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3 de Maio de 2024

Sou blogueira, devo fazer contrato dos meus publis?

Publicado por Perfil Removido
há 3 anos

A tendência é que as vendas saiam cada vez mais do mundo offline e avancem no digital, antes mesmo da pandemia do Covid-19, esta era uma forte tendência do mercado, mas após o “empurrão” causado pela pandemia e pelos lockdowns, a ida para o digital torou-se uma estratégia de sobrevivência.

Vários profissionais criam cursos e ensinam a como se destacar no mundo digital. Há quem queira vender produtos ou serviços e há quem queira vender a própria imagem, é o que costuma acontecer com as blogueiras, ou modernamente chamadas: Digital Influencer.

Mesmo sem ser uma carreira oficialmente regulamentada, os jovens cada dia mais estão compartilhando seu cotidiano em frente às telas, uma forma de chamar atenção do público que passa a segui-lo e também das marcas, ao demonstrar quantas pessoas podem ser influenciadas se ele fizer o anúncio.

Mas como profissionalizar esta prestação de serviços?

Imagem: Anna Shvets

Nem sempre fugir da burocracia é a melhor solução

Certa vez vi um anúncio de um produto que procurava influenciadores. A chamada era: “Receba o produto X e divulgue por Y semanas, depois você ganha o valor de Z reais sobre cada pessoa alcançada”. Não sei se o produto realmente foi divulgado por quem se dispõe a prestar o serviço de Digital Influencer, mas no anúncio, ao ler todos os temos (as letras miúdas) dizia que o pagamento só seria feito caso comprovado ter atingido um número mínimo de visualizações.

Para deixar claro os termos do negócio, quanto o influencer vai receber, se ele deverá postar em todas suas redes sociais ou em uma específica, quantas vezes terá de aparecer com o produto, tempo de exposição e etc. É que se fazem contratos.

O contrato não é apenas uma “mera burocracia” no mundo digital, ele é necessário porque se uma das partes descumprir o que fora acordado a outra pode obrigá-lo judicialmente a fazê-lo. Na verdade, o contrato serve para desburocratizar, pois com o contrato, respeitando as regras processuais, não é necessário ingressar em juízo para demonstrar que o negócio foi realizado, mas demonstrar que o contrato não foi cumprido.

Exemplo: Imagine que o influencer foi chamado, sem contrato, para aparecer durante 10 dias com 10 produtos, cada dia ele tem de mostrar um produto diferente. A empresa e o influencer acertam o preço e duração da publicidade por conversas de whatsapp, quando o produto chega foram enviados 7 e não 10 itens.

O influencer tenta contato com a empresa mas ela não retorna suas mensagens. No dia estipulado para começar a publicidade (lançamento dos 10 produtos) o influencer divulga durante 7 dias os 7 produtos recebidos. Ao final, a empresa diz que não vai pagar pois o acordo foi firmado com 10 dias e não com 7.

Tá vendo o problema? Este influencer teria que ir até a justiça, mostrar todas as imagens de whatsapp, convencer o juiz de que a empresa descumpriu o acordo, que ele efetivamente trabalhou, para que o juiz se convença de que houve um contrato não formlizado e aí sim condene a empresa em pagar o valor ao influencer. Qual será o valor pago? O valor que o juiz entender melhor, já que o valor previamente estipulado foi de 10 dias com 10 produtos, o que não foi realizado.

Imagem: Viktor Talashuk

E o que muda com o contrato?

Um contrato bem feito, obedecendo todas as cláusulas de documento particular extrajudicial pode ser executado de plano no judiciário, sem precisar produzir provas e convencer o juiz de que ouve a relação comercial entre influencer e a empresa.

Tanto o influencer como a empresa passam a ter a certeza que todas as cláusulas devem ser cumpridas, caso alguma das partes não cumpra a sua parte pode haver obrigação em juízo, ou ainda indenização por perdas e danos.

Para tanto, também é importante que o contrato seja redigido com clareza e descrição, também que siga as leis processuais, pois só assim será um título executivo, ou seja, será um documento com poder de ser executado pelo juiz.

Apesar de blogueiro/influencer tratar de uma forma de trabalho que vem sendo moldada com o passar do tempo, a internet já está bastante repleta de profissionais, não tente se destacar tratando o seu trabalho como um amador, além de não dar certo você pode acabar em uma demanda judicial a qual nunca quis entrar.

Imagem: Gabrielle Henderson

Quem quiser me seguir nas redes sociais: @karollyna.adv

Por e-mail: karollyna.advocacia@gmail.com

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13 Comentários

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Ótimo artigo.
Parabéns! continuar lendo

Muito interessante, eu não sabia como funcionava este tipo de divulgação e negócio, agora sim estou esclarecido através desta sua publicação
Obrigado
Hiltamar continuar lendo

Fico feliz que tenha sido esclarecedor! continuar lendo

Ótimo texto. Outro tema correlato são as demandas por parte de consumidores lesados por empresa ou prestador do serviço que ingressam na justiça também contra o influencer. continuar lendo

Eduardo, adorei esta pauta! Até agora eu não atuei em nenhum caso assim mas vou pesquisar a respeito. Obrigada! continuar lendo

Bom artigo e tema pouco trabalhado no dia a dia.

Parabéns! continuar lendo

Muito obrigada! continuar lendo