Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
23 de Maio de 2024
  • 2º Grau
Entre no Jusbrasil para imprimir o conteúdo do Jusbrasil

Acesse: https://www.jusbrasil.com.br/cadastro

Detalhes

Processo

Órgão Julgador

4ª Turma

Publicação

Julgamento

Relator

Desembargador Federal MONICA AUTRAN MACHADO NOBRE
Entre no Jusbrasil para imprimir o conteúdo do Jusbrasil

Acesse: https://www.jusbrasil.com.br/cadastro

Inteiro Teor



PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº XXXXX-03.2002.4.03.6105

RELATOR: Gab. 13 - DES. FED. MONICA NOBRE

APELANTE: ORIENTE REPRESENTACOES DE COMBUSTIVEIS E ASSESSORIA COMERCIAL LTDA

Advogado do (a) APELANTE: VAGNER YOSHIHIRO KITA - SP124201

APELADO: UNIÃO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

OUTROS PARTICIPANTES:


APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº XXXXX-03.2002.4.03.6105

RELATOR: Gab. 13 - DES. FED. MONICA NOBRE

APELANTE: ORIENTE REPRESENTACOES DE COMBUSTIVEIS E ASSESSORIA COMERCIAL LTDA

Advogado do (a) APELANTE: VAGNER YOSHIHIRO KITA - SP124201

APELADO: UNIÃO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

OUTROS PARTICIPANTES:

R E L A T Ó R I O

Trata-se de apelação interposta por ORIENTE REPRESENTAÇÕES DE COMBUSTÍVEIS E ASSESSORIA COMERCIAL LTDA. em face de sentença que julgou improcedente a demanda na qual pretendia a anulação de créditos tributários relativos a COFINS.

Alega, preliminarmente, que houve cerceamento de defesa pelo Juízo de origem, pois o excesso de exação alegado dependia de demonstração por prova pericial contábil. No mérito, defende a ilegalidade das decisões administrativas, visto que imputam fixam a base de cálculo do tributo, pois não se excluiu da tributação as parcelas imputáveis aos consumidores finais, sendo portanto incabíveis a multa e a inscrição do tributo.

A UNIÃO FEDERAL apresentou contrarrazões.

É o relatório.


APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº XXXXX-03.2002.4.03.6105

RELATOR: Gab. 13 - DES. FED. MONICA NOBRE

APELANTE: ORIENTE REPRESENTACOES DE COMBUSTIVEIS E ASSESSORIA COMERCIAL LTDA

Advogado do (a) APELANTE: VAGNER YOSHIHIRO KITA - SP124201

APELADO: UNIÃO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

OUTROS PARTICIPANTES:

V O T O

O recurso não comporta provimento.

Na hipótese, tendo em vista a data de publicação da sentença e da interposição do recurso, aplicável o CPC/73.

Primeiramente, destaco que a hipótese é de rejeição da preliminar de cerceamento de defesa por conta do indeferimento da prova pericial.

Destaco, nesse sentido, que os documentos constantes dos autos são suficientes para apuração das matérias alegadas pelas partes, não sendo de se ignorar que o Juiz é o destinatário da prova e cabe a ele a decisão a respeito das provas relevantes para o julgamento da demanda.

A produção da prova pericial não tem relevância para a apuração de eventual ilegalidade da cobrança mediante substituição tributária. Eventual acolhimento da tese, com a procedência da demanda, implica apenas a necessidade de apuração do excesso de exação e pode se dar em fase de execução.

Pois bem.

No caso, a discussão se refere ao pagamento de COFINS-SUBSTITUTO a menor pelo autor. Nos termos da decisão administrativa, “o contribuinte está justamente sendo autuado na qualidade de substituto tributário dos comerciantes varejistas de combustíveis, derivados de petróleo e de álcool etílico hidratado para fins carburantes, consoante a LC n. 70/91, arts. , e (isto até e inclusive 01/1999, Cofins/Substituição), e, também, conforme a Lei nº 9.718/98, arts. , , , parágrafo único, inciso II, e (isto a partir de, inclusive, 02/1999, Cofins/Álcool-substituição” (fls. 285).

O autor se insurge em face de tal cobrança justamente por entender que o excesso decorre da cobrança da parte que seria imputável apenas aos consumidores, insurgindo-se, em outras palavras, em face da substituição tributária que lhe recaiu.

Contudo, a respeito da matéria, o C. STF já se manifestou sobre a constitucionalidade da chamada substituição tributária para frente, instituto inclusive já previsto na Constituição Federal mesmo antes da EC nº 3/1993. Confira-se:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. IMPRESCINDIBILIDADE DE QUE ESSA HIPÓTESE ESTEJA PREVISTA EM LEI. LEGITIMIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO. NÃO-CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. INOCORRÊNCIA DO FENÔMENO DA SUBSTITUIÇÃO DE JULGADO. PREJUDICIALIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. Não-conhecimento do recurso especial pelo Superior Tribunal de Justiça. Prejudicialidade do recurso extraordinário simultaneamente interposto, tendo em vista o fenômeno processual da substituição de julgado previsto no artigo 512 do Código de Processo Civil. Alegação improcedente. O acórdão somente substituiria a decisão recorrida se o recurso houvesse sido conhecido e provido. 2. É responsável tributário, por substituição, o industrial, o comerciante ou o prestador de serviço, relativamente ao imposto devido pelas anteriores ou subseqüentes saídas de mercadorias ou, ainda, por serviços prestados por qualquer outra categoria de contribuinte. 3. Legitimidade do regime de substituição tributária, dado que a cobrança antecipada do ICMS por meio de estimativa "constitui simples recolhimento cautelar enquanto não há o negócio jurídico de circulação, em que a regra jurídica, quanto ao imposto, incide". Entendimento doutrinário. Recurso extraordinário conhecido e provido.
( RE XXXXX, Relator (a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2003, DJ XXXXX-04-2003 PP-00052 EMENT VOL-02107-03 PP-00456)

No mesmo sentido: ( RE XXXXX, Relator (a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2003, DJ XXXXX-04-2003 PP-00052 EMENT VOL-02107-03 PP-00456).

Nesses termos, se entende perfeitamente possível o instituto figura do fato gerador presumido e da substituição tributária, ora questionada pela apelante.

Assim, não comporta reforma a sentença quando estabeleceu, acertadamente, que na hipótese a tributação por substituição tributária, além de ter amparo na Constituição Federal, obedeceu à legislação vigente.

Nesse sentido, precedentes desta E. 4ª Turma:

AÇÃO ORDINÁRIA. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. REGIME DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA. CONSTITUCIONALIDADE.

1. O regime de substituição tributária progressiva, nos termos da Lei nº 9.718/98, em sua redação original, impunha às refinadoras e distribuidoras a obrigação de recolher, em antecipação, o PIS e a COFINS, devidos respectivamente por distribuidoras e comerciantes varejistas de combustíveis, calculados sobre o preço de venda em cada fase, multiplicado por um fator definido conforme a hipótese de incidência.

2. Com o advento da Lei n. 9.990, de 21.07.00, foi alterado tal regime, com o que deixaram as refinarias e distribuidoras a condição de substitutos tributários e passaram a assumir a condição de contribuintes do PIS e da COFINS, enquanto os antigos substituídos ficaram sujeitos à regra geral do artigo da Lei n. 9.718/98, embora a alíquota aplicável não seja a do artigo , mas a alíquota zero, prevista no artigo 42 da MP n. 2.158,de 24.08.01, vigente por força do artigo da EC nº 32, de 11.09.01.

3. Todavia, enquanto vigorava, era válido o regime previsto nos arts. a da Lei n. 9.718/98. Isso porque, a chamada substituição tributária para frente, técnica de facilitação da arrecadação tributária, foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal ( RE 194.382 e 213.396) e se trata, inclusive, de instituto que já se encontrava previsto no sistema jurídico-tributário anteriormente à EC n. 03/93.

4. O Pretório Excelso já se pronunciou acerca da constitucionalidade do regime de substituição tributária, acrescentando que a ressalva contida no artigo 150, § 7º da Carta Magna somente assegura a devolução da quantia paga quando o fato gerador presumido não se realize.

5. Apelação desprovida.

(TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1251887 - XXXXX-66.2003.4.03.6100, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO SARAIVA, julgado em 06/09/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/09/2017 )

Ante o exposto, nego provimento ao recurso, consoante fundamentação.



E M E N T A

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL. INOCORRÊNCIA. COFINS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. LEGALIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO.

- A hipótese é de rejeição da preliminar de cerceamento de defesa por conta do indeferimento da prova pericial. Nesse sentido, os documentos constantes dos autos são suficientes para apuração das matérias alegadas pelas partes, não sendo de se ignorar que o Juiz é o destinatário da prova e cabe a ele a decisão a respeito das provas relevantes para o julgamento da demanda. A produção da prova pericial não tem relevância para a apuração de eventual ilegalidade da cobrança mediante substituição tributária. Eventual acolhimento da tese, com a procedência da demanda, implica apenas a necessidade de apuração do excesso de exação e pode se dar em fase de execução.

- No caso, a discussão se refere ao pagamento de COFINS-SUBSTITUTO a menor pelo autor. Nos termos da decisão administrativa, “o contribuinte está justamente sendo autuado na qualidade de substituto tributário dos comerciantes varejistas de combustíveis, derivados de petróleo e de álcool etílico hidratado para fins carburantes, consoante a LC n. 70/91, arts. , e (isto até e inclusive 01/1999, Cofins/Substituição), e, também, conforme a Lei nº 9.718/98, arts. , , , parágrafo único, inciso II, e (isto a partir de, inclusive, 02/1999, Cofins/Álcool-substituição” (fls. 285).

- O autor se insurge em face de tal cobrança justamente por entender que o excesso decorre da cobrança da parte que seria imputável apenas aos consumidores, insurgindo-se, em outras palavras, em face da substituição tributária que lhe recaiu.

- Contudo, a respeito da matéria, o C. STF já se manifestou sobre a constitucionalidade da chamada substituição tributária para frente, instituto inclusive já previsto na Constituição Federal mesmo antes da EC nº 3/1993: ( RE XXXXX, Relator (a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2003, DJ XXXXX-04-2003 PP-00052 EMENT VOL-02107-03 PP-00456) e ( RE XXXXX, Relator (a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2003, DJ XXXXX-04-2003 PP-00052 EMENT VOL-02107-03 PP-00456).

- Não comporta reforma a sentença quando estabeleceu, acertadamente, que na hipótese a tributação por substituição tributária, além de ter amparo na Constituição Federal, obedeceu à legislação vigente. Precedentes: (TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1251887 - XXXXX-66.2003.4.03.6100, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL MARCELO SARAIVA, julgado em 06/09/2017, e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/09/2017).

- Apelo não provido.


ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Quarta Turma, à unanimidade, decidiu negar provimento à apelação, nos termos do voto da Des. Fed. MÔNICA NOBRE (Relatora), com quem votaram os Des. Fed. MARCELO SARAIVA e ANDRÉ NABARRETE, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/trf-3/877444322/inteiro-teor-877444328

Informações relacionadas

Superior Tribunal de Justiça
Jurisprudênciahá 22 anos

Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp XXXXX SP XXXX/XXXXX-0

Tribunal Regional Federal da 3ª Região
Jurisprudênciahá 7 anos

Tribunal Regional Federal da 3ª Região TRF-3 - APELAÇÃO CÍVEL: AC XXXXX-66.2003.4.03.6100 SP