Decisões não são mais proferidas por juízes, e sim por assessores, diz Mariz
Atualmente, as decisões judiciais não são mais proferidas por ministros e desembargadores, e sim por seus assessores. E isso estimula a insegurança jurídica no país. É o que disse o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira na primeira reunião da Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito da seccional do Rio de Janeiro da OAB, ocorrida na segunda-feira (29/4).
Para o advogado, a maior preocupação do Judiciário hoje é com o protagonismo. “Eu aprendi que os juízes falavam nos autos. Hoje os juízes falam para as câmeras”, afirmou Mariz de Oliveira. A seu ver, o televisionamento das sessões do Supremo Tribunal Federal estimulou esse fenômeno. E mais: gerou uma disputa “absolutamente inadmissível” entre os ministros e levou à quebra do colegiado.
“Não se fala mais que a decisão foi do STF, como é da Supremo Corte nos EUA ou do Tribunal de Apelação da França. Não é uma decisão do STF, é uma decisão do ministro A, do ministro B, do ministro C. E não se julga mais colegiadamente. Temos falado com os ministros, e eles concordam. Mas na hora H dão a decisão monocrática”, relatou Mariz de Oliveira.
O problema é que essas decisões não são mais proferidas por ministros e desembargadores, mas por seus assessores, destacou o criminalista. Isso ocorre, no mínimo, no STF, no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal de Justiça de São Paulo, segundo o advogado.
Por causa disso, Mariz de Oliveira contou que, nos casos em que atua, entrega dois memoriais: um dirigido ao magistrado e um a seu assessor. Em sua opinião, é mais importante conversar com o assessor do que com o ministro ou desembargador, já que é aquele servidor quem realmente irá julgar o processo.
Porém, essa delegação de funções acaba gerando insegurança jurídica, ressaltou o advogado. Isso porque o ministro ou desembargador afirma algo, e a decisão – do assessor - é proferida com outro sentido.
(Fonte: Conjur)
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13 Comentários
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Não venho aqui criticar a qualidade do trabalhos dos assessores, longe disso. Eles são essenciais para o funcionamento do labor jurisdicional. Também não podemos generalizar, mas de fato isso ocorre na maioria dos gabinetes dos magistrados brasileiros. Ademais, quando da pluralidade de assessores, a mesma demanda judicial poderá ser despachada ou decidida por assessores distintos, ofendendo o princípio da identidade física do juiz e viciando o princípio da livre convicção, podendo causar nulidade à sentença. continuar lendo
Se for sentenciado pelo assessor ainda esta no lucro, tem vez que até o menino do Camp prolata a sentença. kkkk continuar lendo
Alguém tinha que ter a coragem de dizer isso em algum momento.
O sistema contencioso no país estimula o litígio e faz com que vivamos numa enxurrada de processos, muito deles já pacificados em tribunais superiores, discutindo o nada. Há pouca inovação e boa parte dos membros do judiciário ficam no ctrl+c/ctrl+v e não conseguem distinguir quando há um caso realmente diferente.
O próprio CNJ e essas metas estimula isso. Se o judiciário fosse inteligente e eficiente passaria a adotar filtros para começar a enquadrar alguns casos em precedentes e julgar de forma mais célere. Mas, n'outra ponta temos a própria advocacia que sob a pencha da ampla defesa, trava esse procedimento. Ou seja, esse gargalo é mais complexo do que parece.
Em todo caso, a pontuação de Mariz é verdadeira e pertinente. continuar lendo
Sempre assim. continuar lendo