar isto certo, e não por achar que é principal causa de redução de criminalidade, pois, repise-se, não é o que decorre da análise dos fatos.
...
Sob outro prisma, acredito que não se deve esquecer que o Estado deve agir também porque assumiu o monopólio da força, impedindo que a vítima o faça. Deixar de agir proporcionalmente é semear a sensação de injustiça e o desejo de vingança, como se tem observado em crescente no Brasil.
Sendo muitas das vítimas pessoas na mesma condição de dificuldade do criminoso, como querer que ela aceite a tese de que ele não deve ser punido proporcionalmente porque não teve suficiente assistência estatal? É incentivá-la a que também seja criminosa! É dar partida no moto perpétuo da criminalidade pela via da impunidade.
...
Perceba-se ainda que os países que hoje têm condições de oferecer bons serviços sociais a seus cidadãos, há cerca de 70, 80 anos atrás viviam situação completamente diferente, à época tendo condições bem piores que as hoje existentes no Brasil. E não tinham um direito penal desproporcional por conta disso. Não. Ao contrário, construíram suas sociedades sobre a responsabilização de todos, combatendo a impunidade, o que conferiu segurança necessária a que pudessem se desenvolver.
Imagine-se, ao contrário, e em época um pouco mais pretérita, que os fundadores, por exemplo dos Estados Unidos, tivessem chegado nas colônias e proclamado: "Fundamos esta colônia. O monopólio da força está nas mãos do Estado. Porém até que este tenha riqueza suficiente para garantir saúde, educação, esporte, lazer, trabalho, saneamento, ninguém será punido proporcionalmente ao crime que praticar..." Ou, em outras palavras: "Cada um por si.". Será que teriam alcançado o grau de civilidade que têm hoje? Penso que não.
...
Por fim, não nos esqueçamos ainda que não há qualquer garantia de que qualquer sociedade tenha condições de perpetuamente garantir o fornecimento de todos estes serviços. E então, se eles vierem a falhar, restaura-se a licença para práticas criminosas? continuar lendo

Srs. Hyago, Carlos Guilherme e Michel Carvalho, os três comentários foram perfeitos. E é isto mesmo: a desigualdade social não é a causa realmente estudada da criminalidade, mas sim a resposta pronta – convenientemente ideológica. Não se há estudos sérios sobre causas da criminalidade no Brasil, ou, pelo menos, sobre as causas específicas de cada tipo penal (como ocorre nos EUA e em alguns países europeus). Basta ler Marx que você encontrará a resposta...

Abraços! continuar lendo

Já pensei como Hyago e hoje, consigo enxergar melhor o mundo a minha volta. Pensando de forma lógica, o aumento da criminalidade está com aumento da desigualdade . É logico e simples, basta pensar que crimes de furtos e roubos são geralmente praticados por uma classe inferiorizada, excluída que nunca teve a chance de ter tal produto. Constrói-se a ideia que o ser humano precisa ter para ser alguém de relevância, excluindo classes que não poderiam consumir. Assim para o sistema as pessoas que não consomem, são inúteis e um perigo para a sociedade. Por isso, muitos da classe burguesa, não querem que aconteçam rolelinhos, afinal não fazem parte do nicho... continuar lendo

Fora ao assunto, gostei muito do respeito entre os Srºs Hyago e Wagner. Falta muito disso, respeito às opiniões contrárias à sua.

Parabéns à ambos! continuar lendo

Muito bem, Iago e Igor. A resposta pronta e culpar o governo e a falta de recursos é a resposta padrão. Sem qualquer análise profunda. continuar lendo

Carlos Guilherme abordou um ponto fantástico: geralmente a classe alta, a "elite" intelectual defende os rolezinhos, justamente por serem os menos afetados por ele.

Lembro do exemplo daqui de SP: O shopping Interlagos é praticamente a única fonte de diversão de muitos bairros pobres da ZS, frequentado exclusivamente pelo pessoal da região, trabalhadores de classe baixa e média.

Em 2014, os "rolezeiros" acabaram com a diversão desse povo por muitas semanas seguidas, até começar um controle com mais afinco das autoridades.

Isso mostra que o problema não é frequentar, mas o modo como a molecada age: não pode roubar, espancar, criar tumulto, etc... continuar lendo

Poxa, os "arrasteiros", desprivilegiados, têm amplo acesso à internet e promovem seus crimes:

http://noticias.uol.com.br/album/bbc/2015/09/25/no-rio-dos-arrastoes-jovens-expoem-cotidiano-de-violencia-na-web.htm#fotoNav=1

Aí não dá, né? continuar lendo

Ah, e para corroborar o que expus no outro comentário, seguem duas notícias:

http://oglobo.globo.com/rio/adolescente-detido-no-arpoador-diz-que-agiu-por-prazer-17612789

http://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2015/09/02/foiavida-que-ele-escolheu-diz-mae-de-suspeito-de-atirar-em-aluno-na-usp.htm

Mas já antevejo a justificativa de que "eles não sabem o que dizem porque foram alienados pela sociedade opressora", já que, "pensando de forma lógica, o aumento da criminalidade está com aumento da desigualdade", sem qualquer necessidade de demonstração deste raciocínio à luz de dados, e mesmo que aquele colida com estes, obtidos a partir da observação da realidade, vez que mais importe a ideologia do que a realidade...
...
Fico pensando se Rudolph Giuliani, quando assumiu Nova Iorque, tivesse adotado esta posição. Ao revés, ele atuou efetivamente sobre aquilo que os dados demonstravam ser a principal causa da criminalidade: a impunidade. Lá nem tanto por penas desproporcionalmente brandas, como aqui, mas por falhas na investigação e ineficiência da polícia em que criminosos fossem punidos (também como aqui).
Resultado de sua atuação: queda brutal da criminalidade.
É exatamente isto que nos falta no Brasil: menos ideologia e mais profissionalismo.
Adendo: os EUA seguem como país bastante desigual.
...
Haveria então, como costumeiramente se faz, algum sentido, na análise que fazemos, em olhar para os países escandinavos, por exemplo, em que não há relevante desigualdade NEM impunidade, e de repente concluir que o problema é a desigualdade? É óbvio que não. Há um evidente erro conceitual nisto, já que lá os dois fatores deixam de atuar, e apenas se escolhe um por ideologia.
Perceba-se: nos civilizadíssimos países do Norte da Europa como Dinamarca, Finlândia e Suécia, além de haver alta taxa de resolução de crimes, as penas são proporcionais ao delito, tanto que para crimes graves eles adotam a... prisão perpétua! E não é assim apenas agora que são ricos. Não! É desde que eram pobres. Mas sobre isso não convém falar, não é mesmo? Isso contradiz a ideologia que se procura disseminar, ainda que, como largamente exposto, não tenha fundamentos no mundo real.
...
Diante de tanta dificuldade em análise de dados, é de surpreender a iniciativa japonesa de EXTINÇÃO DAS CIÊNCIAS HUMANAS?

http://notaalta.espm.br/o-assunto-do-dia/no-japao-universidades-devem-acabar-com-os-cursos-de-humanas/ continuar lendo

Quase todos os comentários aqui se responde com uma única expressão: Direito Penal do inimigo!
Muito me impressiona que se fale tanto em marxistas e comunas, da mesma forma que se fala equivocadamente de Kelsen. Muitos repetem interpretações equivocadas pelo simples fato de terem lido em um resumo, e essas repetições, sendo reproduzidas por décadas, tornam o errado em verdade absoluta. É o atalho!!
Que há uma relação direta entre a desigualdade social e o índice de criminalidade é inegável, mas alguns ainda tentam tapar o sol com a peneira, com teorias bizarras. Quer um exemplo? Veja os países escandinavos! Entre estes encontramos alguns que não registram um único homicídio há anos Coincidentemente nesses países não costumam surgir tantos bilionários como no Brasil,"mas isso é só coincidência". Por que será? Ah... A Educação! E há como se conseguir educação para todos sem uma melhor distribuição de renda? Óbvio que não.
Então, por favor, não vamos reduzir-nos ao discurso de que não há provas disso ou daquilo, isso é tão cristalino como água... destilada.
Pelo amor de Deus, ninguém gosta de ser assaltado, mas nada vai mudar enquanto mantivermos essa ideia de que se quisesse ele estaria trabalhando e não roubando. Só o dono da dor sabe o quanto dói, e quem sempre ganha não tem o direito de julgar quem perde. O que se prega aqui é exatamente o Direito Penal do INIMIGO.
E também não me venham com conversa de bolsa família e bolsa aquilo, que ninguém consegue viver dignamente com o valor deles. O problema é que algumas pessoas perdem a perspectiva muito cedo, e o crime é vantajoso para muitos. É o atalho! Mas nós estamos no País dos atalhos, como podemos reclamar do atalho alheio?
Todos querem mais segurança, mais educação, mais saúde, melhores salários, comprar melhor, com melhor qualidade mas ao mesmo tempo querem menos direitos trabalhistas (pros outros), menos impostos, menos direitos de consumo, ou seja, ninguém quer perder seus privilégios. "Ah, mas eu mereço". E assim nós vamos formando um país, ou, quem sabe, um rascunho de província. continuar lendo

Leandro Melo, obrigada por enriquecer a discussão com inteligência.. como já havia dito em postagem anterior, ando cansada de discursos enfadonhos e moralistas, que não são capazes de nos tirar desse lodaçal de pobres idéias maniqueístas. continuar lendo

Sugiro ao caro autor, pegar um ônibus da linha 474 no ponto final (Jacaré, zona norte do Rio) rumo ao Jardim de Alá (Ipanema) num domingo de sol, para ir à praia.

E vá com seu celular à mostra, relógio, cordão no pescoço, etc., e ouvindo os funks do tipo PROIBIDÃO com letras das mais baixas possíveis (isso tudo na presença de senhoras e crianças).

Depois nos conte como foi sua experiência com os "excluídos".

PS: Se tiver interesse, visite a página "Transporte da depressão" no Facebook. Lá, verá uma postagem dos "excluídos", todos rindo na volta da praia e relatando o que fizeram para se divertirem. Um comenta assim: "Pow, fizeram a limpa, hein. Não deixaram nada." ; "kkkkkkkk" , e outro: "Peguei (leia-se: roubei) um moto g"; outro diz: "peguei um iPhone 6", e outro: "puxei o cordão 'mermo'. a vítima chorou, mas peguei assim 'mermo'.

Viva os ideais comunistas! continuar lendo

Não confunda as coisas. continuar lendo

Concordo com o seu comentário, Ivanil. Fui conhecer o Rio de Janeiro e tive péssima experiência, que não pretendo renová-la. O gravíssimo problema das Ciências Sociais é que não estão submetidas à verificação, ao contrário das Ciências Exatas. continuar lendo

Não há como recomendar o Rio de Janeiro, eu que sempre fui um entusiasta frequentador, organizador de excursões e fã incondicional dos cariocas e seu modo de ser, hoje rogo a familiares, amigos e conhecidos que não corram o risco de visitar esta cidade maravilhosa e perigosa. continuar lendo

Ivanil, leia de novo o texto, mas sem preconceito, e procure entender o que o autor defende. No meu entender, é óbvio que ele não é a favor de rolezinhos e arrastões. Só um louco alienado faria isso.
Ele inclusive afirma que passou por experiências ruins, relacionadas à violência urbana.
O que o Wagner sustenta é a importância da reflexão mais ampla sobre o que ocorre hoje no Brasil, especialmente no exemplo mais recente, na zona sul carioca.
Quero que fique claro uma coisa: não tenho peninha de pivete, marginal, bandido. Mas não vejo outra explicação para a violência senão o abandono em que foi deixado esse povo miserável, sem saneamento básico, condições dignas de moradia, educação decente e eficaz e saúde.
Muito interessante quando ele questiona o fato de ficarmos consternados com o caso do cidadão que teve seu celular roubado, mas não nos condoemos daqueles que vivem em condições sub humanas nas favelas.
Para que esta realidade mude, é importante pensar, para que possamos dar um passo à frente neste lamaçal de idéias em que nos vejo atolados.
É muito profundo o que ele diz. Não adianta termos dinheiro para comprar carros, celulares, roupas e frequentarmos restaurantes caros, se não melhoramos nossa condição humana, não ampliamos nosso olhar sobre o outro. Fora disso, o que vejo são discursos enfadonhamente moralistas e tacanhos. continuar lendo

É de uma extrema crueldade intelectual tentar determinar a alcunha de bárbaros a estes sujeitos (ressalte-se de nível educacional e cultural muito aquém do mínimo) em virtude das suas falas, e assim, conseguir apoio à iniciativas que preveem punições mais severas aos mesmos. É como o rico rir do mendigo por estar mal vestido. continuar lendo

Sr. Wagner Francesco,

Visitou alguma vez algum shopping center sob a ação dos "rolezinhos"? A maneira como fala é a mesma de todos aqueles que não visitaram.

Não são oprimidos visitando espaços de opressores e sendo, por isso, excluídos por ódio de classe.

São jovens, abandonados e largados por pais irresponsáveis que crescem sem educação e estrutura moral que usando um termo grosso "bagunçam" espaços alheios,

Muitos são agressivos, xingam, ameaçam, e se reúnem em grupos havendo um aumento considerável de furtos e assaltos.

O problema é realmente ódio de classes nobre estudioso de Marx?

Se fosse o contrário, se esses jovens fossem "brancos de olhos azuis" xingando, bagunçando, desrespeitando e furtando você diria o mesmo?

Acho que não... o que me leva a antiga máxima usada contra a esquerda... "Dois pesos e duas medidas".

Tudo para satisfazer o regozijo doentio de se sentir superior moralmente aos demais por defender a ação de vândalos em shoppings que provavelmente sequer frequentam.

Parafraseando Machado de Assis: "Têm-se paciência demais, quando a dor é no fígado alheio".

Agora algo concordo. Existe algo de errado em nossa sociedade. O controle da natalidade na minha visão é uma grande saída.

Evitar que famílias irresponsáveis tenha dúzias de filhos. E com isso "dividam miséria".

Falo com a propriedade de quem já morou em um grande aglomerado na capital mineira, e não com a de um marxista, o problema da marginalidade não é a concentração de riquezas, mas sim as famílias que tem meia dúzia ou mais de filhos e os deixam criados na rua, sem estrutura e educação.

Boa parte dos meus vizinhos na infância entraram no tráfico, muitos já estão mortos ou presos.

Qual a diferença deles para mim? Meu pai teve apenas um filho e, mesmo com parcos recursos, obrigava-me a estudar muito, e me proibia de brincar com os demais "amiguinhos" que na visão deles eram más influências. Na visão de um esquerdista isso seria um crime... mas não esquento mais, pois sei que são os "sepulcros caiados"
que Cristo tanto alertava.

A solução para o país... controle de natalidade. Existe concentração de riqueza? Sem dúvidas, afinal, famílias de classe alta tem no máximo dois filhos, famílias muito pobres, via de regra, tem mais de 6, às vezes até 12. O problema é realmente do capital?

Enfim... peço desculpas pela forma sem tato e apaixonada com que tratei do assunto. Mas mais que um comentário, é um desabafo pessoal. continuar lendo

Olá, Carlos. Tudo bem?

Em relação a sua pergunta, você mesmo respondeu: "Existe concentração de riqueza? Sem dúvidas..." Se você não tem dúvida que existe concentração de riqueza, então qual a dúvida que o problema é do Capital?

Ademais, esta sua ideia de que pobres têm mais filhos é infundada e baseada num discurso antigo e que já mudou.

Redução no número de filhos por família é maior entre os 20% mais pobres do país - http://www.ebc.com.br/noticias/2015/03/reducao-no-numero-de-filhos-por-familiaemaior-entre-os-20-mais-pobres-do-pais

Queda de natalidade é maior entre beneficiários do Bolsa Família, diz IBGE - http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/04/01/queda-de-natalidadeemaior-entre-beneficiarios-do-bolsa-família-diz-ibge.htm

E você não precisa pedir perdão. A sua opinião será sempre bem vinda, pois é necessária. Agora, quando comentar algo com paixão lembre-se sempre do que disse o Nietzsche: "a paixão é o estado em que raramente vemos as coisas como elas são".

Um abraço!! continuar lendo

Olá Wagner,

Fiz uma pergunta retórica. Se relê-la de novo, fazendo um pequeno esforço, tenho certeza que compreenderá o sentido.

Em que pese o IBGE afirmar isso, meus pais nunca foram entrevistados por ele e eu também não. Você já foi alguma vez entrevistado pelo IBGE ou conhece alguém que tenha sido?

Pois é.. eu também não.

Não estou duvidando dos dados do governo... mas concorda que neles há algo que no mínimo que intriga?

Por conta das minhas raízes "humildes", tenho contato com essa realidade que você tanto aborda em seus artigos.

Talvez, se visitasse uma comunidade ou um aglomerado mais vezes, veria que a realidade é ligeiramente diferente dessas estatísticas e das "verdades" apregoadas por nossos "intelectóides".

O problema de "teorizar muito" como alguns colegas "intelectuais" fazem, é que eles ficam alienados da realidade.

Fica a dica amigo, visite um aglomerado e tire suas próprias conclusões.

Disse ser de Salvador, certo? Vá a um aglomerado próximo, veja a realidade que existe por detrás de pensadores marxistas e dados do governo.

;) continuar lendo

Wagner, sem me posicionar a respeito, porque não conheço estatísticas suficientes para tanto, os dados apontados não parecem sustentar a conclusão de que a tese "pobres têm mais filhos" é infundada.
Veja:o que estes dados demonstram é a ocorrência de uma queda maior entre a população mais pobre. Porém se isto se dá sobre uma base maior, essa queda não necessariamente resulta em um número final menor.
Queda de 30% sobre uma base de 20 filhos resulta em 14 filhos. Queda de 10% sobre uma base de 10 filhos resulta em 9 filhos. Assim, ainda que no primeiro caso a queda tenha sido maior (30%), o resultado continuou sendo maior (14 filhos contra 9 filhos). continuar lendo

Carlos,

Quando eu me formei em teologia, há uns dois anos, eu fiz parte de uma comissão que cuidava de moradores de rua aqui em Salvador. Convivi, durante muito tempo, com esta galera. Ainda mais andando sempre, por conta de meus estágios, em igrejas na periferia e favela. Eu conheço o problema da desigualdade social em Salvador de caminhar no meio e não somente de livros. continuar lendo

Não concordo.
Um belo dia eu estava voltando do trabalho (08:00 às 18:00hs) depois de mais um dia cansativo. Fui assaltada, tomei porrada no rosto de um bandidinho que queria meu celular e dinheiro. Detalhe meu celular não é top e continua não sendo pq não vejo necessidade de ter um . Enfim ele leveou minha bolsa, onde estava meu celular, meu dinheiro, um ôculos de sol e uma máquina fotográfica que havia ganhado de presente de aniversário.
Eu trabalhei para ter o meu celular, o ôculos de sol acabara de pegar na loja, mas o paguei religiosamente sem se quer ter usado e por ter grau certamente o mesmo o jogou fora. Agora eu trabalhei para ter tudo isso.
Na minha humilde opinião o problema é de educação e leis.
Em um país que o nível de educação está péssimo e o governo distribui bolsa isso, bolsa aquilo fica muito fácil criar marginais, sim pq estas pessoas são marginais.
Meu pai e seus irmãos pessoas simples, meu pai é sempre minha referência, vieram para São Paulo apenas com a roupa para tentar a vida. Trabalharam de sol a sol. Construiram suas casas, compraram carros, viajaram enfim. Mas nunca esmoreceram ou esperaram ajuda do governo. Viveram de forma reta, sem envolvimento com marginais, viciados.
Hoje muitos pais acham que a escola tem que ensinar e educar.
O professor não tem valor. Ai de mim se desrespeitasse um professor. Detalhe aos 8 anos sem nunca ter frequentado o pré (antes do 1º ano) sabia ler e escrever. Minha professora que nunca esqueço pegava na minha mãe para me ensinar, eu não sabia se quer segurar o lápis.
Meu pai ciente de suas condições teve apenas dois filhos, meu irmão não tem 40 anos e já conquistou sua casa própria, dois carros, eu já comprei o meu, já viajei inclusive para fora do Brasil. E tudo com nosso esforço, trabalhando.
Cultura do consumismo existe sim com certeza, mas agora vou sair fazendo rolêzinho ou arrastão para ter algo que eu não consigo é demais....E quanto ao bem supérfulo não importa se eu paguei e trabalhei com meu suor....celular, ôculos de sol com grau, máquina fotográfica.
Nunca vamos sair dessa situação se não investirmos em educação de qualidade e leis de fato justas para todos.
Ah e tenho uma pergunta você já viu o que um garoto com uma arma na mão é capaz de fazer a uma pessoa? Diante da família dele (digo filha de 3 anos)? Pq ele tinha carro, família, trabalho? Vc sabe o que é para esta família ver seu ente querido morrer com 5 tiros? A mãe morreu de tanta tristeza, o pai sofre consequências de um AVC que o impossibilitou inclusive de trabalhar. A esposa teve que refazer toda sua vida e a criança ainda me diz: eu estou com saudade do meu pai.
E para concluir ah agora o cidadão de bem nem a praia pode ir mais...pq marginais o ameaçam seu direito de ir e vir, pq ele trabalhou e não pode usufruir se quer de um simples passeio, ter um celular.
É o fim mesmo!!!! continuar lendo

É por casos assim que me posiciono de forma absolutamente contrária a ideologias que pregam que o crime é algo inerente à desigualdade. Se assim fosse, todo pobre praticaria crimes contra o patrimônio; mas, ainda bem, esses são só a minoria.
Devem eles, sim, ser punidos. Caso contrário, como justificar ao trabalhador, pai de família, que o mesmo optou por trabalhar em vez de praticar furtos ou traficar?
Que ele está trabalhando "porque é burro"?
Praticar crimes é uma opção do indivíduo, que deve pagar por isso... continuar lendo

Hiago, virei sua fã. continuar lendo

Hyago, há uma distância brutal entre refletir sobre a relação entre causa e efeito e promover a defesa da impunidade. Eu, por exemplo, entendo que todo aquele que pratica crimes deve ser responsabilizado desde cedo por seus atos. Afinal, foi assim que nós, que tivemos famílias estruturadas aprendemos, não é? Não tenho pena de marginais e sei o quanto são maus.
Mas compreendo perfeitamente bem que o Estado deve fazer muito por aqueles que vivem na miséria, sem condições dignas. Até hoje, nada foi efetivamente feito para melhorar a vida desse povo, desde a proclamação da Independência do Brasil, e mesmo após 12 anos de um governo que se elegeu com base na promessa de que promoveria a tão esperada redução das desigualdades. É preciso dar educação, saúde, promover a cultura, moradia, saneamento básico. Somente assim será possível formar cidadãos conscientes e capazes de fazer boas escolhas, com base em valores nobres, pois já não farão parte dessa manada impensante, que age como hordas primitivas. Não lhe parece óbvio? Essa, no meu entender, foi a idéia principal transmitida no texto do Wagner. Aconselho a você lê-lo novamente, mas com espírito "desarmado". continuar lendo

Já fui assaltado em casa, humilhado, preso no banheiro enquanto carregavam todas as minhas conquistas e as minhas histórias. Andei armado (na época eu tinha porte) um ano buscando vingança, e não justiça.
Ainda bem que não os encontrei. Eu teria atirado pra matar e hoje, estaria arrependido. Tive 5 carros roubados e a casa assaltada mais duas vezes.
Como ambientalista, já assisti tanta coisas quando trabalhava para fechar um lixão, e pasmem, tinha toda uma máfia de catadores de lixo comandando o que acontecia lá dentro, inclusive a quem pertencia qual carregamento de lixo. Pela riqueza? Não, pela sobrevivência. Cansei de ver armas apontadas pro meu rosto, enfiadas no meu ouvido e empurrando minhas costas. Eu estava tentando ajudar, mas eles não entendiam assim. Sobrevivi.
As diferenças sociais, somadas às carências que delegam aos mais humildes, formam caráteres diversos. Exemplificar que dois irmãos criados na mesma família carente podem crescer de forma diferente, não quer dizer necessariamente que um enveredou para o caminho do crime. Pode significar que um enveredou para o caminho do bem e aí estar o acontecimento inesperado. Gostaria de tapar o sol com a peneira e dizer que tudo ficou resolvido, mas posso garantir, sem melhor distribuição de renda e sem mais atenção às desigualdades sociais, nada vai mudar para melhor. Mesmo que transformem o país em um grande presídio. continuar lendo

Sr. José, quando o senhor analisa a questão: "Exemplificar que dois irmãos criados na mesma família carente podem crescer de forma diferente, não quer dizer necessariamente que um enveredou para o caminho do crime. Pode significar que um enveredou para o caminho do bem e aí estar o acontecimento inesperado." o senhor, indiretamente, já indica a resposta.
Como saber quem de fato é a exceção? Ora, basta analisar a realidade! Quantos são os criminosos? 1, 2, 5%? Então 95% não saem por aí matando, roubando, estuprando. Isto deixa claro que não são os não criminosos que são os diferentes e que enveredaram por caminho improvável. Não! São os criminosos que escolheram a prática criminosa.
Vejamos que todos os dados analisados conduzem à mesmíssima conclusão: a causa principal da criminalidade é a impunidade. continuar lendo